bell notificationshomepageloginedit profileclubsdmBox

Read Ebook: A Vista Alegre: apontamentos para a sua historia by Gomes Marques

More about this book

Font size:

Background color:

Text color:

Add to tbrJar First Page Next Page Prev Page

Ebook has 118 lines and 11737 words, and 3 pages

No periodo decorrido de 1836 a 1840, foi enorme a produc??o do vidro, e todo da melhor qualidade, pois alguns dos productos fabricados n'esta epocha s?o de uma perfei??o inexcedivel.

Quando n'aquelle anno o fabrico da porcelana entrou na phase de aperfei?oamento e progresso a que j? nos referimos, o do vidro principiou a decahir consideravelmente at? que cessou de todo em maio de 1846.

Em meados de 1848 continuou a fabricar-se mas em muito menor quantidade e esta mesma s? de liso, pois os lapidarios e floristas, durante aquelle interregno, uns tinham ido para a fabrica da Marinha Grande, outros applicaram-se a outros misteres, de f?rma que os tempos aureos da fabrica??o do vidro na Vista Alegre, passaram para nunca mais voltarem.

Em 1880 acabou de todo a fabrica de vidro, demolindo-se o respectivo forno, mas mesmo j? at? a esta epocha eram grandes as interrup??es que se davam com o seu fabrico, estando por vezes muitos mezes sem trabalhar.

Annexo ? fabrica de porcelana e vidro, houve tambem um laboratorio chimico, e a elle se referem os reaes Alvar?s de 1 de julho de 1824 e 3 de mar?o de 1826. Foi fundado como aquellas fabricas em 1824. De 1827 a 1832 teve por director D. Euzebio Roiz, official de cavallaria do exercito hespanhol e chimico muito distincto, que veio para Portugal como emigrado em 1820. Depois da sua sahida acabou o laboratorio, do qual n?o podemos obter mais noticias.

Com o fim de crear artistas habeis para as duas fabricas de porcelana e vidro, fundou em 1826 o snr. Jos? Ferreira Pinto Basto, na Vista Alegre um collegio com o internato, onde se ensinava, al?m d'um dos misteres da fabrica, instruc??o primaria e musica.

A inaugura??o foi feita com grande solemnidade, vindo assistir a ella o fundador.

Os primeiros alumnos admittidos foram treze, e o director Jos? Vicente Soares, de Penafiel. Esta institui??o acabou em 1842, chegando a ter nos ultimos annos quarenta alumnos.

O panno de bocca e bem assim o tecto foi pintado pelo director da officina de pintura Chartier Rousseau. Aquelle representa a Vista da Praia Grande de Macau, e este Apollo e as nove musas.

Como dependencia do collegio organisou-se tambem em 1826 uma phylarmonica privativa da fabrica, e composta unica e exclusivamente de operarios d'ella.

Esta phylarmonica ainda continua a existir e tem tido desde o seu principio at? hoje os seguintes regentes:--Jos? Vicente Soares, de 1820 a 1828: Prudencio Apolinario, de 1830 a 1834; Filippe Marcelino Classe, de 1834 a 1838; Antonio Dias, de 1838 a 1845: Jo?o Antonio Ferreira, de 1847 a 1851; Antonio Dias, de 1852 a 1866; e Joaquim Martins Rosa, de 1867, em diante.

Os pruductos da fabrica da Vista Alegre tem sido premiados com medalhas de cobre e prata em todas as exposi??es do Londres, Paris, Philadelphia, Vienna d'Austria, Rio de Janeiro e Internacional do Porto.

A fabrica da Vista Alegre tambem tomou parte muito activa nos acontecimentos politicos de 1846 e 1847. Quando em 14 de maio d'aquelle anno a cidade de Aveiro adheriu ao pronunciamento popular iniciado no Minho, a popula??o operaria da Vista Alegre pronunciou-se tambem e fraternisando com os que n'aquella cidade se haviam revolucionado, marchou com elles para Cantanhede e d'aqui para Coimbra, a fim de receber ordens e instruc??es da junta governativa, que ali se havia installado. De Coimbra marcharam os operarios da Vista Alegre e os populares d'Aveiro para Villa Nova de Gaya, onde se conservaram at? que o Porto adheriu tambem ? causa que elles defendiam.

No dia 28 de outubro fez o batalh?o da Vista Alegre, pois era assim que era conhecido, a sua entrada no Porto, indo ? sua frente o Visconde de S? da Bandeira, que chegando n'esse mesmo dia de Lisboa, quiz honrar os valentes operarios, commandando-os n'aquelle dia.

Organisando-se a divis?o com que o Visconde de S? da Bandeira, devia operar em Traz-os-montes contra as for?as do Bar?o do Casal, o batalh?o da Vista Alegre foi um dos escolhidos para d'ella fazerem parte, e como tal entrou na ac??o de Valle Passos, que teve logar em 10 de novembro. S?o bem conhecidos os resultados d'esta ac??o, para que os relatemos aqui. Como o nosso proposito ? s? fallarmos da Vista Alegre, diremos que o batalh?o d'este nome, entrou com galhardia em fogo sustentando-o com vigor at? mesmo depois da deser??o dos regimentos 3 e 15 de infanteria. N?o podendo, por?m, resistir ao choque da cavallaria e ao d'um d'aquelles regimentos, que o carreg?ra ? bayoneta, o batalh?o retirou com alguma confus?o para a rectaguarda, unindo-se depois ao resto das for?as com que S? da Bandeira voltou para o Porto.

Durante o resto da lucta n?o tomou parte em qualquer outro combate, mas guarneceu por vezes differentes pontos das linhas e alguns d'elles muito importantes, at? que teve de dep?r as armas como as demais for?as populares, em virtude da conven??o assignada em Gramido em 21 de junho de 1847.

Fizemos j? a historia da fabrica, ? justo que agora d'ella fa?amos descrip??o ainda que rapida, e que digamos tambem alguma cousa do systema de fabrico n'ella empregado.

DESCRIP??O DA FABRICA

? modestissima a apparencia exterior da fabrica, de f?rma que a impress?o por ella produzida ao forasteiro que pela vez primeira a visita, nem por sombras lhe dar? a conhecer que elle se acha frente a frente com um dos mais importantes estabelecimentos industriaes n?o s? do paiz, mas at? da Peninsula.

Correndo parallelos com um grande parque, pelo lado do norte, est?o os armazens da lou?a branca e pintada, loja de vendas e escriptorio.

S?o vastos os armazens de deposito de lou?a pintada e branca, especialmente o d'esta ultima, que era onde antigamente estavam os fornos de estender vidra?a.

? provisoria a casa onde est?o os productos que comp?em o chamado muzeu da fabrica, o que ? deveras para lamentar, pois tornam-se dignos d'uma boa colloca??o, a fim de poderem ser examinados e apreciados, como merecem.

A estancia das lenhas fica ao norte do edificio e est? completamente isolada d'elle. Mede 67,m60 de comprimento e 52,m de largura. A sua superficie ? rectangular, tendo ? volta, os telheiros que abrigam a lenha das chuvas.

D'aquelle pateo passa-se para as officinas da olaria. S?o duas salas bastante espa?osas, onde ha 38 rodas d'oleiro; junta a estas est? uma outra mais pequena, que ? a officina de aprendisagem e deposito de modelos. Junto d'aquellas ha um terreno ajardinado onde est?o os telheiros para seccar a lou?a.

? direita d'aquelle corredor fica a lithographia. Montada, segundo todas as exigencias do fim a que ? destinada, funcciona apenas de 1880 em diante. S?o bastante satisfatorios os resultados obtidos pelo processo lithographico, que tem a grande vantagem de ficar muito mais barato do que o geralmente seguido na pintura da porcelana, e aqui desde principio adoptado.

Da sala da pintura desce-se para o deposito do barro preparado e casa da amassadura, e d'aqui para a officina de tritura??o, onde se acham montados as galgas e pis?es a que d? movimento uma machina a vapor.

Para al?m da machina est?o as estufas para seccar areia, alimentadas com o calor perdido das caldeiras, um torno a que ella d? movimento, e as officinas de serralheria. Parallela com esta parte do edificio, que ? a mais vasta de todo elle, fica a estancia do carv?o e differentes telheiros para a secca do barro. Proximo, est? a officina de lavagem e escolha de materiaes empregados no fabrico da porcelana.

Os fornos, esses, tres ficam pouco acima d'estas ultimas officinas, e o outro que ? o maior, junto ao deposito da lou?a branca, ao p? do qual fica tambem a officina de vidrar.

Ao norte da casa dos tres fornos e do lado fronteiro do caminho do servi?o da fabrica fica a officina de esculptura, o laboratorio em que se opera a solu??o do oiro e prepara??o de algumas tintas. Est? tambem ahi junto a caldeira para a calcina??o do gesso.

As materias primas empregadas no fabrico da porcelana s?o em toda a parte, em que ella se fabrica, as argilas kaulinicas, o quartzo e o feldspatho. Aquellas, v?em para a Vista Alegre, de Valle Rico, concelho da Feira e este de Villa Me?, Mangualde e Porto.

As argilas kaulinicas s?o aqui lavadas e passadas por peneiras a fim de se separarem os corpos em diversos estados de aggrega??o. As areias grossas que dellas ficam s?o depois empregadas como quartzo.

O quartzo e o feldspatho s?o escolhidos primeiramente tambem afim de evitar que levem grandes por??es d'oxido de ferro, que ordinariamente lhe anda unido, depois calcinam-se e levam-se para as galgas.

Os differentes materiaes que h?o de comp?r a porcelana, depois de devidamente moidos e lavados s?o compostos e em seguida levados ?s m?s horisontaes para os moer e misturar, e em seguida guardados em depositos at? adquirirem um certo grau de consistencia.

Bem seccas as pe?as que sahiram da roda do oleiro, ou dos moldes, procede-se ao seu enfornamento, collocando-se primeiramente dentro das gazetas ou sem ellas.

Recebida esta primeira cosedura, v?o para a officina de vidrar. O vidrado ? dado por immers?o das pe?as dentro d'uma grande tina em que se acham diluidos em agua os corpos que comp?em o esmalte.

As pe?as mettem-se e tiram-se rapidamente ficando tambem logo seccas como se n?o houvessem recebido banho algum.

O vidrado ? tirado dos pontos de contacto e dado nos pontos em que a pe?a n?o o poude receber na parte coberta pela m?o. Os retoques s?o feitos com pincel.

Feito o enfornamento, em que trabalham oito forneiros e um trabalhador, accendem-se as quatro fornalhas que tem o forno, fazendo para que a intensidade do lume, seja a mesma, e ao mesmo tempo em todas as fornalhas, a fim de estabelecer a uniformidade da temperatura.

Conhecendo-se que est? completa a cosedura, tira-se a lenha das fornalhas, diminuindo gradualmente d'este modo o calor dentro do forno, e conservando a lou?a dentro d'elle at? que esteja completamente fria, para ent?o se come?ar a desenfornar.

De entre as pe?as vidradas separam-se ent?o as que tem de ser pintadas, para o que s?o conduzidas para um armazem junto ?s salas da pintura.

S?o muitas as c?res usadas na pintura da porcelana, quasi todas vitreficaveis e obtidas por meio de combina??es de oxidos, saes metallicos e fundentes.

Os oxidos empregados de preferencia s?o o oxido de choromio, o de ferro, o de uranio, de manganez, de zinco, de cobalto, de antimonio, de cobre, de estanho e de iridium.

Os principaes saes empregados s?o o chromato de ferro, de barita, de chumbo e algumas vezes o chloreto de prata.

MACHINAS E FORNOS

A machina a vapor, collocada na officina de tritura??o, a que j? nos referimos, foi feita em Lisboa por Bachelay. Tem duas caldeiras de fogo central e for?a de 14 cavallos. Foi assente em 1855 por Daniel Werlong, artista de raro merito com o curso de artes e officios em Paris, que durante alguns annos dirigiu a officina de serralheria da fabrica.

A chamin? que d? vas?o ao fumo das caldeiras tem 14,m de altura e foi construida em 1879, por operarios do estabelecimento.

A machina communica movimento por meio d'uma correia sem fim, a um tambor fixo no veio principal o qual o transmitte por meio de engrenagens aos differentes engenhos destinados a moer e misturar os materiaes, empregados no fabrico da porcelana.

Ha quatro fornos destinados para coser a porcelana, todos com a f?rma cylindrica, construidos com tijolos refractarios fabricados no estabelecimento. Cada um d'elles tem quatro fornalhas e dois andares; o maior tem cinco.

No inferior colloca-se a lou?a que tem de ser esmaltada, elevando-se a temperatura ao rubro branco, e no superior a que tem apenas a receber o calor brando ou pequeno fogo que lhe d? o poder absorvente para ser vidrada.

Cont?m varios compartimentos formados por folhas de ferro, a que servem d'apoio cal?os tambem d'argila refractaria.

Escripta a historia da fabrica e feita a descrip??o d'ella, nada mais nos resta do que apresentar uma resenha dos seus administradores, directores, mestres de pintura e manufactura de porcelana, que ? o que vamos fazer. Eil-a:

Add to tbrJar First Page Next Page Prev Page

 

Back to top