Read Ebook: A India Portugueza Conferencia feita em 16 de março de 1908 by Brion Hypacio De
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G?a, durante os mezes em que sopra a mons?o de SW., fica perfeitamente inaccessivel pelo mar. A barra fecha, isto ?, a violenta arrebenta??o do mar sobre os baixos que a formam une-se de lado a lado, de tal modo que n?o permitte a entrada a qualquer especie de embarca??o. Facil ? ver os enormes inconvenientes e difficuldades que de aqui derivam para o commercio, emquanto que a barra de Zuary um pouco mais ao sul d? entrada franca em qualquer epoca do anno. Jo?o de Andrade Corvo, sendo ministro da marinha e ultramar pensou, que Mormug?o podia substituir G?a, tornando-o o porto mais importante da costa de Malabar, fazendo-o testa de um caminho de ferro. Come?ou as negocia??es para tal emprehendimento, mas tendo sido substituido na gerencia da pasta pelo conselheiro Julio de Vilhena, foi este quem as ultimou e assignou o contracto. Notavel coincidencia, entre estas id?as e as do conde de Alvor, que governou a India em 1684. Este vice-rei depois de consultar os tres estados reunidos em Banastarim, resolveu transferir a capital para Mormug?o, onde j? existia uma magnifica pra?a de guerra, construida em 1624 por D. Francisco da Gama, 3.? visconde da Vidigueira. Em 1685 come?aram as obras sob a direc??o do padre jesuita fr. Antonio Ribeiro, sendo continuadas pelo padre da mesma ordem fr. Manuel de Carvalho.
Foi mal pensado o caminho de ferro? N?o. Quem olha para a carta da costa da India v? que effectivamente o melhor porto do Malabar ? Mormug?o, que est? inquestionavelmente destinado a representar um grande papel no movimento commercial de toda aquella regi?o. O governo inglez, durante muito tempo, mostrou-se adverso ao desenvolvimento d'este porto, julgando ver n'elle um rival de Karwar, porto que fica um pouco mais ao sul. Mas o relatorio do commandante Dundas Taylor, superintendente dos estudos dos portos da India, veiu destruir pela base essa id?a, provando que Karwar, nem mesmo dispendendo-se alguns milh?es de libras, poderia satisfazer as exigencias do commercio maritimo. Mormug?o conservou, e conserver? a sua importancia e Karwar, que durante quatro mezes no anno v? o seu porto completamente fechado, que n?o p?de aspirar a ter uma linha propria, porque a passagem dos Gattes pode considerar-se impossivel, se quizer estar sempre em contacto commercial com o resto do mundo ter? de adoptar o plano que ultimamente se estudou e que tem por fim ligal-o por uma linha ferrea com a nossa linha em Marg?o, tornando-se assim nosso subsidiario. Creio bem que d'aqui resultaria sensivel augmento de trafego para a linha de Mormug?o e ? caso para dizer: tudo que vier ? ganho.
Claro est? que a realisar-se o intento, o governo portuguez n?o daria um real nem garantiria qualquer juro ou subven??o. A li??o tem sido dura. O governo da India Ingleza, que deve ter n'isso um grande e immediato interesse, que attenda a essa necessidade se quizer.
? elucidativa a leitura das percentagens da explora??o. Em 1900 explorava-se a 105%, em 1901, a 115%, isto ?, explora??o negativa, a m?dia dos doze annos anteriores dava 80%. Feita a conven??o, em 1903 baixou a 53%, e o anno passado a 49%. Augmentaram as receitas e successivamente foram augmentando os saldos positivos, sendo estes em 1903, 85 contos; em 1904, 114 contos; em 1905, 109 contos e em 1906, 100 contos. A receita do anno passado attingiu 1 milh?o e 100:000 rupias ou sejam 440 contos. D'esta f?rma v?-se que o caminho de ferro est? rendendo mais de 5:000[CO]0 r?is por kilometro, rendimento que julgo n?o ser excedido, nem mesmo egualado, por nenhum outro. Depois de escripto o que acabo de dizer, tive conhecimento de ter findado para a Southern Maratha a concess?o que tinha para a explora??o das suas linhas, as quaes passaram a ser propriedade do governo; este, em seguida, entregou ? mesma companhia a explora??o das linhas que tinha recebido, accrescentando-lhe as de Madrasta. D'esta maneira a nova Companhia Southern Maratha and Madras est? hoje ? testa de uma rede com mais de 1:500 ou 2:000 kilometros de extens?o.
Este novo estado de coisas ha de reflectir-se favoravelmente na linha de Mormug?o, n?o s? porque a percentagem de explora??o ha de diminuir, mas ainda porque essa companhia deixou de ser uma companhia particular, recebendo a sua administra??o ordens e instruc??es do governo inglez. Soubemos mais que, em quinze dias do mez de janeiro, entraram 18 vapores, com um movimento de 2:375 passageiros, de 32:800 volumes de mercadorias e 4:500 toneladas de minerio. O mez rendeu 157:000 rupias ou 62 contos. Parece que merece a pena olhar para uma linha ferrea que apresenta estes numeros!
Eis em tra?os muito rapidos o que tem sido o caminho de ferro de Mormug?o, o problema mais importante da moderna administra??o da India.
A India produz magnificas madeiras de construc??o, ricas essencias e saborissimas fructas, ? um paiz essencialmente agricola, merecendo maior atten??o, o arroz e o coqueiro. O arroz ? artigo indispensavel para estes povos, entra na alimenta??o, nos doces, nas massas, na pharmacia, nos juramentos e nas praticas religiosas. Na epoca da colheita faz-se a festa Ad?o, que tem logar a 24 de agosto, em que entram guerreiros e bailadeiras. Feita a ceifa e a debulha, o arroz n?o se levanta da eira, em quanto os differentes individuos da communidade n?o v?em receber as quotas partes, que lhes pertencem, desde o Estado at? ? bailadeira. Tiradas estas quotas, o que fica ? dividido pelos que trabalharam ou forneceram capitaes.
Por isto, se p?de fazer uma pequena ideia do que s?o as communidades da India.
O arroz come-se com molho de caril, composto de tamarino, c?co, carne ou peixe, malagueta e outras especiarias, acompanhado de papari, que ? a farinha de nanchenim amassada tambem com especiarias e frita em fatias muito delgadas.
O coqueiro ? uma verdadeira fonte de riqueza, basta meia duzia destas arvores para sustentar uma familia. Os seus productos constituem o mais rico ramo de exporta??o. A produc??o ? superior a 50 milh?es de c?cos. Do coqueiro p?de extrair-se, o assucar, o vinho, o vinagre, o oleo, agua, leite, madeira e fila?a, a folha serve para cobrir as casas, e a casca tem varias applica??es. O amanho e cultura d'esta arvore pede muitos cuidados, porque emquanto ? pequena tem muitos inimigos.
A fauna ? variadissima, abundando os tigres, bufalos selvagens, ursos, variados antilopes e cobras das mais venenosas, como a capello, a alcatifa e a vibora.
Acabo de vos dar em tra?os muito rapidos e mal esbo?ados uma ideia do que ? a India, que pela sua pequenez, parecer? a muitos que n?o serve sen?o para padr?o de passadas glorias. N?o, meus senhores. A India, apezar de pequena, ? rica e n?o s? pode sustentar-se, mas ainda deve dar saldo positivo muito apreciavel. N?o tenho eu auctoridade para dizer o que deve ser a sua administra??o, pois como j? vos disse, n?o exerci cargo algum, que com ella se ligasse, mas durante o tempo que ali estive interessei-me pela colonia e vou dizer-vos o que julgo possivel e necessario.
O grande onus, que assoberbava a sua administra??o vae desapparecendo. Pelo actual regimen de explora??o do caminho de ferro, as receitas chegar?o talvez em breve para pagar a divida antiga e satisfazer todos os encargos do contracto. Livre de t?o grande pesadelo, parece-nos que as atten??es devem dirigir-se de preferencia para a agricultura, sendo tambem de primeira necessidade, estabelecer uma linha de navega??o regular com a metropole. J? em tempo existiu, a carreira da companhia Bristh India, subsidiada pelo governo, mas coisa notavel acabou exactamente, quando se fez o caminho de ferro. Entendemos que tal carreira deve existir embora com algum sacrificio. Ninguem pode dizer que seja inconveniente haver tal meio de liga??o entre as colonias e a metropole, como tambem ninguem pode dizer o que ser? ou o que poder? ser o futuro d'uma carreira de navega??o, antes d'ella se estabelecer. Em taes assumptos todos os calculos s?o falliveis. Veja-se o que aconteceu com as carreiras para a Africa Oriental, devidas ? tenacidade do sr. conselheiro Teixeira de Souza. Em annos regulares a importa??o de arroz, or?a por 400 contos em m?dia, chegando a 700 quando os annos s?o de s?cca. Para obviar tal inconveniente julgamos, da mais absoluta necessidade, a construc??o de uma rede bem estudada de canaes de irriga??o, com o que se duplicaria a produc??o e evitaria a constante drenagem de oiro, para a India Ingleza.
Claro est?, que feita a rede o governo trataria de adoptar medidas moldadas pelas, em uso na presidencia de Calcut?, afim de tirar d'esse melhoramento o maior beneficio, al?m d'aquelle que lhe proviria directamente pelo imposto agricola. E ser? difficil p?r em pratica esta obra cujo alcance economico ? extraordinario? Ser? difficil arranjar dinheiro para isso? Creio que n?o, pois no proprio or?amento do Estado da India, elle se encontrar?, fazendo desapparecer ou por outra, dando esta applica??o a verbas que est?o desviadas para servi?os, que n?o podem soffrer a mais pequena compara??o com aquelle a que me refiro. Deveria tambem o governo auxiliar e facilitar a forma??o de companhias para o estabelecimento de fabricas de fia??o de cairo e tecelagem, animando qualquer iniciativa que appare?a. Demarcar, conservar e repovoar as mattas, que t?o abandonadas e roubadas teem sido fazendo d'ellas um rigoroso cadastro.
Tambem seria conveniente e proveitoso que o governo, explorasse por sua conta a navega??o fluvial. Mormug?o, parece-nos, visto n?o termos navega??o directa para o Oriente, que poderia ser, um como que entreposto commercial, onde fossem nacionalisar todas as mercadorias d'aquella procedencia, principalmente, o ch?, as porcellanas e as sedas, livrando assim este importante commercio dos intermediarios inglezes e allem?es.
Outra necessidade a attender ? a desamortisa??o das propriedades de m?o morta, que na India s?o importantissimas, fazendo-a com muito criterio e gradualmente, conjugando-a com o estabelecimento do credito agricola. O regimen de arredamento d'aquellas propriedades tal como est? em uso, ? causa do empobrecimento do solo, por isso que os arrendatarios n?o podendo prolongal-os por mais de tres annos tiram da terra o que ella p?de dar, n?o a beneficiando de qualquer f?rma.
Examinemos agora o or?amento de previs?o de 1907-908 e vejamos o que n'elle se encontra. A receita est? prevista em 997 contos e est? equilibrada com a despeza de 997 contos. Muito bem, mas ? caso de perguntar, damos a todas as verbas d'essa despeza boa applica??o? ou poderiam ser desviadas para onde melhor proveito d?ssem?
N?o podemos deixar de nos pronunciar pela segunda hypothese, principalmente em rela??o a duas verbas que muito pesam e esmagam qualquer tentativa de desenvolvimento que queira dar-se a determinados servi?os. A primeira ? a que se gasta com o Padroado, que custa ao Estado da India mais de 60 contos por anno, para manter egrejas e escolas na India Ingleza, onde n?o se ensina uma unica palavra de portuguez! Ora, realmente, se vencermos a lucta, que sustent?mos com Roma, por causa do Padroado, foi um triumpho diplomatico, o resultado foi um desastre financeiro, estou certo, que mesmo aquelles, que com tanta tenacidade e intelligencia defenderam os nossos antigos direitos, n?o o teriam feito se imaginassem que seria este o proveito que tir?mos da victoria. Ser? gloria, n?o nego, o continuarmos a missionar e a cathechisar por territorios, que n?o nos pertencem, deixando alguns dos nossos quasi ao abandono, mas parece-me que ? gloria sem proveito, porque de certo no c?o, n?o ser?o separadas as almas que n?s lhe ganhamos, d'aquellas que a Propaganda Fide lhe envia, a qual em todo o caso querendo colher j? na terra algum proveito, ficou com as egrejas mais ricas e na partilha deu-nos as que mais despezas tinham.
Mas o mal est? feito e n?o haver? coragem para o remediar! Apezar d'isso n?o posso deixar de dizer, que me parece isto demasiado apego a antigas regalias, mas visto que as temos, julgo que d'ellas poderiamos tirar melhor proveito, tomando-as como base de novas negocia??es com a Santa S?, para regularisarmos por exemplo a nossa Egreja africana, estabelecendo-lhe uma ac??o mais definida, uma jurisdic??o mais completa, o que alliado a uma sabia e bem orientada propaganda, nos daria maiores e melhores resultados, quer debaixo do ponto de vista da civilisa??o, quer debaixo do ponto de vista politico e patriotico, servindo de grande auxiliar ? fixa??o da nossa soberania. N?o seria assim aquella verba, embora na mesma orienta??o evangelica, mais proveitosamente gasta? Creio que sim, como tambem creio que Roma se daria por satisfeita.
Pois que? n?s que tanto elogiamos o que no estrangeiro se faz, n?s que tanto imitamos o que outros organisam, tendo ali ao p? da porta uma na??o que t?o sabiamente administra um enorme paiz, em tudo parecido com o pequeno retalho que nos pertence, n?o encontraremos n'essa administra??o e na sua organisa??o em geral, coisa alguma que nos sirva? De certo que encontramos.
?, pois, da mais absoluta necessidade, transformar aquella organisa??o, alliviando o or?amento de t?o pesada verba, remodelando e desenvolvendo a guarda fiscal, n?o militar, embora disciplinada e a policia rural, t?o proveitosa e util, aproveitando as aptid?es dos elementos indigenas, que as teem e muito apreciaveis como vi por todo o Indust?o, em vez de transportar para um clima deprimente soldados europeus, que se anniquillam e desmoralisam na vida enervante e sedentaria dos quarteis! Guardadas as devidas propor??es, sustentando n?s uma for?a militar de 3:000 e tantos homens e 191 officiaes para uma popula??o de 586:000 habitantes, a Inglaterra teria de sustentar um exercito de 900:000 homens, em vez de 200:000, entrando n'este numero a for?a indigena em numero de 130:000 homens aproximadamente.
Portanto, repetimos, a unica maneira de tirarmos directa ou indirectamente, algum proveito dos enormes sacrificios a que aquelle contracto nos obriga e cujas consequencias ainda podem vir a ser mais desastrosas do que j? foram, por isso que o artigo 28.? reconhece ? companhia o direito de, passado um primeiro periodo de trinta annos, que termina em 1910, entregar ao governo a linha, telegrapho e outras obras executadas pela importancia realmente dispendida, isto ?, 1.500:000 libras approximadamente, ? desenvolver a navega??o, facilitando e garantindo as commodidades que o commercio maritimo deseja e exige.
S?o estas, julgamos n?s, as quest?es mais importantes e de maior alcance economico, a tratar na moderna administra??o da India, que seriam resolvidas com relativa facilidade aproveitando melhor as suas condi??es naturaes, os seus habitantes, e os 977 contos da sua receita cobrados em geral sem difficuldades, pois basta dizer que o anno passado n?o se processou a falta de pagamento de uma decima!
Antes de terminar, dir-vos-hei muito rapidamente alguma coisa dos costumes e religi?o dos povos da India em geral, o que, com pequenas modifica??es, se applica ? nossa India, cujas ra?as teem intima affinidade com as que se encontram em toda a peninsula.
Os indigenas dividem-se em quatro castas fundamentaes, duas nobres e duas plebeias. As nobres s?o Brahmanes e Charod?s, as plebeias os Vaix?s e os Sudras. A estas castas s?o attribuidos os quatro servi?os, sacerdotal, militar, industrial e servil. Al?m d'estas castas ha os parias, ou farazes, que s?o producto illegitimo do commercio entre castas diversas, e est?o abaixo de toda a classifica??o.
Os brahmanes nasceram da cabe?a de Brahma, e por isso s?o destinados ? sciencia e ao ensino, os Charod?s vieram dos bra?os, s?o os que governam e commandam, os Vaix?s do ventre, s?o os que trabalham no commercio e na agricultura, os Sudras dos p?s e fazem todos os servi?os mais ordinarios. Al?m dos indus, encontram-se os Parsis, os Mulsumanos, os Africanos e os descendentes, que s?o brancos nascidos na India, de paes europeus e que durante muitos annos occuparam quasi todos os cargos na administra??o e no militarismo.
O principio das castas ? rigorosamente mantido, o filho segue invariavelmente a vida do pae, ninguem tem o direito de sair da esphera de ac??o que lhe ? marcada pelo nascimento, liga??o entre castas differentes n?o pode admittir-se e t?o arreigada est? esta id?a, que mesmo entre indigenas christ?os, e que o s?o ha mais de duas ou tres gera??es, quando querem contrair matrimonio nunca deixam de procurar noiva em familia, que tenha origem egual ? sua. Atravez os seculos as leis de Man? conservam a sua influencia. Mysterios de atavismo.
Os sacerdotes e os gentios de castas superiores depois de comerem pintam na testa varios symbolos indicativos da seita a que pertencem: Os sectarios de Vichnu usam tres tra?os verticaes, os de Siva tres tra?os horisontaes. Estes tra?os s?o feitos com cinza de bosta de boi secca, com lodo do Ganges, com a?afr?o ou com tinta vermelha extra?da do Cucomb.
Antes de comer tomam sempre banho, conservando durante algum tempo um bochecho de agua na bocca: depois sentam-se no ch?o, e servem-se sobre folhas de bananeira. O terreno, que serve de mesa ? primeiro barrado com bosta de boi. Antes de come?arem a comer percorrem, com a m?o as bordas da folha que lhe serve de prato e tomando cinco bocadinhos de alimento, por duas vezes, offerecem-os aos Deuses e aos cinco sentidos. Em seguida comem no mais absoluto silencio. Fui hospede durante alguns dias de um importante personagem gentio, que me tratou admiravelmente, mas naturalmente obriguei-o a tomar maior numero de banhos, porque a minha presen?a era sufficiente para se julgar poluido, n?o podendo comer, resar, etc., sem proceder a previas ablu??es.
A mulher indiana est? bem longe de disfructar a millesima parte da liberdade que tem a mulher europeia, e n?o ser? ali que facilmente entrar?o as modernas id?as do feminismo.
A indiana n?o tem nem gosa dos mais pequenos direitos. Vive sempre na mais absoluta dependencia primeiro, do pae, depois do marido e dos filhos masculinos. As leis de Man? determinam que a mulher nunca p?de conduzir-se pelo seu proprio criterio. Os casamentos contractam-se na infancia, mas s? se effectuam na idade appropriada. Caso o futuro marido morra antes de ter effectuado o casamento, a noiva fica viuva para todos os effeitos e n?o p?de tornar a casar. Antigamente as viuvas faziam o sacrificio ? deusa Satty, deitando-se na fogueira, que consumia o cadaver do marido. Hoje, devido aos esfor?os do governo inglez, p?de considerar-se abolida esta pratica, calculando-se que existem mais de 20 milh?es de viuvas que n?o existiriam se ainda lhes fosse permittido o sacrificio.
Se acontece a mulher morrer antes do decimo dia, ent?o fazem-se coisas extraordinarias.
Quebram-lhe as articula??es dos bra?os e das pernas, cravam-lhe na cabe?a um prego e o corpo sae por um buraco que se abre na parede e logo se fecha. Isto tudo se faz para que a morta n?o possa voltar para traz e n?o saiba entrar em casa, visto imaginarem que o espirito s? pode entrar por onde sahio o corpo. ? uso entre os gentios a incinera??o, por isso n?o ha mausoleus, limitando-se a plantar no logar da queima a arvore Tussoly, pela qual tem grande venera??o. Tambem ? muito venerada a Veddo ou Ficus Religiosa, porque os seus ramos esconderam a deus Chrisna, quando menino, aos olhos dos seus perseguidores. Os brahmanes, reconhecidos por este servi?o, introduziram as praticas de dar algumas voltas em roda da arvore, collocar-lhe fl?res ao p? do tronco e espargil-a com agua.
Budha foi absorvido no brahmanismo e das altera??es que lhe foram successivamente introduzindo, resultou o neo-brahmanismo. A trimurty ou trindade indu, comp?e-se de Brahma, que cria, Vichnu, que conserva, e Siva, que destroe. Os livros sagrados s?o Riga-Veda, Jaiur-Veda, Sama-Veda, e Atarva-Veda. A alma soffre varias transmigra??es antes de entrar no Cal?s, o paraiso de Siva. Vichnu tem apparecido no mundo nove vezes debaixo de encarna??es differentes ou avatares, de Peixe, de Tartaruga, de Javali, meio homem meio le?o, brahmane an?o, Purisseramo, Rama, Crisna e Budha, vae agora para a decima, chamada Calunguy, em que apparecer? em forma humana, com tres bra?os, montado n'um cavallo branco alado. Esta appari??o ter? logar no fim do periodo que vamos atravessando, isto ?, d'aqui por uns 430 e tantos mil annos. Como se v? indus s?o prodigos nos seus calculos. A terra tem de atravessar quatro periodos. O primeiro chamado Critayuga, durou um milh?o 728:000 annos, o segundo Tritayuga, um milh?o 2:960, o terceiro Duapar 864:000. No fim do quarto, tudo se desfar? e voltar? ao chaos de onde saiu. Quem sabe se elles ter?o raz?o?
Como v?des, meus senhores, pouco interesse vos poder? ter merecido esta desataviada exposi??o, e por isso mais vos agrade?o a vossa benevola atten??o. Para concluir passarei a mostra-vos algumas projec??es photographicas.
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