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Read Ebook: D. Antonio Alves Martins: bispo de Vizeu: esboço biographico by Castelo Branco Camilo

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Ebook has 205 lines and 13318 words, and 5 pages

D. ANTONIO ALVES MARTINS

BISPO DE VIZEU

ESBO?O BIOGRAPHICO

POR

CAMILLO CASTELLO BRANCO

SEGUNDA EDI??O

PORTO Livraria Internacional de Ernesto Chardron Casa editora LUGAN & GENELIOUX, successores 1889

Pre?o... 200 R?IS

ESBO?O BIOGRAPHICO

D. ANTONIO ALVES MARTINS

BISPO DE VIZEU

ESBO?O BIOGRAPHICO

POR

CAMILLO CASTELLO BRANCO

SEGUNDA EDI??O

PORTO Livraria Internacional de Ernesto Chardron Casa editora LUGAN & GENELIOUX, successores 1889

Todos os direitos reservados

IMPRENSA INTERNACIONAL Victoria, 166

? agradavel e n?o commum esbo?ar alguns tra?os da vida de um var?o benemerito, cujos antepassados, praticando obscuramente o bem, nos n?o intimam o dever de lhes attribuir ou inventar proezas civicas. Em tempos n?o remotos, quando era costume inculcar ou explicar, pelo decoro da stirpe, virtudes ou heroismos, raro biographo se sahia limpa e airosamente de ao p? do ber?o humilde do seu heroe. ? v?r o empenho pouco menos de lastimavel dos que inventaram av?s fidalgos a Jo?o Pinto Ribeiro, como se o explendor de seu patriotismo fosse demasiado para um s? homem, e dev?sse, em vez de ir adiante afidalgar vindouros, retroceder aos passados, e lustrar-lhes as sepulturas em galard?o posthumo! Donosa e bizarra fidalguia ? uma que nos faz sentir que o ?, por que ha ahi natural fronteira entre bom e m?o: ? a que v?mos gerar-se, florir e fructear sem inculcadas e vans precedencias; ? a que assignala os homens prestantes, allumiando-os de luz sua, a fim de que a posteridade os extreme da sombra, se os contemporaneos n?o poderam ou n?o quizeram aquilatal-os desassombradamente. Homens d'este vulto, per si mesmos nobilitados, n?o se procuram no ber?o: ? em meio de n?s, ? desde o momento que os vimos receber da gratid?o publica os titulos de sua nobreza.

O snr. D. Antonio Alves Martins, doutor na faculdade de theologia, bispo de Vizeu, par do reino e ministro de estado honorario, nasceu na Granja de Alij?, provincia de Traz-os-montes, aos 18 de fevereiro de 1808. Modesta abundancia e laboriosa probidade--excellencias congeneres da profiss?o agricultora--honravam e felicitavam a familia de que procede o snr. bispo de Vizeu.

Dado que a sua inicia??o a estudos superiores n?o levasse o intento posto em determinado destino, motivos, em que talvez seria grande parte a obediencia, moveram o mo?o de deseseis annos a entrar na Terceira Ordem de S. Francisco, chamada da Penitencia, cuja casa capitular era em Lisboa.

Muito de industria lembramos esta clausula quasi inutil, por que temos lido e ouvido inconsiderados se n?o indoutissimos conceitos dos Regulares da Terceira Ordem de S. Francisco. N?o ser? pois descabido lembrar a juizes menos competentes que a livraria, actualmente chamada da Academia real das sciencias, era a d'elles.

Em 21 de maio de 1825 vestiu o snr. Antonio Alves Martins o habito de professo, e passou a estudar philosophia no Collegio do Espirito Sancto em Evora, doa??o de el-rei D. Jos? ? Terceira Ordem, em 1776, extincta a Companhia de Jesus. Em outubro do anno seguinte, matriculou-se no collegio das Artes, com o proposito de seguir o curso universitario, frequentando alternadamente as aulas de mathematica, philosophia e theologia.

Cursava o distincto academico o seu terceiro anno da universidade, quando as renovadas id?as de 1820 agitavam febrilmente os animos de grande numero de escolares--aquella phalange de generosa mocidade, predestinada a ser t?o grande parte na propaganda dos principios liberaes e na occupa??o dos mais eminentes postos da representa??o nacional. O alumno de theologia, posto que ligado a uma corpora??o religiosa, aliou-se aos propugnadores do governo representativo, sem todavia imparceirar-se com os injustificaveis bandos que intermetteram uma pagina de deshonra indelevel na historia dos asperos sacrificios d'aquelle periodo.

Desde tenros annos a condi??o do snr. Alves Martins sahiu avessa a rebu?ar ou sequer temperar calculadamente as suas opini?es politicas. Este franco destemor e afouta energia foi sempre, ?, e apezar da experiencia ser? sempre a mais relevante physionomia do snr. bispo de Vizeu. ? ousadia de manifestar-se affei?oado ? revolta militar do Porto, de 16 de maio de 1828, seguiu-se ser riscado da universidade, quando frequentava o terceiro anno theologico. Sem embargo, o snr. Alves Martins proseguiu nas aulas da sua congrega??o; e, concorrendo ?s cadeiras de philosophia e theologia, recebeu o premio de sua applica??o e creditos, sendo logo, e tanto na fl?r da idade, nomeado mestre da Ordem. Os condiscipulos do estudioso mancebo ainda hoje recordam a viveza, penetra??o e discernimento com que elle se egualava aos mais distinctos.

N?o estava, todavia, aquelle alvoro?ado espirito ainda maduro de fei??o para pautar-se ao magisterio. Impulsaram-no estimulos inflexiveis a quinhoar dos perigos e honras nas luctas que estrondeavam f?ra e dentro do claustro. Era aquelle um tempo em que todo homem olhava para o horisonte do dia novo, bem que a uns se figurassem de fogo destruidor as c?res da aurora, e outros a saudassem como luz redemptora a alvorejar civilisa??o para o mais ignaro, escuro e abatido torr?o da Europa. Alves Martins n?o podia pertencer ao numero dos prudentes que, adorando a occultas a id?a, sopesavam com os a?amos de uma discreta espectativa os impetos de a confessar e servir. A experiencia mostrou seguidamente que estes sisudos foram depois os primeiros que sahiram enramados a rojar os louros nos tapetes dos ministros de 1834: por onde se prova que a prudencia ? sempre de medran?as, ainda quando uma san terminologia a alcunhe de ardilosa.

Como quer que fosse, Alves Martins, no momento em que as tropas liberaes rebeladas no Porto evacuavam Coimbra, sahiu do collegio, acompanhou-as, e sentou pra?a no regimento de Voluntarios de Alij?. Sem demora lhe foi instaurado processo no tribunal secular e nas commiss?es militares de Traz-os-montes; o profugo, por?m, recolhendo-se ao claustro, pensou talvez que a persegui??o, empenhada em exterminar inimigos mais temerosos, o esqueceria. Era, em verdade, ter em coisa de pouco a memoria das testemunhas juramentadas no seu processo!

Em 1832 foi nomeado capell?o da armada: f?ra-lhe imposto o encargo sob obediencia, por que da Terceira Ordem sahiam os padres para os navios do estado.

Poucos mezes depois, o capell?o, cuja pertinacia em ser liberal o torn?ra por demais esquecido do instaurado processo, foi de novo processado na Majoria-General, preso nas cadeias de Coimbra, e sentenciado com mais tres companheiros na Conservatoria da Universidade.

Na tarde do dia 28 de janeiro d'aquelle anno uma leva de presos ida de Coimbra para Almeida conseguiu fugir na altura de Sancto Antonio do Cantaro, favorecida talvez pelo commandante da escolta. N'aquella leva iam tres presos j? sentenciados no Conservatoria. A senten?a era um mod?lo de concis?o e ferocidade. Chegados a Vizeu, deviam ser espingardeados no campo de Sancta Christina. Um dos tres condemnados era o snr. Antonio Alves Martins.

As alegrias d'uma salva??o muito incerta n?o compensaram ao sentenciado e a tres companheiros as angustias que se seguiram. Desviados de todo trilho, desprovidos de minimo recurso, e at? desconfiados da caridade do lavrador a quem pedissem um pouco de p?o e agasalho, durante onze dias e noutes, erraram, por serranias, retranzidos de frio e fome. Quando ao nono dia de tamanha miseria chegaram ? margem do Mondego, junto de Villa Verde, e reconheceram que o passo era guardado por sentinellas, os quatro fugitivos ?s nove da noute entraram na agua, e, como submersos em uma salina, esperaram quatro horas de formidavel agonia a menos perigosa opportunidade de vadear o rio. Dois dias depois chegaram a Leiria, onde se apresentaram ao tenente coronel Vasconcellos, hoje visconde d'aquella localidade.

Com quanto a robusta mocidade de Alves Martins se aguentasse na lucta com os trabalhos d'aquella fuga, o resultado funestou-se-lhe depois, sobrevindo-lhe um typho para o tratamento do qual o hospital de Leiria lhe favoreceu uma enxerga. Apenas convalescido, passou a Lisboa; e, terminada a guerra civil, voltou a continuar seus estudos em Coimbra, onde se graduou em theologia, por 1837, deixando as faculdades de mathematica e philosophia no segundo anno.

Na lista dos estudantes perseguidos e por tanto agraciados pela lei de 1834, estava o nome de Antonio Alves Martins. Elle, ainda assim, dispensando-se dos beneficios da lei, subjeitou-se ?s praxes, frequencia e provas dos restantes academicos. Aceitou apenas os doze mil reis que lhe pertenciam como a eggresso da Terceira Ordem. Eis ahi o primeiro lance de desinteresse que ser? o percursor de outros testemunhos de n?o vulgar desprendimento.

De mais d'isto, um homem no vigor dos annos e sas?o das aspira??es, com justa causa para desvanecimentos de meritos, uns ganhados com seu eminente espirito, outros adquiridos pelos trances que correu a sua vida no servi?o da causa triumphante, ahi o temos concorrendo a uma cadeira de philosophia no Lyceu do Porto para grangear o p?o da independencia, visto que o despacho para o magisterio universitario se demorava. Mas, nem ainda ahi, nome e servi?os lhe complanaram difficuldades. Um antigo professor obteve, annullado o concurso, despacho fundado em direitos de j? ter exercido o ensino. Alves Martins concorreu novamente ? cadeira de historia e geographia para a qual foi despachado em 1839.

Assombra e entristece ao mesmo tempo o confronto das ambi??es descompassadas que hoje em dia saltam e bravejam de nomes obscurissimos, e a modestia, comedimento e parcimonia dos homens de ent?o, os quaes t?o affastados j? parecem d'estes nossos dias! E todavia, s?o de hoje, s?o nossos contemporaneos! Que decorosos brios n?o reportavam o animo dos que se davam por bem pagos de ser livres para poderem buscar sua parca vida no ensinamento da mocidade! Claro era que Antonio Alves Martins n?o podia abastardar os dons da intelligencia, mal-baratando-os em incenso ao poder--em escambo de merc?s que lhe permittissem, inerte na for?a da idade, e no regalo de lerdos ocios, descurar como incommoda esta coisa onerosa chamada honra do trabalho.

Tres annos passados, o professor do lyceu foi eleito deputado.

A sua entrada no parlamento em 1842 abriu mais um exemplo dos damnos que fomenta a rigidez do caracter vinculada ao arrojo da censura. O snr. Alves Martins distinguiu-se na opposi??o. Os seus discursos n?o eram preparados com a engenhosa paciencia dos que attentam superiormente no brunido e terso dos periodos, e a miudo pompeam enfeites academicos em assumptos de seu natural simplissimos. Como a sua eloquencia brotava subita das convic??es, e a cada passo os desacertos do poder lh'as estimulavam, n?o se lhe fazia mister o pr?vio lavor da composi??o litteraria das suas ora??es. O snr. Alves Martins era, primeiro que tudo, dialetico, assim destro quanto laconico; umas vezes severo, outras asperrimo, mas sempre justo, e escutado com respeitosa atten??o de parciaes, e adversarios, entre os quaes se procuravam sempre os mais audaciosos para o impugnarem. A austeridade de sua indole, inflexa ?s chamadas conveniencias partidarias, singularisava-se por uma honrada obstina??o propriamente com os erros da sua parcialidade. Os do seu lado impacientavam-se magoados quando as frechas do intemerato argumentador lhes iam apontadas e mais penetrantes que as dos adversos. Que montava isso ? serena consciencia de Alves Martins? Os seus amigos politicos deixavam dti kulkivat. Suomalaiseissem, como diplomas de considera??o, polluir-lhe por efeito d'uma for?ada condescendencia a inteireza de seus principios sempre liberaes, e ao mesmo passo moderados e conciliadores. Contra as demasias do poder achamol'-o sempre em reac??o vigorosa, quer os governos se fortalecessem na complacencia do throno, quer no apoio faccioso dos plebiscitos. No seu animo tanto impendiam influencias patriciatas como populares. Abusos de ambas as procedencias lhe eram por egual odiosos, e o sobre-excitavam a extremos de n?o poder estancar o impeto das phrazes excessivamente acrimoniosas, se algum contendor lhe recalcitrava com desabamento. Assim o vimos sempre e com indomavel pulso nas acc?sas disputas com o actual visconde de Souto Maior.

Acima escrevemos que a sua entrada no parlamento inaugur?ra mais um exemplo dos damnos inherentes ? rigidez de caracter e aos atrevimentos de uma franca reprova??o. O governo, para lhe fazer sentir seu desagrado, ? custa d'uma injusti?a sem disfarce, preteriu-o no despacho universitario. Este facto dev?ra capitular-se de inveterada desmoralisa??o, se antes n?o fosse uma especie de direito consuetudinario nos governos que todos se estribam na adhes?o dos amigos, e por amor d'elles supplantam a justi?a dos contrarios. E t?o perversor direito explica as abjec??es, as apostasias, os invilecimentos contra os quaes Antonio Alves Martins, desde deputado at? ministro do reino, desde conventual de Jesus at? prelado viziense, se levantou sempre com honesta sobranceria.

Verdadeiramente, contra o adversario d'este f?lego n?o bastavam os athletas parlamentares. Urgia ao poder suspeitoso espial-o no escuro das noites e ladeal-o de quadrilheiros.

Antes de ser deputado, j? o snr. Alves Martins, no ultimo anno de sua formatura, em 1837, havia sido prezo em Coimbra como cumplice na revolta dos marechaes--lance que passou totalmente alheio da sua menor interferencia. O illustre preso devia ainda conhecer no carcere, que lhe davam os livres, a tabua que lhe tinha dado o governo dos escravos. Apenas se haviam interposto tres annos desde a senten?a de morte lavrada na Conservatoria at? ao mandado de captura da auctoridade constitucional!

Sendo deputado, foi preso em 1843, ou, como quem quer ado?ar o termo, foi detido por que entrava por noute alta em conciliabulos revolucionarios.

No seguinte anno, 1844, estando no Porto, foi intimado para encarcerar-se no Castello da Foz, como faccionario da revolta militar d'aquelle anno. Governava ent?o o districto o snr. Antonio Emilio Brand?o, cavalheiro cujas virtudes ainda n?o foram puidas pelo atrito da politica. Dignou-se a auctoridade ouvir as declara??es do indiciado como conspirador; e, suspensa a ordem de pris?o, deixou-o vigiado pela policia.

Escusado ? procurar o snr. Alves Martins estranho ? revolu??o de 1846 e 1847. Conheceu os homens, que formaram o gabinete revolucionario, visinhou d'elles com o seu conselho e pratica dos negocios; mas pendemos a crer que muitissimos actos da Junta, nomeadamente os militares e diplomaticos, mereceram a sua reprova??o, mais ou menos expressada no opusculo NOVE DE OUTUBRO, que sua S. Ex.? publicou, historiando os successos tumultuosos da contra-revolu??o.

O snr. Antonio Alves Martins n?o conheceu o andamento da revolu??o s?mente pelos <> das manobras e batalhas impressos nas gazetas. Viu-a de perto, bem no centro dos perigos, tomando d'elles o quinh?o que lhe quadrava, como a homem que em si sentia impulsos de defender no campo a causa que patrocin?ra na imprensa. Ha ahi o quer que seja grandioso que nos avulta a propor??es improprias d'este tempo o homem de letras de par com o soldado n?o esquivo aos trances das pelejas. A hypocrisia n?o acha edificativo o lance; mas os espiritos despreoccupados admiram e respeitam a coragem que intendeu dever ao bem da sua patria, a um tempo, os servi?os do bra?o e os thesouros da intelligencia.

O espirito publico estava disposto a coadjuvar a revolu??o militar de 1851, acaudilhada pelo marechal Saldanha, e resurgida da sua prostra??o por alentos de alguns seus confederados no Porto. No esfor?ado numero dos cooperadores da intitulada <> alistou-se o snr. Alves Martins, posto que a politica do snr. duque de Saldanha lhe n?o abonasse mais prosperidades nacionaes que a politica do snr. conde de Thomar. Uma e outra, mais ou menos aulicas e filiadas na c?rte, eram pouco menos de facciosas, e mais que muito impopulares. A nosso juizo, o snr. Alves Martins, considerando que o antagonismo pleiteava entre dois validos a disputarem-se privan?a e influencia, teve como politico e acertado expediente apoiar o mais fraco, para assim, removidos os estorvos dos nomes panicos, abrir novo horisonte ?s reformas desejadas, e sobverter os elementos reaccionarios. Este seria, por ventura, o proposito do solerte politico e de outros notaveis correligionarios da Junta consubstanciados na revolu??o.

E, de feito, a phase da nova politica, animada pelo talento sagacissimo e genio conciliador de Rodrigo da Fonseca Magalh?es, inaugurou-se com ares de sciencia nova em materia de governar. Homens de arraiaes contrarios congrassaram-se no mesmo intuito, fatigados dos vaniloquios da tribuna, e cortados dos desastres da guerra civil. Iniciaram-se na administra??o algumas intelligencias devotadas ao progredir material, ao adiantamento procedente dos estudos economicos, descurados at? ?quelle tempo em que, pelo ordinario, os mais loquases parlamentares pareciam ainda remodelar as suas theses pelas recorda??es tribunicias das primeiras camaras, estudando a eloquencia em Ferreira Borges e Fernandes Thomaz. Ent?o se viu esfriarem os intranhados despeitos, apagarem-se as inspira??es sonorosas dos questionadores politicos, e communicarem-se uns a outros o mesmo impulso de apoio para obras publicas, estradas, telegraphos, portos maritimos, reformas aduaneiras, desvincula??o da terra, em fim, operou-se estranhamente a communh?o de todas as vontades no estudo e explora??o dos processos de riqueza que as na??es prosperas nos exemplificavam.

Mas em quanto os videntes do progresso material pindarisavam os adais da id?a nova, o governo, inaugurado em 1851, dilapidava e prodigalisava, como se o edificio novo houvesse de ser cimentado sobre as ruinas da fazenda nacional, e o povo, que farte empobrecido para t?o descommedidas despezas, devesse ser sacrificado aos creditos dos iniciadores do progresso.

O snr. Alves Martins retirou o seu apoio ao governo. Estava com o povo e contra as demasias do poder. Estava com o progresso; mas progresso compativel com a debilidade do thesouro.

Em novembro de 1852, obteve S. Ex.? a nomea??o de lente de theologia: suscitando-se duvidas, no entanto, sobre a antiguidade que lhe competia, renunciou o magisterio, optando pela cadeira canonical na s? patriarchal de Lisboa.

Continuou militando j? na opposi??o, j? nas maiorias, assim na imprensa como no parlamento, por espa?o de nove annos.

Em 1861, foi nomeado enfermeiro-m?r do hospital de S. Jos?, onde se disvelou quanto cabia em suas muitas faculdades e prestantissimos alvitres. A imprensa louvou-o unanimemente pelas reformas que em sua administra??o se operavam. Cortou abusos. Pautou rigorosamente obriga??es. Gratificou serventuarios benemeritos. Exauthorou os nocivos. Feriu pela raiz a arvore dos desperdicios ? sombra da qual se medravam muitos, com aggravo da pobreza e do infortunio. E tamanho affecto cobrou o novo enfermeiro-m?r ?quella casa de d?res que, volvidos annos, e j? ministro do reino, se lhe estava sempre desintranhando em beneficios, convertendo em p?o e cobertura as liberalidades das pessoas que por ellas, mais do que pelas merc?s, se ent?o nobilitaram.

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