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Read Ebook: As Minas de Salomão by Haggard H Rider Henry Rider Queir S E A De Translator

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Ebook has 1167 lines and 58528 words, and 24 pages

Translator: E?a Queir?s

AS MINAS DE SALOM?O

Porto--Typ. de A. J. da Silva Teixeira

Rua da Cancella Velha, 70

RIDER HAGGARD

AS MINAS DE SALOM?O

Traduc??o revista

POR

E?A DE QUEIROZ

PORTO LIVRARIA INTERNACIONAL DE ERNESTO CHARDRON Casa editora LUGAN & GENELIOUX, Successores 1891

Todos os direitos reservados

INTRODUC??O

Agora que este livro est? impresso, e em vesperas de correr o mundo largo, come?a a pesar fortemente sobre mim a desconfian?a de que, para elle ser aceitavel, muito lhe falta como Estylo e como Historia.

All?o Quartelmar.

AS MINAS DE SALOM?O

CAPITULO I

ENCONTRO COM OS MEUS CAMARADAS

? bem estranho que n'esta minha idade, aos cincoenta e seis annos feitos, esteja eu aqui, de penna na m?o, preparando-me a redigir uma historia!

O sujeito que vinha com elle pertencia a um typo absolutamente differente, baixo, refor?ado, trigueiro, e todo rapado. Calculei logo pelas suas maneiras que tinhamos alli um official de marinha; e verifiquei depois, com effeito, que era um primeiro tenente da Armada Real, reformado em capit?o-tenente, e por nome John Good. Esse impressionou-me pelo apuro. Nunca conheci ninguem mais escarolado, mais escanhoado, mais engommado, mais envernizado! Usava no olho direito um vidro, sem aro, sem cordel, e t?o fixo que parecia natural como a palpebra. Nem um s? momento o surprehendi sem aquelle vidro, e cheguei mesmo a pensar que dormia com elle cravado na orbita. S? muito tarde descobri que ? noite o mettia no bolso das cal?as--no mesmo bolso em que guardava a dentadura posti?a, a mais bella, a mais perfeita dentadura que me recordo de ter contemplado, mesmo em annuncios de dentistas. E o capit?o, d'estas, possuia duas!

--Pendulo errado, rosnou de repente uma voz ao meu lado, na sombra da noite que cahia.

Olhei. Era o official de marinha.

--Errado, hein?... Acha? perguntei.

--Acho o que?... Se o vapor se inclinasse quanto marca o pendulo, n?o se tornava mais a levantar... Aqui est? o que eu acho. Mas ? sempre assim, com estes capit?es de marinha mercante...

Felizmente, n'esse instante, tocou a sineta ao jantar, com immenso allivio meu--porque se ha, sob a cupula dos c?os, uma coisa temerosa, ? a loquacidade d'um official da marinha de guerra, desabafando sobre a inepcia dos officiaes da marinha mercante. Peor do que essa coisa temerosa--s? a coisa inversa!

--Ah! commandante , para elephantes temos presente uma grande auctoridade... Se ha homem em Africa que entenda de elephantes ? aqui o nosso companheiro e amigo All?o Quartelmar.

Por acaso, n'esse momento, eu pous?ra os olhos no bar?o Curtis; e notei que o meu nome, assim pregoado com a minha profiss?o, lhe caus?ra emo??o e surpreza. John cravou tambem em mim o seu vidro, com uma curiosidade que faiscava. Por fim o bar?o inclinou-se, atrav?s da mesa, e n'uma voz grave e funda, bem propria do robusto peito d'onde sahia:

--Pe?o perd?o, disse, mas ? porventura ao snr. All?o Quartelmar que me estou agora dirigindo?

--A elle proprio.

O homemzarr?o passou a m?o pelas barbas,--e distinctamente, muito distinctamente, o ouvi murmurar: <>

N?o se passou mais nada at? ao d?ce. Mas fiquei ruminando aquelle espanto e aquelle <>

Houve primeiramente um silencio. Outro creado entrou, a accender o candieiro. Por fim appareceram os grogs.

O bar?o Curtis ent?o passou a m?o pelas barbas, n'esse geito que lhe era costumado, e voltando-se bruscamente:

--Diga-me uma coisa, snr. Quartelmar... Aqui ha dois annos, por este tempo, esteve n'um sitio chamado Bamanguato, ao norte do Transwaal. N?o ? verdade?

--Perfeitamente, respondi eu, pasmado de que aquelle cavalheiro se achasse, no seu condado, em Inglaterra, t?o bem informado das jornadas que eu fazia no sul d'Africa!

--A negocio, hein? acudiu o capit?o John.

--Sim, senhor, a negocio. Levei uma carrega??o de fazendas, acampei f?ra da feitoria, e l? fiquei at? liquidar.

O bar?o conservou durante um momento pregados em mim os seus olhos cinzentos e largos. Pareceu-me que havia n'elles anciedade e temor.

--E diga-me, encontrou ahi, em Bamanguato, um homem chamado Neville?

--Encontrei. Esteve acampado ao meu lado durante uns quinze dias, a descan?ar o gado antes de metter para o norte. Aqui ha mezes recebi eu uma carta d'um procurador, perguntando-me se sabia o que era feito d'esse sujeito... Respondi como pude...

--Bem sei! atalhou o bar?o. Li a sua resposta. Dizia o snr. Quartelmar que esse sujeito Neville partira de Bamanguato, no principio de maio, n'um carr?o, com um servi?al e um ca?ador cafre chamado Jim, tencionando puxar at? Inyati, ultima esta??o na terra dos Matabeles, para de l? seguir a p?, depois de vender o carr?o. O snr. Quartelmar accrescentava que o carr?o decerto o vendera elle, porque seis mezes depois vira-o em poder d'um portuguez. Esse portuguez n?o se lembrava bem do nome do homem a quem o compr?ra. Sabia s? que era um branco, e que se mettera para o matto com um Cafre...

--? verdade, murmurei eu.

Houve outro silencio, que eu enchi com um sorvo ao grog. Por fim o bar?o proseguiu, com os olhos sempre cravados em mim, insistentes e anciosos:

--O snr. Quartelmar n?o sabe quaes fossem as raz?es que levavam assim esse sujeito Neville para o norte?... N?o sabe qual era o fim da jornada?

--Ouvi alguma coisa a esse respeito, murmurei.

E calei-me prudentemente, porque nos iamos avisinhando d'um ponto em que, por motivos antigos e graves, eu n?o desejava bolir.

--Snr. Quartelmar, vou-lhe fazer uma confidencia! Vou-lhe mesmo pedir o seu conselho, e talvez o seu auxilio... O agente que me remetteu a sua carta afian?ou-me que eu podia confiar absolutamente no snr. Quartelmar, que ? um homem de bem, discreto como poucos, e respeitado como nenhum em toda a colonia do Natal.

Dei um sorvo tremendo ao cognac, para esconder o meu embara?o--porque sou extremamente modesto.

--Snr. Quartelmar, concluiu o bar?o, esse sujeito chamado Neville era meu irm?o.

--Ah! exclamei.

Com effeito! Agora, agora recordava eu bem com quem o bar?o se parecia! Era com esse Neville. S?mente o outro tinha menos corpo, e a barba escura. Mas nos olhos havia a mesma franqueza, e havia a mesma decis?o.

--Era meu irm?o, continuou o bar?o. Meu irm?o mais novo, e unico. At? aqui ha cinco annos, vivemos sempre juntos. Depois um dia, desgra?adamente, tivemos uma quest?o, uma terrivel quest?o. E, para lhe dizer a verdade toda, snr. Quartelmar, eu comportei-me para com meu irm?o da maneira mais injusta! Foi sob o impulso do despeito, da c?lera, ? certo... Mas em summa comportei-me injustamente.

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