bell notificationshomepageloginedit profileclubsdmBox

Read Ebook: Judas: Romance lirico em quatro jornadas by Lacerda Augusto De

More about this book

Font size:

Background color:

Text color:

Add to tbrJar First Page Next Page

Ebook has 1447 lines and 40239 words, and 29 pages

JUDAS

DO MESMO AUCTOR

Theatro:

Em livro--Edi??es esgotadas:

A entrar no pr?lo:

Em prepara??o:

Augusto de Lacerda

JUDAS

ROMANCE LIRICO

LISBOA

Antiga Casa Bertrand--JOS? BASTOS

Todos os direitos d'este livro s?o propriedade exclusiva e reservada do seu auctor.

Ao Dr. Manoel Maria Bordallo Pinheiro

Ernest Renan--Vie de J?sus

PRIMEIRA JORNADA

EM 8 DE NISAN

PRIMEIRA JORNADA

EM 8 DE NISAN

Em frente da porta, ladeada de duas janellas a deseguaes alturas, um pequeno largo coberto pela enorme abobada de verdura de grossas arvores seculares, coevas talvez dos ultimos grandes profetas.

A agua de uma fonte visinha, jorrando natural da fenda de um rochedo, cae sobre uma pia ampla, de architectura romana, espalhando no ambiente notas cristallinas, e fazendo-nos pensar na Samaritana da lenda...

Um tronco de arvore carcomido pelo tempo e tombado no solo convida ao descanso e ? medita??o.

Uma longa estrada, aberta pelo rodar dos carri?es, vae desde ali serpeando por entre o matto, ora subindo, ora descendo, em curvas graciosas, at? que chega aos terrenos cultivados onde o trigo verdeja e as papoulas entreoccultam as suas manchas rubras. Ergue-se ent?o o Monte das Oliveiras, de um verde acinzentado; da sua macissa ramagem surgem, majestosos, dois altissimos cedros antigos como Babylonia, e em volta dos quaes esvoa?a um bando de pombas brancas.

Aquelle monte, ? esquerda, rude, penhascoso, de c?r turva, ? o Monte do Escandalo; e chama-se Cedron o riosinho que apparece na linha inferior da encosta, e que, muito calmo e prateado, vae sumir-se alem no Valle de Josaphat, onde dormem em seus sepulcros cai?dos as ossadas dos profetas e patriarchas.

L? ao longe, no fundo do quadro e sobre terreno irregular, alonga-se a cidade de Jerusalem com as suas casarias de configura??o muito geometrica, amontoadas como um forte punhado de dados. Mal se distinguem as ruas estreitas, com apparencia suja nas velhas cantarias.

Para alem da cidade, a perder de vista, alonga-se o campo inculto, onde o carrasco e a urze predominam, e onde raras palmeiras deixam pender suas folhas esfarrapadas. Pequenos logarejos clareiam aqui e ali; muito nos longes, divisa-se a collina de Mizpa e a cordilheira de Gaba?o entestando no firmamento azul e alegre.

Vae declinando o sol d'uma formosa tarde do come?o da primavera, que entorna rega?os de seiva, de canticos e de cores por sobre todo o harmonioso quadro. A brisa, ainda morna, traz-nos o aroma dos trigaes, de mistura com o resinoso do matto, que morenisa a pelle e p?e nos labios um sabor acre. Os rebanhos tilintam vagamente; v?o cantando na estrada as cotovias.

GAMALIEL, que chegou da cidade, arrimado ao seu bord?o, as barbas brancas doiradas pelo sol, dirige-se ? casa de Sim?o, e, clamando:

Eleazar, meu caro, honrado ebionita, Recebe de um amigo a cordeal visita.

ELEAZAR assomou logo a uma das janellas. ? um rapaz de vinte e tantos annos, franzino e melanc?lico.

?s tu, Gamaliel? Que id?a bemfaseja Teus passos dirigiu assim, para que eu veja ? porta do modesto e humilde lavrador Aquelle que possue o nome de doutor Notavel e profundo?

GAMALIEL

? pobre a moradia, Amigo?--N?o encerra a vil hypocrisia, Ornamento dos maus e da nefanda casta, Que faz do sacerdocio uma arma. Isto me basta.

ELEAZAR

? que a virtude leva ?s almas refrigerio Tal, como ? fl?r o pranto envolto no misterio; Pranto suave, meigo e virginal e ardente, Que uma estrella chorou silenciosamente...

GAMALIEL

? que a bondade espalha a sua luz divina E pura, como o Sol que a todos illumina...

E baixinho, encostando-se ao peitoril da janella onde Eleazar se conservou:

O que tenho a dizer-te ? coisa de segredo. Escuta-me portanto aqui.

ELEAZAR

Porqu?? Tens medo De que minhas irm?s...?

GAMALIEL

O assumpto ? muito grave, E receio que a d?r ainda mais se crave Nas almas feminis do que na tua.

Bem o comprehendeu Eleazar. Eil-o que se retira da janella, e sa?ndo de casa, accode logo ao secreto chamamento.

Amigo, Uma nova cruel:--o Mestre...

ELEAZAR, estremecendo

Algum perigo ? imminente?

GAMALIEL

Aquella estupida gentalha Ridicula, mesquinha, hipocrita e canalha Prepara com misterio o plano vingador, E est? na posi??o terrivel do cond?r, Pairando ao ver a presa incauta. A esta hora, Em casa de Kaiapha...--? sabbado hoje? Embora! --... O Conselho procura, extravasando o fel, Garantir-se o poder no povo d'Israel.

ELEAZAR

Prendendo o Mestre?

Add to tbrJar First Page Next Page

 

Back to top