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Read Ebook: Livro de Consolação: Romance by Castelo Branco Camilo

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Ebook has 1378 lines and 58284 words, and 28 pages

BIBLIOTHECA--MOR?

LIVRO DE CONSOLA??O

ROMANCE

POR

CAMILLO CASTELLO BRANCO

N?o nos sirva de medo ou de desvio V?r como vai o mundo concertado.

PORTO VIUVA MOR?--EDITORA PRA?A DE D. PEDRO -- 1872

LIVRO DE CONSOLA??O

PORTO--IMPRENSA PORTUGUEZA

LIVRO

CONSOLA??O

ROMANCE

POR

CAMILLO CASTELLO BRANCO

N?o nos sirva de medo ou de desvio V?r como vai o mundo concertado.

PORTO VIUVA MOR?--EDITORA PRA?A DE D. PEDRO -- 1872

A SUA MAGESTADE

O SENHOR DOM PEDRO SEGUNDO

IMPERADOR DO BRAZIL

SENHOR

Eu n?o solicitei licen?a para dedicar a VOSSA MAGESTADE IMPERIAL este livro que representa um trabalho--palavra sagrada que nobilita e exalta os mais futeis lavores do espirito. Vi por esta lente de ambicioso alcance a pequenez da offerta, para que me n?o fallecesse a affoiteza de ir depor na livraria de VOSSA MAGESTADE as paginas estereis da historia d'umas paix?es triviaes da vulgaridade, do mal.

Al?m de que, SENHOR, quando eu escrevia estas linhas, em frente da cadeira onde VOSSA MAGESTADE se assentou, no escriptorio do operario, esqueci-me de que ? Imperador do Brazil Aquelle a quem as envio; e vejo t?o s?mente o sabio, o modelo de principes que, ao descerem at? aos pequenos, deixam o diadema em altura onde mais subidos v?o os respeitos.

Desde o momento que VOSSA MAGESTADE me honrou a obscuridade, fazendo-me sentir que vinte e dous annos de incessante lidar mereciam o galard?o de alguns minutos gloriosos, tambem eu cobrei alentos para chegar at? ? meza de estudo do douto Imperador, e esperar ahi uma hora muito feriada de leituras proveitosas para ent?o LHE offerecer com respeitosa confian?a um livro de mero desenfado, pois n?o tenho mais nada com que possa significar a VOSSA MAGESTADE a minha gratid?o. De VOSSA MAGESTADE IMPERIAL

o mais reverente criado

INTRODUC??O

Le r?sultat de l'art... c'est l'adoucissement des esprits et des moeurs, c'est la civilisation m?me.

Em uma tarde de agosto de 1867, passeava eu, com um amigo de aprazivel tracto, nos arrabaldes de Lisboa, e compar?vamos a desamena e ?rida vegeta??o d'aquellas g?ndaras com os arvoredos e verdejantes valles do Minho.

Alli por perto de Odivelas me disse o meu amigo Luiz da Silva:

--Entremos por esta azinhaga que n?o tem sahida. Isto vae dar ?quella casinha branca. M?ra l? um velho a quem te vou apresentar. Mas quem sabe se o homem morreu?! Ha tres annos que o n?o vi...

--Tem esse sujeito--perguntei eu com a minha natural magnanimidade de immortalisador--passagens na vida dignas de chronica?

--Tem, e magnificas.

--Capazes de um volume de 250 paginas em 8.??

--Isso n?o sei. A biographia d'este homem ? uma infelicidade vulgar, que, todavia, fez grande estrondo; mas os naufragios do cora??o parecem-se aos do mar: abre-se um abysmo, que sorve centenares de vidas, e d'ahi a pouco nenhum vestigio sobrenada ? flor das ondas; assim succedeu na procella que sossobrou o velho que vaes v?r.

--Fez grande estrondo, disseste ahi tu! Mas eu, attento aos escandalos estrondosos do meu paiz, n?o me lembro d'isso...

--N?o eras ainda nascido.

--Ah! eu n?o era ainda nascido? Isso ent?o ? caso muito antigo...

--Um pouco depois da edade-media--replicou Luiz da Silva.

E d'esta f?rma gracejando por conta da nossa velhice, entestamos com uma porta estreita e baixa pertencente ao quintal da casinha branca.

O meu amigo bateu duas aldravadas na porta.

--Est? aberta; levante o ferrolho quem ?--disse uma voz de dentro.

--? vivo o homem!--disse Luiz, entrando.

Caminhamos por debaixo de uma parreira, cujos pilares se vestiam de fest?es de rozeiras vulgares e descuradas, alastrando-se por terra, e formando alcatifa de rosas murchas. Ao cabo da fresca e assombrada avenida, encontramos um caramanchel enverdecido de trepadeiras, e l? dentro um anci?o sentado em escabello de corti?a, afagando um gato maltez que lhe dormitava sobre os joelhos, e com pachorrento desdem entre-abriu os olhos ? nossa chegada.

O velho formou com a m?o direita um quebra-luz sobre os oculos verdes que pareciam coar-lhe aos olhos escassa claridade, e disse com prasenteiro semblante:

--Quem me faz a honra?...

Depois da apresenta??o, o sujeito, para quem o meu nome n?o era inteiramente desconhecido, disse ao meu amigo:

--Vi o que Salom?o via em tudo: vaidade.--Respondeu, sorrindo, o meu companheiro.

--Ent?o, caro senhor meu, n?o s? viu, mas estudou muito--volveu Venceslau Taveira, afagando o lubrico dorso do gato que, estrouvinhado pela incommoda palestra, se remechia no rega?o do dono, resmuneando, e afofando o ninho para recome?ar o seu placido dormir.--Escusava de sahir de si proprio, snr. Silva, para v?r o homem qual ? em toda parte--proseguiu o velho.

--Na honra e na virtude--emendou Luiz da Silva.

--Agora vejo que n?o estudou nada... Vaidade, tudo vaidade, e... algumas lagrimas.

E, voltado contra mim, perguntou:

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