Read Ebook: Ensino intuitivo livro destinado às mães e paes de familia e às professoras e professores de instrucção primária by Telles Jo O Jos De Sousa
Font size:
Background color:
Text color:
Add to tbrJar First Page Next Page
Ebook has 957 lines and 28159 words, and 20 pages
Rita Farinha
ENSINO INTUITIVO
LIVRO DESTINADO ?S M?ES
PAES DE FAMILIA
E ?S
PROFESSORAS E PROFESSORES DE INSTRUC??O PRIMARIA
POR
JO?O JOS? DE SOUSA TELLES
Socio honorario da Sociedade das Sciencias Medicas de Lisboa, Socio honorario da Sociedade Pharmaceutica Lusitana
PROFESSOR DE PORTUGUEZ E INTRODUC??O ? HISTORIA NATURAL
LISBOA
FERREIRA, LISBOA & C.^a 132--Rua Aurea--134
ENSINO INTUITIVO
ENSINO INTUITIVO
LIVRO DESTINADO ?S M?ES
PAES DE FAMILIA
E ?S
PROFESSORAS E PROFESSORES DE INSTRUC??O PRIMARIA
POR
JO?O JOS? DE SOUSA TELLES
Socio honorario da Sociedade das Sciencias Medicas de Lisboa, Socio honorario da Sociedade Pharmaceutica Lusitana
PROFESSOR DE PORTUGUEZ E INTRODUC??O ? HISTORIA NATURAL
LISBOA
FERREIRA, LISBOA & C.^a 132--Rua Aurea--134
LISBOA
TYPOGRAPHIA UNIVERSAL DE THOMAZ QUINTINO ANTUNES IMPRESSOR DA CASA REAL
Ill.^ e Ex.^ Sr. Conselheiro Jos? Silvestre Ribeiro
? sympathico o assumpto; creio que ? mais um brado pedindo a t?o necessaria reforma do ensino infantil e primario na casa paterna e na escola, que t?o pouco tem ainda de paternal. Ser? perdido, como os que o viajante extraviado soltaria no deserto, implorando o favor dos homens? Talvez.
Incessantemente ha clamado o nosso probo amigo o Sr. Visconde de Castilho, e nem aquella potentissima intelligencia, nem aquella phrase, que nos faz acreditar a fabula de Orph?o, nem a auctoridade d'aquella quasi intui??o do bom e do bello ha conseguido, que amanhe?a para as criancinhas o dia da sua regenera??o intellectual.
N?o serei eu mais feliz; mas dar-me-hei por bem pago do trabalho, que puz em escrever estas paginas, se uma s? m?e, que seja, ou um s? mestre, aproveitar os conselhos, que lhes dou, e se, quando mais n?o obtenha, uma criancinha me dever algumas lagrimas de menos e algum bom ensinamento a mais.
En vous offrant ce livre, je n'ai qu'un but, c'est de rattacher mes paroles aux v?tres, c'est d'?tayer leur faiblesse de votre force, ma raison de votre raison. Je veux qu'on dise un jour: Ceux-ci ont connu les veritables biens, ils se rencontr?rent dans la m?me foi, ils s'aim?rent devant le m?me Dieu.
Admirador muito amigo
Jo?o Jos? de Sousa Telles.
Lisboa 7 de julho de 1873.
ENSINO INTUITIVO
O livro, que hoje public?mos, ? uma tentativa modesta de acclima??o de uma id?a excellente, que l? por f?ra tem produzido optimos resultados.
Applaudem-na unanimes os mais insignes pedagogistas inglezes, allem?es, americanos, francezes, e belgas; e ainda que tantos homens competentissimos em assumptos de ensino e educa??o nol-a n?o apregoassem famosa, bastaria a simples enuncia??o d'ella, para que enthusiasticamente a adoptassemos.
Antes, por?m, de exp?rmos minudenciosamente a id?a nova, e nova lhe cham?mos attendendo ao pouco que se tem vulgarisado em Portugal, de raz?o nos parece conversarmos amigavelmente com o leitor ?cerca de alguns pontos da educa??o e instruc??o elementar.
? a educa??o da puericia e da juventude a mais gloriosa e ao mesmo tempo a mais difficil obriga??o, que Deus impoz ao homem e ? mulher.
? luz da philosophia e da moral, a paternidade e a maternidade consistem menos em gerar o infante, do que em desenvolver-lhe e aperfei?oar-lhe incessantemente as faculdades da alma e do corpo, at? que possa cumprir os seus deveres e arrostar as contrariedades da vida na curta, mas trabalhosa peregrina??o, que principia no ber?o e acaba no tumulo.
Incumbe, pois, aos paes empregar todos os meios ao seu alcance, para que os filhos, creaturinhas imbelles, que a Providencia confiou a seus cuidados, cheguem no mais curto espa?o de tempo, e pelo emprego de processos razoaveis, amenos, e repassados de amor e ternura ao estado de perfei??o physica, intellectual e moral, que constitue o homem, tal qual deve ser, tal qual Deus quer que elle seja, tal qual a sociedade bem organisada o requer, para obreiro prestadio da civilisa??o.
Infelizmente, nem todos os paes conhecem os seus deveres; e dos que os conhecem, muitissimos ha, que os n?o cumprem, ou por modo mui imperfeito se desempenham d'elles.
D'esta ignorancia e negligencia funestissimas provem os maiores males, que affligem a humanidade, males para os quaes a maior parte das vezes n?o ha remedio.
Estamos na via publica. De toda a parte se nos apresentam crean?as esfarrapadas, semi-nuas, esqualidas, famintas, petulantes; revolvem-se umas na lama e no p?; dormem outras, tiritando, ? chuva e ao vento; estas divagam estendendo a m?o asquerosa e pedindo uma esmola aos que passam; aquellas soltam dos labios rosados palavras, que fazem enrubecer os que as ouvem.
Chamae-as, e perguntae-lhes quem alli as deixou, fl?res no esterquilinio, passarinhos implumes entre abutres esfaimados, anjos manchando as azas na sujidade das cal?adas.
Responder-vos-h?o: Nossas m?es e nossos paes.
Ides vosso caminho, alegre, tranquillo, olhando em redor, vendo prepassar trens sumptuosos, soberbos cavallos, mulheres elegantes, homens felizes e descuid?sos. Chega-vos aos ouvidos um echo, um gemido, um choro infantil; olhaes...
Que v?des?
Na soleira de um portal, vestida em uns andrajos, quasi morta de fome e de frio uma criancinha, cujas faces, em vez de serem orvalhadas pelas lagrimas da materna alegria, e aquecidas pelos beijos fervidos da que lhe deu a existencia, se humedecem com as lagrimas da amargura infantil.
Levantae o pobresinho, apertae-o contra o peito, osculae aquella carinha de jasmim e rosas, e perguntae-lhe:
Anjo meu, que barbaros te deixaram aqui abandonado?
Add to tbrJar First Page Next Page