Read Ebook: Espada da Justiça Sobre os Reos do Horroroso Delicto Praticado no Navio Pelos que Morreraõ Enforcados aos 14 de Agosto de 1781 by Costa Jos Daniel Rodrigues Da
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Ebook has 36 lines and 4990 words, and 1 pages
ESPADA
DA JUSTI?A
SOBRE OS REOS
Do horroroso delicto praticado no Navio pelos que morrera? enforcados aos 14 de Agosto de 1781.
ESCRITA POR
JOSEPH DANIEL RODRIGUES DA COSTA.
LISBOA
Na Officin. Patr. de FRANCISCO LUIZ AMENO.
ODE.
Sacr?legos Tipheos, que conspirados Sem respeito a coriscos tortuosos Sobre os Orbes voluveis, e sagrados Intentastes al?arvos ambiciosos, Nos raios crepitantes destruidos, Em castigo do cego atrevimento, De p?rfidos ingratos, e atrevidos Contra o supremo Deos do Firmamento, V?de a outros Tipheos; delicto insano! Que empunha? armas sobre o largo Oceano.
J? as nocturnas aves va? pascendo Com os bicos de ferros agu?ados; Nos quentes cora??es satisfazendo Os v?s desejos nunca saciados: Aos tristes palpitantes destruidos Calca? os p?s immundos, e cruentos, De huns resoa? inda alguns gemidos, Outros de todo j? n?o tem alentos: He tudo confusa?, tudo agonia, Que encobre a noite, t? que chega a dia.
Aos maniatados corpos traspassando Do silencio nocturno a amiga turba, Que se farta no sangue miserando, E o socego do publico perturba, Huns entrega? o peito ao golpe duro, Sem remedio sa? outros aprehendidos; Huns escolhem o mar por mais seguro, Outros escapa? sim, mas escondidos; Este cahe, outro expira, aquelle geme, Correm rios de sangue, e tudo treme.
Com este pezo as aguas se incurvara?, E Neptuno ap?s delle, logo erguendo A lan?a triplicada, se avistara? Em sanguentadas ondas decorrendo; As formosas Nereidas lhe assistia?, As crystallinas lagrimas limpando, E os ligeiros Delfins tristes corria?, Com mil ordens a Eolo decretando: Os Euros sibilantes quiescera?; Boreas, e Aquil?es emmudec?ra?.
Torpe, execrando, barbaro, incontrito, Em va?, em va? procuras asylarte, Pois que a culpa em sagrado he hum delito, Que o sagrado na? deve perdoarte: Elle te guardar? por criminoso, E os mesmos elementos conjurados Fara? o teu supplicio tormentoso, Por crimes nunca de outros cogitados: Caso de horror, de susto, magoa, e pranto, Que ?s mesmas f?ras causaria espanto!
Oh que incuravel mal! Oh que fadiga Com diligencia insana procurada, Que a homens contra homens volve, e obriga, E que faz a Republica turbada! Grande fome, alta sede do Thesouro, Que motivas o odio, a vil surpreza, S? por fartarte hydropica no ouro, Atropellando as leis da natureza! De immortal fome, ah Tantalo ambicioso, Tanto mais farto, quanto mais sequioso!
Vem ? filha do Ceo, de Themis filha, Que nascendo do Ceo, ao Ceo tornaste, Em cuja ma? direita a espada brilha, E na esquerda equilibrios ensinaste; Dispoem golpes mortaes, golpes sensiveis, Contra os filhos da terra, v?s, cruentos, Monstros da tyrannia os mais terriveis, Dignos de alto castigo, altos tormentos; Corta filha de Jove a iniquidade, Tanto delicto, insulto, e crueldade.
J? os ferreos grilh?es, grilh?es pezados Arrastra? os crueis insultadores, J? fica? comprehendidos, e accusados Do delicto maior, culpas maiores; Confessos, maniatados, e arguidos Gemem, debaixo dos mais justos pezos, A certeza de serem percutidos, O tormento de serem R?os, e prezos, De pagarem as vidas tantos damnos Para maior horror dos deshumanos.
Olhai crueis a sorte do tormento, Que na? tem propor??o com tal insulto, Assim como differe do cruento O justo cora??o, o mesmo indulto. Ide, ide pagar feios delictos, E ser nos altos p?stes presentados; Na? incautos, sem tempo, inda que afflictos, Com culpa, com favor, e preparados; V?de, v?de o que p?de a alta Piedade, Inda quando castiga a v?l maldade.
A ma? mimosa, e Regia, junta ao peito O cora??o mostrando mais piedoso, Cheio de luz, e cheio de respeito, De hum semblante purissimo, e formoso, Que espalha sobre todos a riqueza, Rios de Gra?a, mil preciosidades; A maior exemplar de alta grandeza, Que honra o sacro Throno, e as Magestades, He, quem fez castigar o impio roubo, Quem nos fez libertar do voraz lobo.
Venturosa Ulyss?a, ergue o rosto, E beija a sacra Ma?, que em n?s derrama O socego, a fortuna, a paz, e o gosto, Huma chamma de amor, e outra chamma; Affina, a aurea lyra, e teus louvores Cheguem aos Ceos voluveis, estrellados, Cujo supremo Author lhe d? favores, E por ella nos faz felicitados Por ella, que virtudes mil encerra, Que premeia a virtude, e o vicio aterra.
PROTESTA?A?.
Protesto, que como filho da Santa Igreja Romana, me sujeito aos preceitos da F?, e da Religia? Catholica, e que as palavras Mythologicas desta composi?a? Poetica sa? ornatos da Poesia, e na? verdades della.
Neptuno filho de Saturno, Irma? de Jove, e Deos dos Mares.
Tipheos, sa? os Gigantes filhos da terra, que pertendera? fazer guerra a Jupiter.
Aqui se toma? pelos aggressores da culpa nos Dominios de Neptuno.
A ambi?a? dos R?os.
Avidas Arpias se toma? pelos R?os.
Nereidas Ninfas do mar.
Eolo Rei dos ventos.
Euros, Boreas, e Aquil?es, sa? os ventos Sul, Norte, e Africo.
Tantalo Rei Frigio, que foi homicida de seu filho, e padece fome, e sede junto dos pomos, e das aguas.
A filha de Themis he Astr?a Deosa da Justica.
Filha de Jove he a mesma Astr?a filha de Themis.
A piedosa senten?a com que a Rainha Nossa Senhora foi servida castigar os aggressores.
A Imagem da Piedade figurada no ternissimo peito da nossa Soberana.
Voraz lobo se entende pelos mesmos aggressores.
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