Read Ebook: Suomen kultainen kirja I by Wettenhovi Aspa Sigurd Raekallio J Translator
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Ebook has 625 lines and 31399 words, and 13 pages
Translator: C?ndido de Figueiredo
Notas de transcri??o:
Este texto ? uma transcri??o do original de 1905, tendo-se actualizado a grafia para a variante europeia da l?ngua portuguesa .
Foram corrigidos alguns erros tipogr?ficos evidentes.
VAMIR?
ROMANCE DOS TEMPOS PRIMITIVOS
Traduzido de J. H. Rosny
POR
C?NDIDO DE FIGUEIREDO
LISBOA LIVRARIA EDITORA VI?VA TAVARES CARDOSO 5, Largo do Cam?es, 6 1905
VAMIR?
ROMANCE DOS TEMPOS PRIMITIVOS
VAMIR?
ROMANCE DOS TEMPOS PRIMITIVOS
Traduzido de J. H. Rosny
POR
C?NDIDO DE FIGUEIREDO
LISBOA LIVRARIA EDITORA VI?VA TAVARES CARDOSO 5, Largo do Cam?es, 6 1905
PALAVRAS DO TRADUTOR
Referia-se a narrativa aos tempos primitivos da humanidade, e atestava t?o raros predicados de artista e t?o vasto conhecimento da pr?-hist?ria natural, que senti a tenta??o de a verter para a nossa l?ngua.
N?o obstante a dificuldade de uma vers?o exacta do romance, procurei remover ou atenuar essa dificuldade, e estampei alguns cap?tulos na imprensa peri?dica desse tempo, verificando que o conceito de apreciadores competentes autorizava o conceito que a obra me inspirava.
Decorreram alguns anos e, relendo o meu desambicioso trabalho, ainda entendi que valia a pena reduzi-lo a livro, n?o pela tradu??o em si, mas pelos predicados essenciais da obra do sr. J. H. Rosny.
E, assim, eu pr?prio, seduzido porventura pelo brilho encantador da concep??o do sr. Rosny, e pelo esplendor imprevisto da sua linguagem, reproduzi formas, que eu relegaria de trabalhos originais meus, mas que s?o caracter?sticas de um grande talento insubmisso, que se espraia, poderoso e intemerato, nas estepes e florestas do mundo pr?-hist?rico.
Os puristas absolver-me-?o pois de uma ou outra condescend?ncia com brilhantes ousadias, e os leitores de romances ter?o neste livro um salutar correctivo ? roman?ada piegas, que entulha as livrarias, e desvela as noites da mocidade ing?nua.
Lisboa, 1 de Janeiro de 1905.
VAMIR?
ROMANCE DOS TEMPOS PRIMITIVOS
Guerra nocturna
Foi h? vinte mil anos.
Nas plan?cies da Europa, ia extinguir-se o mamute, as grandes feras emigravam para o pais da Luz; a rena fugia para o setentri?o. O auroco, o uro, o veado apascentavam-se na erva das florestas e das plan?cies. O urso colosso, muitos tempos antes, havia j? passado al?m da regi?o das cavernas.
Esp?cie de boi selvagem. .
Os homens da Europa, os grandes dolicoc?falos, achavam-se ent?o disseminados desde o B?ltico ao Mediterr?neo, desde o Ocidente ao Oriente. Habitantes das cavernas, mais relacionados que os seus av?s da idade da pedra, mas sempre n?madas, a sua ind?stria elevava-se, a sua arte era graciosa. Esbo?os tra?ados a buril fraco, t?midos mas fi?is, representavam a luta do c?rebro no encal?o do sonho, contra a brutalidade dos apetites. S?culos depois, com a invas?o asi?tica, a arte decair?, e o gracioso tipo daquela ind?stria s? reaparecer? ao cabo de longos per?odos.
Homens de cr?nio oval. .
Era no Oriente meridional, na esta??o em que as plantas abotoam.
Em quanto a vida palpitava nas trevas, feroz ou apavorada, arrojada ?s festas e ?s batalhas do amor ou da alimenta??o, veio juntar-se-lhe um pensamento. ? beira do rio, no pontal de uma rocha solit?ria, um vulto ressaiu da caverna dos homens, e ficou im?vel, taciturno, atento, olhando a revezes a estrela do Levante. Algum devaneio, algum esbo?o de est?tica astral, menos raro entre estes avoengos da arte do que em muitas popula??es hist?ricas, preocupava o madrugador. O vigor e a felicidade palpitavam nas suas veias; o h?lito da noite perfumava-lhe o rosto; e ele, na plena consci?ncia da sua for?a, fru?a, intemerato, os murm?rios e a calmaria da natureza virgem.
Ao estirarem-se os raios lunares, a paisagem entrou numa exist?ncia menos selvagem. Nos amieiros, havia fr?mito de asas dos elitros brancos; na plan?cie, nesgas entreabertas de para?so; em todas as coisas uma palpita??o sens?vel; t?midos protestos contra os pavores da sombra.
O homem, fatigado da imobilidade, caminhava ao longo do rio, com o passo cauteloso de quem procura presa. A quinhentos c?bitos, parou, ? espreita, de zagaia firme, na altura da testa. Pela orla de um bosquete de bordos, aproximou-se um vulto ?gil, um grande veado de dez pontas.
O ca?ador hesitou; mas a sua tribo devia estar muito provida de ca?a, porque o animal, sem ser perseguido, foi-se afastando, projectadas sobre a claridade avermelhada as pernas delgadas, a cabe?a repuxada para tr?s, todo o gracioso organismo em carreira.
--L?! L?!--disse o ca?ador, num movimento de simpatia.
O instinto predizia-lhe a aproxima??o de inimigo feroz, algum potente felino, que andaria ca?ando. Efectivamente, meio minuto depois, surgiu da banda de al?m da rocha dos trogloditas um leopardo, aos pulos, ligeiro como um raio. O homem preparou a zagaia e a clava, atento, de nariculas latejantes e nervos inquietos. O leopardo atravessou o rio como uma por??o de escuma, e imergiu nas sombras da perspectiva. E todavia o delicado ouvido do ca?ador ainda, durante alguns minutos, percebeu os passos da fera sobre a terra mole.
--L?! L?!--repetiu ele, levemente comovido, numa atitude de provoca??o grandiosa.
Decorreram minutos. As pontas da lua tornavam-se mais n?tidas; pequenos animais agitavam levemente as moitas da ribanceira; grandes batr?quios coaxavam sobre as plantas fluviais.
O homem libou a simples voluptuosidade de viver ante a magnific?ncia das grandes ?guas, a mesclada difus?o dos claros e dos escuros; depois, afastou-se de novo, ? escuta, de olhos afeitos ?s penumbras, espreitando as ciladas da noite.
--Hoi?--murmurou ele interrogativamente, refugiando-se na sombra de um moitedo.
Um rumor de galope, vago ao principio, aproximava-se, evidenciava-se. O veado reapareceu, t?o r?pido mas menos exacto na direitura da carreira, suando, de respira??o alta, ofegante. A cinquenta passos, o leopardo, sem fadiga, gracioso, j? triunfante.
O homem admirava, desgostoso, a pronta vit?ria do carn?voro, com um desejo crescente de intervir, quando sobreveio uma perip?cia terr?vel. L? em baixo, ? orla da moita de bordos, em pleno luar, ressa?a um vulto maci?o, em que, pelo rugido cavo, pelo salto de vinte c?bitos, e pela farta crina, o homem reconheceu a quase soberana fera,--o le?o.
O pobre veado, desorientado pela surpresa, deu uma volta precipitada e desastrosa, retrocedeu, e achou-se logo sob as garras cortantes do leopardo.
Luta r?pida, sangrenta; o arranco do veado agonizante; e o leopardo, sobressaltado, ficou im?vel: o le?o aproximava-se tranquilamente. A trinta passos, estacou, com um bramido, sem preparar assalto. O leopardo quatern?rio, corpulento, hesitou, furioso de se lhe ter malogrado o esfor?o, e pensando em aventurar-se a combater. Mas a voz do dominador, agora mais alta, reboou pelo vale, dando sinal de ataque, e o leopardo cedeu, afastando-se vagarosamente, de cabe?a voltada para o tirano, com um miar de raiva e de humilha??o. O outro despeda?ava o veado; devorava, a grandes peda?os, a presa roubada, sem pensar no vencido, que prosseguia na retirada, devassando a penumbra com os seus olhos de oiro-esmeralda.
O homem, a quem a vizinhan?a do le?o aconselhava prud?ncia, aconchegava-se cautelosamente no seu abrigo frondoso, mas sem terror, disposto para qualquer aventura.
Depois de alguns instantes de degluti??o furiosa, o le?o interrompeu-se: perturba??o, d?vidas, transpareceram em todo o seu aspecto, no tremor da juba, no espreitar angustioso. De repente, com a for?a de uma convic??o, tomou o veado, deitou-o para as costas e p?s-se em fuga. Teria andado quatrocentos c?bitos, quando junto a orla, onde ele tinha aparecido, surgiu um animal monstruoso. Intermedi?rio ao le?o e ao tigre no aspecto e na forma, mas mais colossal, soberano das florestas e plan?cies, era o s?mbolo da for?a, erecto, sob a vaporosa claridade. O homem tremeu, abalado no intimo das suas entranhas.
Ap?s ligeira pausa debaixo dos freixos, o animal prosseguiu na ca?a. Devastador como um ciclone, abrindo caminho sem esfor?o, perseguia o le?o em fuga para o Oeste, enquanto o leopardo, parando, contemplava a cena. Os dois vultos foram desaparecendo, e o homem pensou em deixar o seu retiro porque o leopardo o inquietava pouco, quando a cena se complicou: o le?o regressava obliquamente, por ter achado algum obst?culo, p?ntano ou fosso.
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