Read Ebook: Salve Rei! Poesia de Camillo Castello Branco by Castelo Branco Camilo Vasconcellos Fraz O De Unknown Role
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Ebook has 32 lines and 4306 words, and 1 pages
Editor: Fraz?o de Vasconcelos
+SALVE, REI!+
POESIA DE
LISBOA Typographia A. J. Ferros & Ferros F.^os Rua dos Retrozeiros, 41 e 43
SALVE, REI!
Publica??es de Fraz?o de Vasconcellos
EM PUBLICA??O:
EM PREPARA??O:
ELUCIDA??O
Novembro de 1915.
Fraz?o de Vasconcellos
N?tula da nossa 1.^a edi??o
Fraz?o de Vasconcellos
SALVE, REI!
Cantor d'outr'ora, quando vi sem flores Os magicos jardins da phantasia, Minha lyra depuz. N?o mais pedi inspira??es terrenas. Curvei-me ante o altar, sagrei meu estro Aos canticos da cruz.
E, sem magoa, quebrei pris?es da terra, Mas uma, se ent?o quiz tambem quebral-a, N?o pude... em v?o tentei... Eram saudades a viver d'esp'ran?as, Saudades, que nem Deus manda esquecel-as, Saudades do meu Rei!
Ficava-me no mundo um nome grande, Um symbolo d'amor, de luz radiante, Sob um manto real... Imagem do que vi na minha infancia, Sentado no docel, heran?a augusta Dos Reis de Portugal
Christ?o, pedi com f?--senti que a tinha Prostrado ante o altar, quando eu pedi Recursos ao meu Deus... Recursos, n?o pr'a mim que nasci servo, Recursos para V?s, Rei desterrado Sob inhospitos c?us!--
Pulsou-me o cora??o, senti no labio, Em vez da ora??o, soltar-se o hymno D'um peito portuguez! ?s lagrimas succede essa alegria Dos extasis que ? mente imprimem v?os D'energica altivez!
Rei! no dia em que descestes Do Vosso throno real Apagou-se a luz da gloria, Cerrou-se o livro da historia Do Reino de Portugal. Surge o anjo do exterminio Sobre as trevas infernaes! Traz de fogo a fera espada, E com m?o ensanguentada Rasgas as purpuras reaes.
Sobre o solio dos Affonsos Ferreo sceptro esmaga a lei: Ruge alli o despotismo Se n?o verga ao servilismo Quem lhe diz <
Vaga o anjo do exterminio Como inspira??o do algoz! Cora??es com Vossa imagem, Oh meu Rei! s?o a carnagem Do punhal que fere atroz! Foram dias de martyrio, De terror e maldi??o! Mas o martyr, expirando, Esquecia-Vos s? quando Lhe morria o cora??o!
Vaga o anjo do exterminio Do mosteiro sobre a cruz, E ro?ando a negra aza Pela cruz o templo arraza E do altar extingue a luz. Cospe injurias e sarcasmo Sobre a face do anci?o, Porque orava, ? r?o, e expulso Foge ? morte, e cede ao impulso De penuria, e pede p?o.
Pede o p?o que amassa em pranto De saudades que cr? vem D'uma cella que compr?ra Quando o mundo c? deix?ra Com as pompas que elle tem! Pede o p?o que lhe usurparam Com tamanho desamor... Fraco, ao v?r que chega a morte, Morre... e ent?o mostra que ? forte Perdoando ao matador!
L?, no campo da carnagem, Mutilado um corpo jaz... Ficaram-lhe alli seus ossos... Pois que foi um d'entre os Vossos Real Senhor! n?o ter? paz. Nem a paz dos que morreram Sem a nodoa da trai??o Nem a paz da sepultura Ao fiel que honrado jura Morrer sob o seu pend?o
L? se abra?a ao corpo exangue No abandono da viuvez A que alli vive arrastada Mendigando, envergonhada, Improperios... talvez! Pobre, e s?, m?e de tres filhos Quando a fome a constrangeu, Inda assim, um pensamento, Uma esperan?a, um grato alento Foi por V?s que o concebeu...
Vaga o anjo do exterminio Enverga o manto real; D'um diadema a fronte cinge, Mas o sangue que lh'o tinge Brada vingan?a fatal! N'essa fronte ensanguentada Escreveu a m?o de Deus!... Mas tambem homens puzeram Inscrip??es onde se leram Infamias como tropheus!
Oh Rei de Portugal! Quando a amargura D'este povo infeliz, ? sem conforto, Valemo-nos do c?u! Pedimos-lhe por V?s, anjo proscripto, Pedimos-lhe vigor ? doce espr'an?a Que em v?s o c?u nos deu!
Vireis, Senhor vireis, que Deus ? justo! Vireis enxugar lagrimas amargas Que se choram por V?s! Sereis de todos Pae, n?o vingativo, E n?s todos irm?os, e V?s de todos... O Rei de todos n?s!
Fatidica aureola circumda Nas plagas do desterro dolorosas Vossa fronte real. Sentado sobre as rochas da montanha L? mesmo na solid?o d'amargo exilio Sois Rei de Portugal!
Deu-vos um anjo a Providencia augusta Em galard?o ? d?r que amargurastes Com Santa intrepidez. Um dia curvaremos o joelho Perante Essa que o ceu fadou Rainha Do povo portuguez.
Camillo Castello Branco
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