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Read Ebook: O Marquez de Pombal á luz da Philosophia by Vidal Angelina

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Ebook has 82 lines and 9372 words, and 2 pages

Comtudo avan?a o Bem! Luthero, Huss e Calvino Feriram mortalmente O abuso, a tyrannia e o repugnante agente Das penas infernaes, Geradas no rancor das hyenas clericaes.

A lucta assim travada ? turbulenta e audaz! De um lado impera altivo o monstro Satanaz. E do outro a aspira??o das comprovadas cousas. A aurora veste lucto, a terra veste lousas, E o sangue corre a flux no precipicio escuro...

Mas elle fecundou os germens do Futuro! .......................................

Keppler, Newton, Brah?, tinham desfeito o mytho Da crea??o divina; os livros do infinito J? tinham revelado, em phrases de planetas Da grande lei sid?rea as deslumbrantes metas.

Descartes ampli?ra as lucidas conquistas E profund?ra o abysmo ?s v?s fic??es deistas; E como o jesuitismo erguesse um throno ao mal, Surgiu-lhe o valoroso e hostil Blaise Pascal, Com satyra cortante e lucido criterio, Tra?ando-lhe no Tempo o eterno cemiterio.

Desfibrava-se a pouco a lenda theologica, E punha-se a atten??o na historia geologica, Gognel, Jussieu, Buffon, tinham rasgado a entranha No valle, e na montanha, ? esphera onde se agita o Genio e o desatino. Seguiram-lhe o trajecto um Pallas e Arduino, E todos, sem sentir, Fizeram o passado esmorecer, ruir.

A antiga historia china oppunha-se ? utopia Da lenda de Moys?s; a sciencia cada dia Os cerebros levava ? nova experiencia, Que em breve provaria ? forte intelligencia A historia da Materia No mar, na vida, e morte, e sons, e luz etherea. ................................................ Brotava na Consciencia a aspira??o politica; Deixara a Inglaterra a f?rmula mephitica, E em todos os sentidos Se pressentiam j? os turbidos ruidos. Voltaire e Diderot entravam no futuro. Desmoronando o muro Que ainda protegia a treva e o fanatismo. Ficou pois fulminada a cren?a e o mysticismo! Nenhum abrigo havia aos golpes do alvi?o Vibrados pela firme e rija Evolu??o. Os reis, mesmo a sorrir abriam o jazigo, Onde ia sepultar-se o clero, o seu amigo, Sem verem que aluida a base do edificio Que tem por cima o odio, e em baixo o precipicio, Desaba fatalmente em multiplas bastilhas.

Tinham sulcado o oceano as portuguezas quilhas, E o genio dos heroes deixara esteiras certas ? bella explora??o das ricas descobertas. No clima luxuriante, e terras do Equador Eram a fl?ra e fauna os ninhos do esplendor, E o Homem que estudava, o Homem j? sabia Que Deus era ignorante, e muito, em Geographia. .............................................. N'este mar revoltoso ? que se eleva o homem Que uns coroam de luz, outros na campa somem!

O marquez de Pombal, producto do seu meio, Trazia na Consciencia o salutar anceio Das santas cousas bellas. Mas um facto mental, o facto do attavismo, Acorrentava-o sempre ao velho despotismo Dos thronos e das cellas.

A corrente soprada al?m, da heroica Fran?a, Fazia-lhe pulsar a magestosa esp'ran?a Das crea??es mais caras; Por?m n'esse combate imigo do Direito, Cedia tristemente ? voz do Preconceito, E ?s pervers?es ignaras.

Demonstra-o fartamente o proceder confuso Com que arrojava ao Povo um turbilh?o diffuso De mortes e afflic??o, Curando juntamente, e com visivel gloria, De lhe aplainar a rude e fria trajectoria, Por meio da instruc??o.

Affirma-o sem rodeio o manifesto empenho Com que guerreou Bocage, o sublimado engenho Do seculo passado, Por seus bellos ideaes, modernos e atheistas, Expostos com vigor, e com profundas vistas De um espirito avan?ado.

Comprova-o a friesa usada com Fylinto Que longe do seu ninho, o doce riso extincto, Chorava, em lyra de ouro, As ruinas da ventura, o azul do patrio lar, As aguas do Mondego, e as vibra??es do luar Entre os jasmins e o louro.

A ethop?a social dos seculos transactos, Reflecte-se e vigora em seus funestos actos. Fluctua sem cessar seu espirito viril, Que ora se eleva ao bello, ora se entrega ao vil. Mas n'elle transparece uma tendencia rude Que punge a leal Virtude!

A statica mental aperta-a pelos pulsos; E a dynamica ent?o imprime-lhe os impulsos Da progressiva lida; E assim n'este vaiv?m lhe corre toda a vida.

Por?m quando abordou ? estancia derradeira Deixava atraz de si a sanguinosa esteira, Onde o espectro do pobre, e justo, e velho, e crean?a Reclamam com vigor criterio e seguran?a Ao tribunal da Historia, onde ser?o julgados Os sabios, os heroes, os reis e os scelerados. .............................................. Tenho attacado o clero, aspiro ? excelsa luz, Detesto o ignobil lenho, e sinto por Jesus O affecto que daria a irm?o, se irm?o tivera, Venero o positivo, e nunca a van chimera.

Meus filhos, castos soes, o meu thesouro immenso, Por quem me sinto grande, a quem adoro e incenso, As heras infantis que enleio na Consciencia, A for?a que me impelle ? lucta da inclemencia Que aqui, n'este paiz de cousas pequeninas Odeia a quem cultiva as rosas christalinas No cora??o do Bem, Progresso e Liberdade, Seguem a religi?o do Justo e da Verdade, ? a sua cren?a ideal, Resume-se no amor do seu sentir filial.

Mas tendo a mente forte e despresando os idolos, E combatendo firme os monumentos frivolos, Politico-sociaes, Revoltam-me a Consciencia os actos t?o brutaes Da vida do marquez, E vejo com tristesa o nome portuguez Coberto pelo horror, Quando podia ser um foco de explendor.

A queda do jesuita ? justa, ? rasoavel; Expulsa essa barreira imiga insuperavel, Podia a sociedade erguer-se da ignorancia, Dormir em paz a M?e, sorrir a loura infancia Ao Pensamento novo, a santa aspira??o!

? digno de louvor quebrar ? inquisi??o Os bra?os da vingan?a a ira da torpesa.

Mas cobrem-se de lucto as leis da Naturesa, Mas ouve-se um protesto, a palpitar fremente, Ao ver, cheio de affronta, um martyr impotente, Rojado pelo ch?o, manchado pela lama! E pelas na??es clama A Ideia humanitaria, amena, e justiceira, Vendo arrojar um ente ? estupida fogueira!

E embora fosse um padre, embora um jesuita, Embora fosse irm?o da ra?a atroz, precita, A minha voz sentida Protesta contra a morte imposta a Malagrida! Protesto! E emquanto houver Um cora??o de luz em peito de mulher, Meu brado ha de correr nos angulos do mundo, E em todo o mar fecundo!

Que se ha de ent?o fazer aos grandes luctadores, Que lan?am sobre a Historia as olorosas flores, E regam com seu sangue os fructos do porvir? Que fontes de esplendor iremos n?s abrir Ao vidente Danton, a Lincoln, a Blanqui, O martyr que sorri Por entre a cerra??o da noute do tormento? Que havemos de offertar aos soes do Pensamento?

Nunca apoiei Thiers, nem o chacal da Russia! Detesto a immanidade, e a vingativa astucia... O sangue da Communa, as lagrimas de Jessa, Formaram no silencio a fulgida cabe?a Da indomavel revolta!

O monstro que commanda, em meio de uma escolta As manobras crueis que geram a orphandade, ? mais feroz que um tigre, e avilta a Humanidade, E deve ter na mente A infamia de Javheh, e os odios da serpente.

Como hei de eu incensar a monarchista treva? Como hei de ent?o louvar um ser de fronte seva? Pombal beijou a patria, e espeda?ou-lhe o seio; Fez guerra ao Preconceito, e prostergou o anceio Dos crentes do porvir! Levou seu nome ? Gloria, e fel-o ap?s cahir.

No sangue inda escorrega Quem segue a lusa historia. A s? Justi?a nega Um preito, a quem desdenha a humanitaria via, E lan?a a Liberdade ?s palhas da enxovia.

Fique acima de tudo o limpido criterio; Formar uma cidade onde era um cemiterio Seria exp?r a vida aos morbidos prejuizos. Vasar em molde infiel historicos juizos Ser? viciar tambem o pensamento ao Povo.

Justi?a! Ha de o vindouro escalpellar de novo A nossa actividade; e ent?o... tremendo encargo! Ou ha de ter no peito um sentimento amargo Ou ha de achar mesquinha a obra dos av?s!

Salvemos o Futuro, e que elle creia em n?s!

FIM

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