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Read Ebook: Ecology on Rollins Island by Lang Varley Orban Paul Illustrator

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Ebook has 67 lines and 8113 words, and 2 pages

A. F. MARX DE SORI

DESCOBRIMENTOS

DOS

PORTUGUEZES

NOS

CAUSAS QUE OS DETERMINARAM SUA IMPORTANCIA E CONSEQUENCIAS MAIS NOTAVEIS QUE D'ELLES RESULTARAM

TYPOGRAPHIA DE CASTRO IRM?O

Rua da Boa-Vista, palacio do conde de Sampaio

LISBOA

A. F. MARX DE SORI

DESCOBRIMENTOS DOS PORTUGUEZES

NOS

CAUSAS QUE OS DETERMINARAM, SUA IMPORTANCIA E CONSEQUENCIAS MAIS NOTAVEIS QUE D'ELLES RESULTARAM

LISBOA

TYP. DE CASTRO IRM?O--RUA DA BOA-VISTA

CONSELHEIRO

Antonio Raphael Rodrigues Sette

OFFERECE

O Auctor.

As linhas que seguem n?o foram primitivamente destinadas ? publicidade pela imprensa; s?o apenas uns modestos apontamentos colligidos e ordenados para uma li??o em concurso, cujo ponto foi tirado quarenta e oito horas antes.

Proporciona-me assim o poder agora offerecer publicamente este ephemero trabalho ao meu bom amigo o sr. conselheiro A. R. R. Sette, a quem desde a origem foi dedicado, como testimunho de gratid?o.

O limitado da distribui??o, por alguns amigos s?mente, ? prova de como reconhe?o a insufficiencia de um trabalho onde apenas se p?de descortinar venera??o patriotica pelos heroicos feitos dos nossos antepassados.

DESCOBRIMENTOS DOS PORTUGUEZES

Causas que os determinaram, sua importancia e consequencias mais notaveis que d'elles resultaram

Era a primeira causa ignorar-se ao certo quaes paizes e quaes habitantes existiam para al?m do cabo Bojador, visto que nada de verdadeiro se pod?ra averiguar da fallada viagem de S. Brand?o, no seculo VI; e porque nenhum outro principe trabalhava n'isto, se decid?ra a fazel-o o sr. D. Henrique, por honra de Deus e del-rei.

A segunda considera??o foi toda commercial, attendendo-se aos proveitos que haviam de seguir-se para este reino de se achar n'aquellas terras alguma povoa??o de christ?os, ou alguns portos onde se podesse sem perigo fazer bom mercado.

Importava a terceira raz?o ao conhecimento, que instava obter, de qual era, e at? onde chegava, o poderio dos moiros, que se dizia muito maior do que commummente se pensava.

Assentava o quarto fundamento no desejo de encontrar algum principe catholico, que, por amor de Christo, o ajudasse contra os inimigos da f?, na guerra que lhes mov?ra durante trinta e um annos, sem auxilio de rei nem de senhor de f?ra de Portugal.

Era, finalmente, o quinto motivo o grande desejo que havia de dilatar a santa f? e trazer a ella todas as almas que se quizessem salvar, chamando-as ao gremio da egreja, e dando-lhes ingresso na religi?o christ?.

N?o pod?mos deixar de accrescentar a estas cinco algumas outras raz?es, n?o indicadas pelo erudito chronista, mas que certamente se apresentaram ao espirito do sabio infante, e que, se n?o foram as deliberativas, deviam contribuir efficazmente para o decidir em seus t?o porfiados como aventurosos commettimentos.

Apropriada era a occasi?o. A espada do mestre de Aviz ganh?ra a coroa de D. Jo?o I; e se o heroico valor do condestavel alcan??ra em Aljubarrota firmar o solio do monarcha, a marinha portugueza n?o fic?ra ociosa, nem deix?ra de contribuir efficazmente para a independencia da patria. Foram os navios portuguezes que, indo ao Porto, ? sempre leal cidade do Porto, buscar os refor?os de que necessitavam os oppressos sitiados em Lisboa, conseguiu, a despeito das balas da armada castelhana, com a qual travou rijo combate, e da sentida morte do valente commandante Ruy Pereira, desembarcar os soccorros t?o opportunos, que, obrigando o monarcha hespanhol a levantar o c?rco de Lisboa, o predispoz para as tregoas celebradas em 1411 entre as duas coroas.

Cheg?ra, pois, o momento. De Lisboa sa?ram logo em 1412 os primeiros navios, mandados pelo talentoso infante com ordem para costear a terra de Africa, e, dobrando o cabo de Nam, passarem ?vante.

Mas nem bastavam ainda as cautelas tomadas, nem as rela??es obtidas, nem as concebidas esperan?as. Faltava ainda, antes de proseguir no emprehendimento, assegurar a partida e a chegada tranquilla dos modernos navegantes. Urgia alcan?ar um ponto que, servindo de base ?s futuras opera??es, fosse o centro d'onde podessem velejar, e aonde acolher-se do rigor dos temporaes os navios que sa?am a descobrir. Mais ainda instava que esse ponto fosse situado por modo asado a impedir as depreda??es e a estorvar as piratarias dos corsarios barbarescos, os quaes, desembocando do estreito, cairiam de certo sobre os pacificos mercadores, e, roubando-os e levando-os ao captiveiro, lan?ariam tal desanimo, que, escarmentados, fugiriam os mais audazes de aventurar-se a t?o triste fim, qual era o de escapar ? lucta dos ventos e dos mares para ir morrer, carregado de ferros, nos calaboi?os dos infieis, ou vergado ao mais rude e violento trabalho, sem que os olhos podessem fitar a cruz de Christo, sem que os labios podessem recitar uma ora??o ? Virgem, sem que os bra?os podessem estreitar um amigo. Regar com o suor do rosto e as lagrimas do cora??o a terra dos moiros, morrer morte affrontosa sem escutar as palavras do sacerdote christ?o, era mais do que morrer. Por isso instava e urgia desde logo evitar previdentemente as consequencias, que viriam t?o certas como funestas.

Ceuta, possuida pelos agarenos, satisfazia a todos os intuitos, agu?ava todas as cubi?as; Ceuta era necessaria ao illustre infante D. Henrique; Ceuta ca?u, pois, em poder dos portuguezes no anno de 1415. Se D. Henrique commandava as for?as, o rei D. Jo?o, como passageiro e combatente, arvorava o bals?o da ordem de Christo na muralha mahometana, abrindo brecha a golpes da rija espada por entre a multid?o dos islamistas.

Mal reconhecem os moiros a perda que acabam de padecer, quando prestes se ajuntam, pondo em apertado sitio as dezenas de portuguezes que bem defendem a nova perola engastada na coroa dos nossos reis. V?a alli o heroico principe, como ferida leoa a quem pretendem roubar o filho querido das suas entranhas; e se a novidade do seu apparecimento espalha o terror pelos inimigos, n?o lhes deixando sentir mais uma vez a tempera da sua adaga, os sitiados, sob o mando do illustre conde de Vianna, irrompem e desbaratam os sitiantes, provando-lhes que at? na propria Africa os cavalleiros da Cruz n?o cedem aos adoradores do crescente um palmo de terra, ainda que para resgatal-o n?o baste todo o sangue de um heroe, nem toda a vida de um martyr.

Estes primeiros fructos n?o desviam a atten??o do perseverante principe do seu principal intuito. Tem elle a satisfa??o de fazer dobrar em 1429 o cabo Bojador. Gil Eannes, natural de Lagos, conseguiu a fa?anha. E fa?anha foi esta para epocha em que a sciencia de navegar era em demasiado atrazo para se oppor n?o s? aos perigos visiveis, que estes eram os menos de temer, mas, e particularmente, aos perigos fabulosos que a tradi??o conserv?ra e o vulgo repetia a medo; t?o tenebrosos se afiguravam.

Registam as chronicas e as historias maritimas os preconceitos, n?o s? do vulgo, ou dos menos instruidos, mas ainda de estudiosos e pensadores, de que, passando para o sul de certa latitude, a ra?a caucasica se tornava negra como a ethiope; de que o mar era t?o baixo, que nenhum navio o podia navegar, formando apenas um vasto parcel; n?o faltando tambem a affirmativa de que o ardor do sol se tornava t?o intenso, que ninguem podia viver em taes latitudes. Finalmente, ainda se juntava a este desanimador quadro de receios o boato de vis?es e phantasmas, com todos os correspondentes attributos do sobrenatural, e com todas as imagina??es mais do que sufficientes para intimidar ent?o os mais esfor?ados. Foi, pois, uma fa?anha este conseguimento de Gil Eannes, e fa?anha egualada aos trabalhos de Hercules.

Levantada a Villa Nova do Infante, reunidos em Sagres os mais esclarecidos var?es, alli se discutem as theorias mais adiantadas, e se lan?am os primeiros fundamentos do mais vasto imperio colonial; e d'alli partem ousados Ant?o Gon?alves, Diniz Fernandes e Nuno Trist?o. Descobrem o Senegal, passam Cabo Verde, e chegam ao Gambia. Tambem d'alli sae Luiz Cadamosto, veneziano ao servi?o de Portugal, que aporta ?s Canarias, e chega ?s ilhas de Cabo Verde. Gon?alo de Cintra deixa o seu nome ? bahia onde deixa a vida pelejando em trai?oeiro e desegual combate com os indigenas. Soeiro Mendes levanta o castello de Arguim.

Proseguem os descobrimentos. Pedro de Cintra chega ao cabo de Santa Maria. Pedro Escobar e Jo?o de Santarem v?o ? Mina. Deixa Lopo Gon?alves o seu nome ao cabo que avista. Fernando P? descobre as ilhas de S. Thom?, do Principe, de Anno Bom, e a Formosa, que depois tomou o seu nome. Manda el-rei D. Jo?o II a Diogo de Azambuja que levante o castello de S. Jorge da Mina, e expede Diogo Cam para proseguir no reconhecimento da costa. Em 1484 acerta Diogo Cam com o rio Zaire, desembarca na margem do sul, e, tomando conta das terras adjacentes em nome do rei de Portugal, alli assenta um padr?o em signal da sua passagem, e para assegurar no futuro a posse que hoje nos pretendem contestar. Ainda em 1859, passados 375 annos, tivemos o gosto de ver e tocar o pouco que existia de t?o valiosa reliquia. Seguiu Diogo Cam para o sul, e no cabo Negro levantou padr?o egual ao que deix?ra no Zaire ou Congo.

Mas el-rei D. Jo?o II havia comprehendido o previdente intuito do infante D. Henrique; conhec?ra toda a vantagem e med?ra todo o alcance do emprehendimento d'aquelle glorioso principe. Ambicionava elle chegar ? India. ? India, ao paiz das maravilhas. ? India t?o fabulosamente descripta. ? India sem passar por terras do arabe ou do persa, e sem necessitar dos navios de Veneza. Rasgado se offerecia j? ent?o o horisonte. Devassados os mares at? ao cabo Negro, eram vasto campo para largas experiencias e pleitos de ardidez. Se os navios sulcam as aguas em porfiosa procura do extremo ponto de Africa, embaixadores mais ou menos officiosos s?o mandados por terra com apertadas instruc??es e direc??o indicada em busca das terras do Preste Jo?o das Indias. Archiva a historia os nomes de Pero da Covilh?, ou Jo?o Peres da Covilh?, e de Affonso de Paiva, como dois d'estes devotados emissarios.

Se o rei, em Montem?r, recebe um juramento de Vasco da Gama ao entregar-lhe a bandeira da ordem de Christo, se os freires da mesma ordem s?o conforto na despedida e rogadores pela prosperidade da viagem, no ceo, junto ao throno do Creador, ainda mais valiosa supplica se ergueu. Os filhos de D. Jo?o I oravam de certo pelos nautas que iam rota batida procurar o Preste Jo?o e o rei de Calecut.

Mas sigamos a esteira d'aquelles navios. Vae n'elles todo o futuro de um reino. N'elles n?o, vae n'um s?mente, porque s?mente a um homem podia confiar-se o futuro da patria, e esse homem havia de ser Vasco da Gama. Sigamos a esteira d'aquelles navios; nem pare?a menos util, nem menos digno da maior altura, narrar e memorar ainda as menores particularidades em factos que s?o fastos, em descrip??es que se tornam por si mesmas, sem galas nem atavios, sem pompas nem lou?anias de linguagem, verdadeiras epop?as, epop?as que exaltam a coragem de um povo, que avivam memorias gloriosas, que fazem pulsar apressado o cora??o, enthusiasmar o pensamento, expandir venturosa a alma, reverdecer e florir a arvore santa do amor patrio. Sigamos pois a esteira d'aquelles navios.

Alvoro?am-se o reino e a Europa com tal nova. Calculam-se e pesam-se os proventos que podem derivar do extraordinario descobrimento. ?s opposi??es de longo tempo enraizadas contra as longinquas navega??es succedem o afan e delirio com que ? porfia pretendem todos visitar as riquissimas paragens d'onde receberam as preciosas amostras conduzidas pelo Gama. Importa, por outro lado, n?o tanto mandar ? India os productos do solo portuguez, mas patentear alli o nosso poderio, para secundar a demonstra??o que deramos da nossa ousadia. E isto importava n?o s? com respeito ao Oriente, sen?o, e ainda mais, por interesse da Europa.

Mal descan?a o rei no palacio da Alca?ova. ? Ribeira o prendem de continuo os aprestos e vigilias para novos e mais largos apercebimentos. Come?am a levantar-se os pa?os da Ribeira com o rapido construir das naus e gale?es.

N?o ha mingua de ardimentos onde sobram as virtudes cavalheirescas; n?o faltam ousadias onde abunda a f?; n?o esmorecem o valor e coragem onde o amor da patria campeia altivo por sobre todos os outros sentimentos de um povo.

Ficam alli dois homens e uma cruz. S?o decorridos 364 annos, e a cruz domina e protege aquelle vasto imperio. ? sombra da cruz de Cabral repoisaram os homens de 1500--a cruz de Christo tem defendido durante mais de tres seculos a terra de Cabral. E se trocaram pelo de Brasil o primitivo nome, n?o poderam trocar por outra a primeira edifica??o que alli fizemos, o primeiro monumento que alli levant?mos e o primeiro signal que alli deix?mos. ? bello meditar como atrav?s dos seculos, se afigura ainda hoje pairar sob o ceo brasileiro o symbolo de paz e fraternidade deixado por Pedro Alvares. Possa o emblema da redemp??o guardar e ser o eterno defensor dos nossos irm?os na terra de Santa Cruz!

Jo?o da Nova sae de Lisboa, e caminho da India encontra a ilha da Ascens?o, avista a ilhota ou baixio que recebe o seu nome, e ao voltar a Portugal aporta ? celebrada ilha de Santa Helena, que dos nossos dias occupa t?o larga pagina em a historia da casa real de Fran?a e na da politica geral da Europa.

D. Manuel ? bastante prudente para pensar em tudo, para a tudo attender; n?o despreza nem olvida o descobrimento de Cabral, e para aquellas terras envia o florentino Americo Vespucio, que, reconhecendo-as, visita a costa, chega ao Rio da Prata, segue para o sul, e se torna ao Tejo para novamente ir ?quellas regi?es e adquirir a gloria de deixar o seu nome ao novo continente, primeiro avistado e visitado por outros navegadores.

Entretanto reclama a India a mais s?ria atten??o. Os moiros, surprehendidos no trato exclusivo d'aquelle vasto emporio, ousam tudo, desde a perfidia at? ? guerra, para prohibir o commercio aos portuguezes. Incitam os naturaes, e, por mil industrias, armam ciladas, movem contesta??es e provocam combates taes que fazem perigar o nosso estabelecimento n'aquellas apartadas regi?es. Levaramos ? India a paz, e pediamos em troca da nossa ousadia e esfor?o a liberdade de commerciarmos; tornaram-nos a trai??o e a guerra em troca d'aquelle pacifico intuito. Urgia mostrar que, se os navios recebiam especiarias, tambem jogavam possante artilheria; que os recem-chegados negociantes eram mais experimentados ainda nos botes e estocadas, nas lides e nas pelejas, do que no trafego das quintaladas; que, finalmente, se a cruz de Christo arvorada nas bandeiras, e exposta nas velas das naus e gale?es, n?o dizia guerra, n?o podia tambem servir de menosprezo nem de symbolo de affronta e irris?o para quem a busc?ra por egide e troph?o.

Predissera o illustre Gama que daria o Samorim trabalhos e perda de fazendas e de vidas. Ao Gama incumbe D. Manuel de voltar ? India, para castigar o senhor de Calecut, assentar paz e duradoiro trato com aquelles povos que o bem merecerem, deixando alli navios para guardar e proteger os portuguezes e seus alliados. Vae D. Vasco, confiado na propicia estrella que lhe f?ra guia e pharol; vae segunda vez ? India aquelle que depois inspira confian?a aos assustados companheiros, bradando-lhes:--<>

Tres divis?es, compostas de naus, caravelas e gale?es, capitaneadas pelo Gama, d?o as velas ao vento e singram para o Oriente.

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