Read Ebook: Sermons by the Fathers of the Congregation of St. Paul the Apostle Volume VI. by Paulist Fathers Church Of St Paul The Apostle New York N Y
Font size:
Background color:
Text color:
Add to tbrJar First Page Next Page Prev Page
Ebook has 2023 lines and 72432 words, and 41 pages
--Eu te darei a resposta ?manh?.
Continuaram fallando largamente sobre o assumpto, em que o senhor Silva, tres vezes, citou o chin? do seu visinho Jo?o Pereira.
No dia seguinte, o arcediago de Barroso encontrou o seu amigo meditativo.
--Pensas ainda, Antonio?
--Estava pensando no nosso negocio. Isto de mulheres deve a gente supp?l-as sempre mercadoria avariada... Mas, diz-me c?, a tua filha s? tem onze annos...
--S?, e d'aqui a dous tem treze...
--Se a cousa se arranjasse, n?o podia ser sen?o d'aqui a dous annos.
--De certo.
--Pois, ent?o, fallaremos.
--N?o que ? preciso decidir-se a cousa j?.
--Porqu??
--Se disseres que sim, a pequena ha de vir para tua casa j?; quero que seja educada por tua irm?, e que se afa?a comtigo, para te ganhar amizade, e o amor depois vir?.
--Qual amor, nem qual carapu?a! Ella p?de l? ganhar-me amor!... Eu c? de mim, se casar, o que quero ? uma herdeira, porque tenho para ahi uns sobrinhos, que se penteam muito, e que n?o querem estar ao mostrador a medir covados de panno. Ha de me custar se elles vierem metter a m?o no que me custou a ganhar com honra e trabalho. Um d'elles metteu-se-lhe na cabe?a ir a Coimbra estudar para doutor!... Que tal est? o catavento! Meus paes foram lavradores, eu sou negociante, e quem houver de ficar com a minha casa ha de vir para aqui. Quando penso n'isto, Leonardo, parece-me que me fazia conta casar!... E, se eu tivesse um filho!... isso ent?o, digo-te que era ouro sobre azul! Se n?o fosse o medo, que tenho ?s b?cas do mundo, n?o engeitava aquelle rapag?o da Thereza...
--? verdade, que fizestes ? Thereza?
--Puz-lhe um estabelecimento de castanhas assadas na Ribeira. O diabo da mo?a piscava o ?lho ao caixeiro, e pul-a f?ra de casa. Eu c? poucas vergonhas de portas a dentro n?o as quero.
--Tens raz?o; mas isso do filho ? cousa muito natural...
--Ah! ? verdade; isto do filho acho eu que ? cousa muita natural; mas dizias tu que ? Rosinha...
--Viria para a tua companhia, e aos treze annos, ou mais cedo, com licen?a do bispo, casas com ella...
--Homem... isto ? uma carta tirada da baralha... Est? dito, se a cousa n?o d?r de si, caso com a tua filha.
--Se a cousa n?o d?r de si... dizes tu; que quer isso dizer?
--Sim, se n?o houver entrementes cousa que desarranje a minha sa?de ou a d'ella...
--Est? visto, n?o ? preciso tirar isso como condi??o.
Rosa Guilhermina veio para casa do senhor Antonio Jos? da Silva.
O noivo predestinado affei?oou-se ? pequena com toda a effus?o paterna. Prodigalisava-lhe carinhos, que a menina recebia com indifferente innocencia, mas com certo aborrecimento intimo, e at? nojo da sua grande cara, cujas belfas eram vermelhas como duas folhas de parra de moscatel, no outono.
Feitos os treze annos de Rosa, o negociante sentiu abrirem-se-lhe as valvulas do cora??o para lhe verterem nas veias um sangue mais quente. N?o era um fino amor o seu; mas era um amor que lhe afinava a voz melodiosa de meiguices, que a pequena recebia sempre com tregeitos de enfastiada.
A affei??o n?o correspondida reagiu.
O cora??o, atufado pelos tecidos cellulares, do obeso amante, esperneou nas cavidades do peito respectivo, e veio ? superf?cie dos acontecimentos com o ideal d'um Antony, com os ciumes d'um Othello, e com a paix?o escandecida d'um Mamfredo de cuecas, como tivemos o dissabor de v?l-o no principio d'este capitulo.
CAPITULO II
Na t?o indecente como attribulada situa??o, em que deixamos o senhor Antonio, veio encontral-o o padre Leonardo Taveira, que voltava de resar vesperas no c?ro da Cathedral.
O c?lido negociante resfollegava como um tubar?o, e improvisava uma ventoinha de meia fralda da camisa. Cada vez mais indecente! Valha-nos Deus, leitores, que muito amargo ? o dizer a verdade inteira! Ha momentos em que o escriptor publico se v? for?ado a c?rar. Se me visseis, n'este instante, julgar-me-ieis d'uma candura infantil.
O arcediago, por?m, n?o se mostrou surprendido da attitude tragicamente afflictiva do seu amigo. C?lido tambem, despiu a loba, arremessou o cabe??o, descal?ou os sapatos de fivela, e refocillou os amplos p?s vermelhos nos propicios chinelos do escarlate mercador de pannos.
--Fostes a minha desgra?a!-regougou o senhor Antonio, abanando o ventilador com a m?o esquerda, e enxugando com a toalha de m?os os humidos torcicollos do pesco?o.
--Fui a tua desgra?a! Pois que ??-replicou o beneficiado, tapando com o indicador da m?o direita uma das ventas, para chilrear na esquerda uma solemne pitada.
--Que ?? ainda m'o perguntas? ? a tua filha que me faz de fel e vinagre! ? uma ingrata que se me ri nas barbas, quando eu lhe fa?o meiguices!
--Ora deixa estar, que o remedio n?o est? em Roma. Eu j? te disse que sou pae, e tenho direitos sobre minha filha. Queres ou n?o queres casar com ella, Antonio?
--Perguntas-m'o agora que j? n?o sei por onde me anda a cabe?a!... Dava trinta mil cruzados, e queria que a tua filha gostasse de mim! Isto parece que foi ingui?o, que me fizeram!...
--Eu te quebrarei o ingui?o...
--N?o sei como. A pequena, seja l? pelo que f?r, n?o me p?de v?r, ha um anno para c?. Aqui anda dente de coelho... N?o sei, mas desconfio que ella namora o filho do Jo?o Retrozeiro, que me est? sempre a l?r por detraz dos vidros.
--Dev?ras?
--Parece-me que sim. A minha Angelica j? o desconfiou, e ralhou-lhe. A senhora Rosinha levantou a cabe?a, e disse que n?o dava satisfa??es a ninguem.
--Ah! ella disse isso? Ora deixa-me com ella...
--Ouviste, Leonardo? n?o quero que lhe ralhes. ? muito crean?a, e p?de ser que minha irm? se enganasse. Ser?o escrupulos de Angelica, que me defumou com herva sancta e trevo nove vezes para me quebrar o feiti?o em que me tinha a criada Thereza. ? uma pateta mulher. N?o lhe digas nada por ora a tal respeito. Aconselha-a que case comigo, e que me tenha amor, que eu prometto dar-lhe todo o ouro e vestidos que ella quizer. Hei de at? leval-a ?s comedias italianas, e n?o haver? fidalga que lhe bote a barra adiante em aceios.
J? v?em, pela energia da express?o, que d?r t?o sublime n?o devia ser a que assim se exprimia por jactos de calorosa eloquencia! O senhor Antonio Jos? da Silva, superior ? sua classe, sentia-se arrojadamente grande pela angustia d'uma repulsa. Trinta mil cruzados d?ra elle pelo amor de Rosa Guilhermina! Promettia leval-a ?s comedias! Galardoava o seu amor com vestidos que fizessem morder de inveja as fidalgas do Porto! Eu quizera que Rosa lhe exigisse uma carruagem. Se o senhor Antonio accedesse ao extravagante pedido, ent?o, leitores seria eu o primeiro a pedir uma data gloriosa, um cantinho, na historia da civilisa??o da rua das Flores, para o senhor Antonio Jos?.
A nada, por?m, se movera a esquiva donzella.
--? ca?a andava eu de ti...--disse affavelmente o pae, chegando uma cadeira para junto de sua filha tambem risonha, que lhe beijava a m?o.
--Ah! eu n?o sabia... Tenho estado aqui toda a tarde a trabalhar, s?sinha.
--A senhora Angelica n?o tem estado ao p? de ti?
--N?o, meu pae. Creio que foi visitar o SS. Sacramento.
--Mas ella ainda ? tua amiga como sempre foi...
--Eu sei c?... parece-me que n?o.
--Algum motivo lhe d?ste, Rosa...
Add to tbrJar First Page Next Page Prev Page