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Read Ebook: Despedidas: 1895-1899 by Nobre Ant Nio Pereira

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Ebook has 519 lines and 27250 words, and 11 pages

ANTONIO NOBRE

Despedidas

Prefacio de Jos? Pereira de Sampaio

DESPEDIDAS

DO MESMO AUCTOR:

S? , Paris, 1898.

NO PR?LO:

Prefacio de Justino de Montalv?o

D'este livro, publicado por Augusto Nobre, tiraram-se dois mil exemplares

Direitos reservados

ANTONIO NOBRE

Despedidas

Prefacio de Jos? Pereira de Sampaio

Assim meditava e quasi me resolvia por uma polida escusa, que me magoaria aliaz; por?m mais se radicou em meu animo o motivo antagonico que me convidara a ceder ? captivante seduc??o do pedido, feito pelo irm?o e pelo companheiro.

Lembrava-me e lembrei-me de que f?ra eu quem, sem sequer de vista o conhecer, apontou ao publico culto o original, promettedor talento d'aquelle mo?o ignorado ent?o.

Veio, na verdade, a ser muito: tam fino, candidamente malicioso, d?ce, ingenuo era seu temperamento; tam sincera sua tristeza; tam moderno seu gosto; tam nacionalista seu sentir, na patria e na familia; tam suggestiva sua imagina??o, ardorosa e melancholica!

S? no Porto novamente me reencontrei, conversando, com Antonio Nobre; de volta do exilio eu, de regresso da illus?o de estancias salvadoras elle. Ambos viajaramos; ambos conheceramos a glacial indifferen?a do homem; o poeta e o politico encontravamo-nos na identidade d'uma amarga desesperan?a tranquilla. Separamo-nos depois de uma hora, melhorados para um instante.

N?o o tornei a v?r; sabia qua ia cada vez mais a peor, n'este rude Porto, fatal, physica e moralmente, ?s naturezas susceptivelmente quintessenciadas como a d'elle. Subito entrou em minha casa Justino de Montalv?o, para que eu estivesse ? noite na egreja, a ajudar a conduzir o nosso amigo, no seu caix?o, para a sua tarima. Eis o desfecho de tudo.

Nunca me affligiu a minha aridez verbal como agora, em que me daria um orgulho ineffavel o poder fallar do talento d'este querido morto com palavras encantadas, que embebessem a leitura n'uma idealidade sonhada.

D'estas linhas que acima ficam se deprehende que j?mais lograram os versos que sahem agora a lume o ser corrigidos por seu auctor. Se imperfei??es aqui ou alli acaso os maculem, acate-se o legitimo escrupulo que n?o se atreveu a sujeitar o texto a alheia revis?o minuciosa. Elle foi recebido como uma heran?a de cora??o; com inquieto sobresalto, julgou-se sacrilego que ella n?o fosse assaz respeitada.

Todavia, esta advertencia era indispensavel, para obviar a quaesquer reparos que o livro actual podesse offerecer a uma leitura ou hostil ou sequer fria. N?o ? a essa especie de critica, a qual n?o comprehende porque n?o sente, que o editor confia a obra posthuma do poeta a quem amou e cuja inolvidanda memoria o penetra d'uma inexhaurivel saudade. A verdadeira critica, a critica san, fal-a-ha o leitor melhormente dotado, com apurar que o livro actual, fragmentario consoante ?, confirma a gloria de Antonio Nobre, cuja figura litteraria destacar? como uma das mais accentuadas d'entre as mais accentuadas da nova gera??o portugueza.

Jos? Pereira de Sampaio .

SONETOS

Logica

Ai d'aquelles que, um dia, depozeram Firmes cren?as n'um bem que lhes voou! Ai dos que n'este mundo ainda esperam! Ter?o a sorte de quem j? esperou...

Ai dos pobrinhos, dos que j? tiveram Oiro e papeis que o vento lhes levou! Ai dos que tem, que ainda n?o perderam, Que amanh?, ser?o pobres como eu sou.

Ai dos que, hoje, amam e n?o s?o amados, Que, algum dia, o ser?o, mas sem poder! Ai dos que soffrem! ai dos desgra?ados

Que, breve, n?o ter?o mais p'ra soffrer! Ai dos que morrem, que l? v?o levados! Ai de n?s que ainda temos de viver!

Pampilhoza, 1895.

Ao Cahir das Folhas

A MINHA IRM? MARIA DA GLORIA

Podessem suas m?os cobrir meu rosto, Fechar-me os olhos e comp?r-me o leito, Quando, sequinho, as m?os em cruz no peito, Eu me f?r viajar para o Sol-posto.

De modo que me fa?a bom encosto, O travesseiro compor? com geito. E eu t?o feliz! por n?o estar affeito, Hei-de sorrir, Senhor! quazi com gosto.

At? com gosto, sim! Que faz quem vive Orpham de mimos, viuvo de esperan?as, Solteiro de venturas, que n?o tive?

Assim, irei dormir com as crian?as Quazi como ellas, quazi sem peccados... E acabar?o emfim os meus cuidados.

Clavadel, outubro, 1895.

? SUPERIORA D'UM CONVENTO DE PARIS

N?o me esque?o de si, minha M?e, f?ra Onde f?ra. Ao contrario, lembro ?s vezes Essa viagem nossa Sobre as agoas do mar! Se fosse agora...

Oh o encanto da viagem seductora! Que bem me disse ent?o dos Portuguezes! Que faria hoje! foram-se os revezes! O que l? vae pela Africa, Senhora!

Depois, ao separarmo-nos no Tejo, Disse-me <>

Mas n?o fez, minha M?e! Talvez no c?o... Porque afinal os homens quazi todos T?m sido e s?o muito mais maus do que eu...

St. Johann Am-Platz, 1896.

Nossos amores foram desgra?ados, Desgra?ada paix?o! tristes amores! Se Deus me d? assim tamanhas dores, ? porque grandes s?o os meus peccados.

Quando vir?o os dias desejados? Quando vir? Maio para eu v?r flores? Nunca mais! ainda bem, santos horrores! Que os pobres dias meus est?o contados.

Passo os dias mettido no meu moinho, E m?e que m?e saudades e tristezas, Moleiro que no mundo est? s?sinho.

Os lavradores destas redondezas Queixam-se at? de que a farinha ? data Tanta ? que <>

St. Johann Am-Platz, 1896.

Placidamente, bate-me no peito Meu cora??o que tanto tem batido! E para mim, inda este mundo ? estreito P'ra conter tudo, quanto eu hei soffrido.

Meus dias v?o passando como as agoas Que o vento leva em ondas, ao mar-alto, E se de noite eu oi?o aquellas m?goas J? n?o descan?o mais, em sobresalto.

Placidamente, bate-me no peito Meu cora??o em luctas t?o desfeito, Que com a Vida, a D?r hei confundido.

E se se ganha a Paz com o soffrimento, Deixae-me entrar emfim n'esse Convento... Pois ha quem tenha, assim como eu, soffrido!

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