Read Ebook: A Danish Parsonage by Vicary John Fulford
Font size:
Background color:
Text color:
Add to tbrJar First Page Next Page Prev Page
Ebook has 1589 lines and 76816 words, and 32 pages
CAPITULO II
Melhor de descer que de subir
Todos os oraculos tem o falar dobrado, mas entendem-se. Natividade acabou entendendo a cabocla, apesar de lhe n?o ouvir mais nada; bastou saber que as cousas futuras seriam bonitas, e os filhos grandes e gloriosos para ficar alegre e tirar da bolsa uma nota de cincoenta mil reis. Era cinco vezes o pre?o do costume, e valia tanto ou mais que as ricas dadivas de Cr?so ? Pythia. Arrecadou os retratos e os cabellos, e as duas sairam, em quanto a cabocla ia para os fundos, ? espera de outros. J? havia alguns freguezes ? porta, com os numeros de ordem, e ellas desceram rapidamente, escondendo a cara.
A esmola da felicidade
--Deus lhe accrescente, minha senhora devota! exclamou o irm?o das almas ao ver a nota cair em cima de dous nickeis de tost?o e alguns vintens antigos. Deus lhe d? todas as felicidades do c?u e da terra, e as almas do purgatorio pe?am a Maria Santissima que recommende a senhora dona a seu bemdito filho!
Quando a sorte ri, toda a natureza ri tambem, e o cora??o ri como tudo o mais. Tal foi a explica??o que, por outras palavras menos especulativas, deu o irm?o das almas aos dous mil reis. A suspeita de ser a nota falsa n?o chegou a tomar p? no cerebro deste: foi allucina??o rapida. Comprehendeu que as damas eram felizes, e, tendo o uso de pensar alto, disse piscando o olho, emquanto ellas entravam no carro:
--Aquellas duas viram passarinho verde, com certeza.
Comprimentou as senhoras, quando o carro passou. Depois ficou a olhar para a nota t?o fresca, t?o valiosa, nota que almas nunca viram sair das m?os delle. Foi subindo a rua de S. Jos?. J? n?o tinna animo de pedir; a nota fazia-se ouro, e a ideia de ser falsa voltou-lhe ao cerebro, e agora mais frequente, at? que se lhe pegou por alguns instantes. Se fosse falsa... <
E a nota sempre limpa, uns dous mil reis que pareciam vinte. N?o, n?o era falsa. No corredor pegou della, mirou-a bem; era verdadeira. De repente, ouviu abrir a cancella em cima, e uns passos rapidos. Elle, mais rapido, amarrotou a nota e metteu-a na algibeira das cal?as; ficaram s? os vintens azinhavrados e tristes, o obolo da viuva. Saiu, foi ? primeira officina, ? primeira loja, ao primeiro corredor, pedindo longa e lastimosamente:
--Para a missa das almas!
Na egreja, ao tirar a opa, depois de entregar a bacia ao sacrist?o, ouviu uma voz debil como de almas remotas que lhe perguntavam se os dous mil reis... Os dous mil reis, dizia outra voz menos debil, eram naturalmente delle, que, em primeiro logar, tambem tinha alma, e, em segundo logar, n?o recebera nunca t?o grande esmola. Quem quer dar tanto vae ? egreja ou compra uma vela, n?o p?e assim uma nota na bacia das esmolas pequenas.
Se minto, n?o ? de inten??o. Em verdade, as palavras n?o sairam assim articuladas e claras, nem as debeis, nem as menos debeis; todas faziam uma zoeira aos ouvidos da consciencia. Traduzi-as em lingua falada, afim de ser entendido das pessoas que me l?em; n?o sei como se poderia transcrever para o papel um rumor surdo e outro menos surdo, um atraz de outro e todos confusos para o fim, at? que o segundo ficou s?: <
--Deus lhe accrescente, meu senhor, e lhe d?...
CAPITULO IV
Natividade ia pensando na cabocla do Castello, na predic??o da grandeza e na noticia da briga. Tornava a lembrar-se que, de facto, a gesta??o n?o f?ra socegada; mas s? lhe ficava a sorte da gloria e da grandeza. A briga l? ia, se a houve; o futuro, sim, esse ? que era o principal ou tudo. N?o deu pela praia de Santa Luzia. No largo da Lapa interrogou a irm? sobre o que pensava da adivinha. Perpetua respondeu que bem, que acreditava, e ambas concordaram que ella parecia falar dos proprios filhos, tal era o enthusiasmo. Perpetua ainda a reprehendeu pelos cincoenta mil reis dados em paga; bastavam vinte.
--N?o faz mal. Cousas futuras!
--Que cousas ser?o?
--N?o sei; futuras.
<
N?o se sabendo quem mandava dizer a missa, ninguem l? foi. A egreja escolhida deu ainda menos relevo ao acto; n?o era vistosa, nem buscada, mas velhota, sem galas nem gente, mettida ao canto de um pequeno largo, adequada ? missa recondita e anonyma.
N?o lhe valeu isto com Jo?o de Mello, que um dia appareceu aqui, a pedir-lhe emprego. Queria ser, como elle, director de banco. Santos arranjou-lhe depressa um logar de escriv?o do civel em Maric?, e despachou-o com os melhores conselhos deste mundo.
Jo?o de Mello retirou-se com a escrevania, e dizem que uma grande paix?o tambem. Natividade era a mais bella mulher daquelle tempo. No fim, com os seus cabellos quasi sexagenarios, fazia cr?r na tradic??o. Jo?o de Mello ficou allucinado quando a viu; ella conheceu isso, e portou-se bem. N?o lhe fechou o rosto, ? verdade, e era mais bella assim que zangada; tambem n?o lhe fechou os olhos, que eram negros e callidos. S? lhe fechou o cora??o, um cora??o que devia amar como nenhum outro, foi a conclus?o de Jo?o de Mello uma noite em que a viu ir decotada a um baile. Teve impeto de pegar della, descer, voar, perderem-se...
Em vez disso, uma escrevania e Maric?; era um abysmo. Caiu nelle; trez dias depois saiu do Rio de Janeiro para n?o voltar. A principio escreveu muitas cartas ao parente, com a esperan?a de que ella as lesse tambem, e comprehendesse que algumas palavras eram para si. Mas Santos n?o lhe deu resposta, e o tempo e a ausencia acabaram por fazer de Jo?o de Mello um excellente escriv?o. Morreu de uma pneumonia.
Que o motivo da pratinha de Natividade deitada ? caixa das almas fosse pagar a adora??o do defunto n?o digo que sim, nem que n?o; faltam-me pormenores. Mas p?de ser que sim, porque esta senhora era n?o menos grata que honesta. Quanto ?s larguezas do marido, n?o esque?as que o parente era defunto, e o defunto um parente menos.
CAPITULO V
Ha contradic??es explicaveis
N?o me pe?as a causa de tanto encolhimento no annuncio e na missa, e tanta publicidade na carruagem, lacaio e libr?. Ha contradic??es explicaveis. Um bom autor, que inventasse a sua historia, ou prezasse a logica apparente dos acontecimentos, levaria o casal Santos a p? ou em cale?a de pra?a ou de aluguel; mas eu, amigo, eu sei como as cousas se passaram, e refiro-as taes quaes. Quando muito, explico-as, com a condi??o de que tal costume n?o pegue. Explica??es comem tempo e papel, demoram a ac??o e acabam por enfadar. O melhor ? ler com atten??o.
Quanto ? contradic??o de que se trata aqui, ? de ver que naquelle recanto de um larguinho modesto, nenhum conhecido daria com elles, ao passo que elles gozariam o assombro local; tal foi a reflex?o de Santos, se se p?de dar semelhante nome a um movimento interior que leva a gente a fazer antes uma cousa que outra. Resta a missa; a missa em si mesma bastava que fosse sabida no c?u e em Maric?. Propriamente vestiram-se para o c?u. O luxo do casal temperava a pobreza da ora??o; era uma especie de homenagem ao finado. Se a alma de Jo?o de Mello os visse de cima, alegrar-se-hia do apuro em que elles f?ram rezar por um pobre escriv?o. N?o sou eu que o digo; Santos ? que o pensou.
CAPITULO VI
Maternidade
A principio, vieram calados. Quando muito, Natividade queixou-se da egreja, que lhe suj?ra o vestido.
--Venho cheia de pulgas, continuou ella: porque n?o f?mos a S. Francisco de Paula ou ? Gloria, que est?o mais perto, e s?o limpas?
Santos trocou as m?os ? conversa, e falou das ruas mal cal?adas, que faziam dar solavancos ao carro. Com certeza, quebravam-lhe as molas.
Leitor, n?o ? muito que percebas a causa daquella express?o e desses dedos abotoados. J? l? ficou dita atraz, quando era melhor deixar que a adivinhasses; mas provavelmente n?o a adivinharias, n?o que tenhas o entendimento curto ou escuro, mas porque o homem varia do homem, e tu talvez ficasses com egual express?o, simplesmente por saber que ias dan?ar sabbado. Santos n?o dan?ava; preferia o voltarete, como distrac??o. A causa era virtuosa, como sabes; Natividade estava gravida, acabava de o dizer ao marido.
Aos trinta annos n?o era cedo nem tarde; era imprevisto. Santos sentiu mais que ella o prazer da vida nova. Eis ahi vinha a realidade do sonho de dez annos, uma creatura tirada da coxa de Abrah?o, como diziam aquelles bons judeus, que a gente queimou mais tarde, e agora empresta generosamente o seu dinheiro ?s companhias e ?s na??es. Levam juro por elle; mas os hebraismos s?o dados de gra?a. Aquelle ? desses. Santos, que s? conhecia a parte do emprestimo, sentia inconscientemente a do hebraismo, e deleitava-se com elle. A emo??o atava-lhe a lingua; os olhos que estendia ? esposa e a cobriam eram de patriarcha; o sorriso parecia chover luz sobre a pessoa amada, aben?oada e formosa entre as formosas.
Natividade n?o foi logo, logo, assim; a pouco e pouco ? que veiu sendo vencida e tinha j? a express?o da esperan?a e da maternidade. Nos primeiros dias, os symptomas desconcertaram a nossa amiga. ? duro dizel-o, mas ? verdade. L? se iam bailes e festas, l? ia a liberdade e a folga. Natividade andava j? na alta roda do tempo; acabou de entrar por ella, com tal arte que parecia haver alli nascido. Carteava-se com grandes damas, era familiar de muitas, tuteava algumas. Nem tinha s? esta casa de Botafogo, mas tambem outra em Petropolis; nem s? carro, mas tambem camarote no Theatro-Lyrico, n?o contando os bailes do Cassino Fluminense, os das amigas e os seus; todo o repertorio, em summa, da vida elegante. Era nomeada nas gazetas, pertencia ?quella duzia de nomes planetarios que figuram no meio da plebe de estrellas. O marido era capitalista e director de um banco.
No meio disso, a que vinha agora uma crean?a deformal-a por mezes, obrigal-a a recolher-se, pedir-lhe as noites, adoecer dos dentes e o resto? Tal foi a primeira sensa??o da m?e, e o primeiro impeto foi esmagar o germen. Criou raiva ao marido. A segunda sensa??o foi melhor. A maternidade, chegando ao meio dia, era como uma aurora nova e fresca. Natividade viu a figura do filho ou filha brincando na relva da chacara ou no rega?o da aia, com trez annos de edade, e este quadro daria aos trinta e quatro annos que teria ent?o um aspecto de vinte e poucos...
Foi o que a reconciliou com o marido. N?o exagero; tambem n?o quero mal a esta senhora. Algumas teriam medo, a maior parte amor. A conclus?o ? que, por uma ou por outra porta, amor ou vaidade, o que o embry?o quer ? entrar na vida. Cesar ou Jo?o Fernandes, tudo ? viver, assegurar a dynastia e sair do mundo o mais tarde que puder.
O casal ia calado. Ao desembocar na praia de Botafogo, a enseada trouxe o gosto de costume. A casa descobria-se a distancia, magnifica; Santos deleitou-se de a v planted with poplars, lilacs, and laburnum. The grass on the lawn was coarse and rough, and an occasional cow was tethered on it, which did not improve the quality of the herbage.
The income from all sources of Pastor Lindal was small, according to English views, but it was sufficient to enable him to maintain a happy home and to do his duty to his parish with strict economy. The difficulty was the future of his sons and daughter.
After breakfast, in which the trout caught by Hardy the previous evening occupied a conspicuous position, the Pastor said--
"When you return I shall be interested, Herr Hardy, to hear your views of Rosendal. The place is, as I told you, Danish; but I should like to hear how it looks through English spectacles."
"You have told me, Herr Pastor," said Hardy, "that Fr?ken Helga has an enthusiasm for Rosendal. I fear I shall be interested thereby, as she goes with us."
Hardy looked at Fr?ken Helga, who looked annoyed; and he saw he had said something which displeased her.
The way to Rosendal was over the sandy road for two English miles, when the entrance gate was reached, leading up an avenue of lime trees that had been pollarded. The storms would certainly have pollarded them in a more irregular manner than the hand of man. The house was a much larger house than Pastor Lindal's parsonage, but after the same fashion. The entrance steps were wider, but the whole arrangement of the mansion was after the same plan. There was the same too near proximity of the stables and cow houses, possibly essential in cold weather, for their being attended to. The view from the front of the house was to a lake of about thirty acres. On each side of the lake were very large beech trees, with juniper bushes underneath; and the effect was, as the Pastor had said, idyllic. A narrow valley was planted with roses, and through it a path led to the lake, hence the name Rosendal. The beech trees were of great age, and the rising ground on each side had protected them from the prevailing winds. The effect on the eye, in comparison with the nakedness of the surrounding country, was forcible, and John Hardy was impressed by the natural and distinctive beauty of the place.
Fr?ken Helga had scarcely replied to his attempts at conversation on the way to Rosendal. She had run races with her brothers and entered into all their whims and caprices, but to John Hardy she had only replied in monosyllables; but when she saw the effect the beauty of the place had on Hardy, she said--
"Is it not a pretty place?"
"It has its peculiar beauty, Fr?ken Helga," replied Hardy.
"I would rather live here than any place I know," said Helga. "The peace and calm of the beech woods, and the fret of the wind waves on the shore of the lake, suggest thoughts that are unspeakable to me."
Hardy started. She had spoken in a simple manner, but he felt that she experienced all she uttered. He now understood Pastor Lindal's words that Rosendal was Helga's enthusiasm. Then there was an appreciation of nature and her mysteries that Hardy had thought impossible out of English refinement and its influence.
"Can we go through the house?" said Hardy, as if with a sudden determination. "I wish to see it."
Add to tbrJar First Page Next Page Prev Page