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Read Ebook: Memorias sobre a influencia dos descobrimentos portuguezes no conhecimento das plantas I. - Memoria sobre a Malagueta by Ficalho Francisco Manuel De Melo Conde De

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Ebook has 102 lines and 25637 words, and 3 pages

? facil agora, resumindo o que levamos dito, definir em breves palavras, qual foi a influencia das viagens portuguezas sobre o conhecimento d'aquella notavel planta, e sobre o trafico commercial a que deu logar.

De feito os italianos colheram dos mercadores africanos poucas e vagas noticias sobre as terras centraes da Africa e as suas produc??es. E ? natural que assim fosse: mais occupados de interesses commerciaes, que de investiga??es scientificas, contentavam-se com fazer permuta??es vantajosas, sem inquirir meudamente a natureza e origem das drogas. De mais, os berb?res semi-selvagens, e os arabes, na generalidade pouco mais cultos, mal poderiam esclarecel-os sobre productos, cuja origem elles proprios talvez ignorassem, havendo-os recebido da m?o dos negros. Continuaram por muito tempo as coisas n'este estado: conhecida a droga e louvada, mais ainda do que rasoavelmente o mereciam as suas qualidades, ignorada a sua procedencia vegetal e geographica.

O descobrimento da malagueta e outros productos da Africa equatorial, al?m de ter interesse puramente botanico, resultante da observa??o de novas f?rmas vegetaes, assignala uma ?poca notavel na historia commercial do mundo. Os portuguezes abrindo a esses productos o caminho do Atlantico, vibram o primeiro golpe ao trafico dos arabes, e ? prosperidade das cidades maritimas da Italia. Desviando algumas mercadorias dos negros das cidades de Djenni ou de Timbuktu, encetam a lucta com os arabes que se ha de proseguir na Africa oriental, e na peninsula Indo-gangetica, estendendo-se at? Malaca, ilhas Molucas e China. Lucta que terminou pela victoria dos portuguezes sobre os arabes o os italianos; pela victoria do Atlantico sobre o Mediterraneo. O grande movimento commercial do Oriente, abandonou durante tres seculos o mar interior, para seguir o caminho apontado pelos navegadores de Portugal dobrando o cabo de Boa Esperan?a. Para que nos nossos dias o trato do Oriente voltasse ? antiga via do Mar Vermelho, foi necessario que a industria moderna levasse a cabo um intento collossal, perante o qual haviam recuado os monarchas egypcios, e rasgasse a estreita faxa de terra que ligava os continentes africano e asiatico.

Documentos citados por Fl?ck. e Hanbury .

Em uma carta encontrada por Gr?berg nos archivos de Genova, publicada em 1802 , e que vem transcripta na integra nas notas de Major . Veja-se tambem o que diz o visconde de Santarem . O sr. Major p?e em duvida a authenticidade d'esta carta, e de feito n?o s? ? de uma grande incoherencia de linguagem, como cont?m affirma??es de todo o ponto inexactas.

Sobre Martinho Behaim: veja-se de Murr ; veja-se tambem a erudita noticia de Humboldt , e uma excellente memoria de Sebasti?o Francisco de Mendo Trigoso . A data da sua viagem com Diogo Cam, foi fixada com muito rigor por A. M. de Castilho . Encontra-se no Atlas do visconde de Santarem, I, X, a reproduc??o de uma parte do globo.

Cito a traduc??o publicada por ordem da Academia das Sciencias e feita pelo socio Sebasti?o Francisco de Mendo Trigoso.

A mesma noticia se encontra nas notas com que Carlos de l'Escluze, mais conhecido pelo nome de Clusio, enriqueceu a sua traduc??o latina do livro de Garcia da Orta . Jo?o de Barros pelo contrario diz que el-rei mandou esta pimenta a Flandres, mas ahi n?o agradou tanto como a da India. Conciliam-se perfeitamente estas informa??es em apparencia encontradas. A noticia de Jo?o de Barros, confirmada pelo que diz Garcia de Resende, refere-se ao tempo de D. Jo?o II, ?poca em que ainda n?o tinhamos attingido o termo t?o desejado de nossas explora??es, e em que o commercio das especiarias estava em m?o dos venezianos, sendo natural que procurassemos attrair a atten??o para os productos das terras africanas, de cujo commercio nos haviamos senhoreado. Pelo contrario, em tempos de D. Manuel e posteriores, j? estava nas m?os dos portuguezes o monopolio das especiarias asiaticas, e, dadas as doutrinas commerciaes de ent?o, bem se comprehendem as prohibi??es rigorosas de que falla a viagem a S. Thom?.

Veja-se a nota 1, a pag. 7.

Na edi??o franceza da sua memoria , o visconde de Santarem cita Balducci Pegolotti, e a passagem onde falla da malagueta , mas n?o modifica a sua argumenta??o .

Foi publicado na e vem transcripta por Michaud .

? esta a opini?o apresentada pelo sr. Ernesto Renan , da qual, por?m, se afastam alguns philologos, e entre outros o sr. Newman, que considera o berb?r como um idioma semitico.

Com este nome a menciona Pomet, negociante droguista de Paris, referindo-a a uma figura bastante exacta, para que se n?o possa duvidar da identidade da especie.

Veja-se a carta de Chanca nas .

Hooker vem transcripto em : p?de-se tambem consultar .

Guibourt .

Daniell .

? necessario advertir que estes limites se referem ? planta espontanea, pois que se encontra cultivada n?o s? em outras regi?es da Africa, por exemplo nas margens do rio Coango, mas ainda na America, em Demerara e outros pontos.

O livro de Pegolloti, j? muitas vezes citado, d? interessantes noticias sobre o commercio com o Oriente. Pode-se consultar tambem um curioso capitulo de Jo?o de Barros , do qual se v? quanto eram extensas e exactas as suas informa??es sobre o modo porque se fazia o trafico das especiarias, antes de os nossos haverem dobrado o cabo da Boa Esperan?a; e egualmente o bem conhecido de Antonio Galv?o.

O godo Alarico exigia da cidade de Roma para levantar o cerco, um resgate no qual figurava ao lado de avultada quantia de ouro e prata, uma por??o relativamente pequena de pimenta. Constantino offerecia ao papa S. Silvestre vasos de ouro cravejados de pedrarias contendo quantidades minimas de perfumes e especiarias. Nos thesouros de Chosroes II, rei da Persia, mencionava-se a existencia da camphora, do almiscar e do sandalo. Muitos outros exemplos, que seria facil accumular, provam quanto eram considerados estes productos de afastadas regi?es.

Primeiro mandou D. Jo?o II, Fr. Antonio de Lisboa, e Pero de Montarroyo, que por ignorarem a lingua arabica n?o proseguiram na sua viagem; depois Affonso de Paiva e Pero da Covilhan, e finalmente, em busca d'estes, dois judeos, Rabbi Abram de Beja, e um sapateiro de Lamego, chamado Jos?. Veja-se o que diz Barros e sobretudo a rela??o muito mais detalhada dada pelo padre Francisco Alvares, na .

Diz Jo?o de Barros fallando da pimenta de rabo <> Garcia de Rezende diz tambem da mesma pimenta <> .

Sobre as informa??es que o infante tomava dos arabes veja-se o que diz Jo?o de Barros: <> vindo a saber n?o s? das terras dos Alarves e do Sahar? mas tambem dos Azenegnes <> . Damiam de Goes falla tambem <> . Diogo Gomes conta que estando em Cantor, no Rio Gambia, ahi soubera de uma batalha travada entre dois regulos negros do interior, e que voltando ao reino, dera esta noticia ao infante, o qual lhe respondeu, que por uma carta de um mercador de Oran j? f?ra informado d'aquelle successo. Prova curiosissima de quanto eram extensas as rela??es que D. Henrique mantinha com o interior de Africa.

Sobre o conhecimento que os arabes tiveram do Sudan desde o tempo de Ibn Haucal , e a influencia que as no??es por elles obtidas e transmittidas mais tarde aos christ?os exerceram na construc??o da carta Catalan de 1375, na do museu Borgia, e em outros monumentos cosmographicos, veja-se o que diz o visconde de Santarem . A curiosa viagem de Ibn Batuta ?s terras do Alto Niger, em 1352, d? uma id?a clara das rela??es dos arabes com aquellas regi?es. .

Azurara . Barros .

No mesmo anno de 1446. Azurara . Barros .

Em 1448; veja-se Major .

Em 1454 e 1455. . As datas citadas n?o s?o as admittidas na vers?o portugueza, mas as que se encontram em Ramusio, tidas geralmente por mais exactas.

Barros .

Barros

Veja-se o que diz Azurara , em uma curiosa passagem na qual define bem o sentido em que toma a palavra. Pode-se consultar egualmente o admiravel capitulo, cheio de observa??es curiosas e exactas de Jo?o de Barros . Sobre o conhecimento que os arabes tiveram da Guin? e sobre os erros commettidos em rela??o ? sua situa??o geographica antes dos descobrimentos dos portuguezes, veja-se o visconde de Santarem e tambem a .

? a data marcada por Herrera .

Eis as localidades mencionadas na descrip??o da costa da Malagueta por Duarte Pacheco.

Cabo do Monte. Rio dos Cestos. Rio de S. Vicente. Cabo Mesurado. Ilha da Palma. Praia dos Escravos. Matta de Santa Maria. Ilh?os. Lagea. Rio de S. Paulo. Cabo Formoso. Cabo de S. Cremente. Rio do Junco. Resgate do Genovez. Cabo das Palmas.

As latitudes ou <> dadas por Duarte Pacheco n?o se afastam muito das que hoje se admittem. Sendo para notar que as citadas no texto differem ?s vezes das que est?o reunidas em uma taboada geral, o que sem duvida ? devido a erros de copia. As que se referem ? parte da costa que nos occupa s?o as seguintes:

Estas aproxima??es foram feitas rapidamente e de modo algum as tenho por seguras, pois levantam n?o poucas difficuldades, cuja discuss?o sa?ria completamente do plano n'este trabalho.

Veja-se a p. 25.

Taes foram as viagens feitas pelos hespanhoes no anno de 1475, de que falla D. Diogo Ortiz de Zuniga ; e outras levadas a cabo, ou projectadas, no anno de 1478, a que se refere um documento citado por Navarrete . Mas logo no anno seguinte de 1479, feitas as pazes com Hespanha, se reconheceram os direitos de Portugal ao exclusivo do commercio de Guin?. Veja-se tambem em Garcia de Rezende a rela??o das duas embaixadas enviadas a Inglaterra em resultado dos preparativos, feitos por Jo?o Tintam e Guilherme Fabiam, por ordem do duque de Medina Sidonia, para passar a Guin?, no anno de 1481; e annos depois, no de 1484, em virtude de egual tentativa do conde de Penamacor. Em um e outro caso foram desde logo dadas ordens expressas para que taes viagens n?o tivessem logar, sendo mesmo o conde de Penamacor encarcerado na torre de Londres. Sobre estas e outras reclama??es diplomaticas, veja-se o que diz o visconde de Santarem .

Os plenipotenciarios francezes, cujos nomes citei com a orthographia usada nos Annaes, eram: Antonio du Prat, chanceller de Fran?a, que abra?ando em edade j? avan?ada o estado ecclesiastico, veiu a ser arcebispo de Sens, cardeal e legado a latere: o bem conhecido Anne de Montmorenci, que ent?o ainda n?o f?ra elevado ? dignidade de condestavel, sendo simplesmente gr?o mestre: e provavelmente Jo?o de Gontault, bar?o de Biron, que consta f?ra empregado em miss?es diplomaticas junto do imperador e do rei de Portugal. No entanto n?o o encontro entre os almirantes de Fran?a, sendo este cargo desempenhado, na data das negocia??es, por Philippe de Chabot, conde de Charny: ? por?m possivel, que exercesse as func??es de almirante temporariamente e no impedimento do titular.

Estas negocia??es sobre as viagens dos francezes, e as cartas de marca, continuaram por muito tempo, passando a Fran?a o conde da Castanheira, e depois Bernardim de Tavora. Este ultimo levava, ao que parece, instruc??es para offerecer ao chanceller, ao gr?o-mestre e ao almirante, quatro mil cruzados a cada um, em cada anno, para os dispor melhor em favor dos interesses de Portugal. Veja-se , e o que diz o visconde de Santarem .

Os capitulos de concerto foram passados a 11 de julho de 1531. Mais tarde os nossos direitos foram tambem reconhecidos no tratado concluido em Ly?o a 14 de julho de 1536, e nas cartas patentes de Francisco I, datadas de Valen?a e de Ly?o de 8 e 27 de agosto do mesmo anno. Veja-se o visconde de Santar?m .

Em um extenso e curioso despacho, de que vi o original na Torre do Tombo .

Veja-se .

Se este documento ?, como parece, do anno de 1542, segue-se que as viagens dos francezes haviam come?ado pelos annos de 1513 ou 1514, um pouco mais cedo do que supp?e o visconde de Santarem .

As narrativas d'estas viagens, publicadas por Eden e outros, foram depois reunidas na importante collec??o de Hakluyt. N?o tive esta obra ? minha disposi??o, e s? p?de consultar a vers?o franceza m? e incompleta, que faz parte da .

Penteado tinha feito viagens a Africa, sendo mesmo encarregado da guarda da costa da Malagueta, antes de passar a Inglaterra, aggravado por uma pris?o que julgou injusta. Dos esfor?os feitos pelo infante D. Luiz para que voltasse ao reino, se deduz que era pessoa de importancia. Foi victima n'esta viagem dos maus tratos e dissabores, porque o fizeram passar os inglezes.

O visconde de Santarem cita brevemente este despacho, e diz que elle fixa a ?poca em que a primeira malagueta foi levada ao mercado de Ru?o. Do theor do despacho n?o resulta bem claramente que fosse a primeira vez, e unicamente se v? que n?o era um acontecimento vulgar e corrente.

J? fiz notar que esta asser??o, referindo-se a uma ?poca posterior perto de um seculo ao descobrimento d'aquella parte da costa, nenhuma importancia tem relativamente ? primitiva origem do nome.

. Esta venda foi talvez realisada nas feitorias de Flandres, que ainda ent?o existiam, sendo n'este anno feitor Jorge de Barros: a feitoria de Flandres s? foi desfeita no anno de 1549.

Fl?kiger and Hanbury

Notas de transcri??o:

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