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Read Ebook: Class Book for the School of Musketry Hythe Prepared for the Use of Officers by Wilford Ernest Christian

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Ebook has 120 lines and 15253 words, and 3 pages

Jaime de Magalh?es Lima

Do que o fogo n?o queima

Composi??o e Impress?o Empr?sa Gr?fica A UNIVERSAL 111, Rua Duque de Loul?, 131 PORTO

DO QUE O FOGO N?O QUEIMA

JAIME DE MAGALH?ES LIMA

Do que o fogo n?o queima

PORTO Empresa Gr?fica A UNIVERSAL 111, Rua Duque de Loul?, 131 1918

PROLOGO

Do que o fogo n?o queima

Se da onda temerosa que come?ou a assolar a Europa e o mundo em 1914 consideramos apenas a espuma enxovalhada, n?o ha maior infamia, nem maior crime e indignidade. ? uma degrada??o de incomensuravel profundeza, ? a terra lavada em sangue pela ganancia abjecta das tiranias da sordidez.

Um publicista de notavel merecimento e admiravel imparcialidade, G. Lowes Dickinson, compreendendo a opini?o de milhares de homens, o desalento de muitos dos mais sinceros e cultos, a revolta de alguns e o cinismo inalteravel de uma minoria poderosamente armada, resume neste esbo?o a situa??o:

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Sordidez, miseria, crueldade, uma tirania de scelerados sacrificando a ruins paix?es de dominio, avareza e sensualidade as multid?es inocentes, o trabalho, a candura, a honestidade e o heroismo--cifra-se nisto a historia militar do mundo. Estas seriam as causas da guerra, as da ultima como as de quantas a precederam, esta a sua unica e eterna maldi??o. S? o que se viu com as companhias de navega??o, e ? publico, desilude os menos crentes nas infamias da guerra. Quando as familias dos que combatiam e morriam nas trincheiras, para gloria e proveito dos que os mandavam, sofriam fome e frio, havia emprezas de navega??o, e tambem dos que mandavam, que faziam dividendos de 65 por cento, ? custa da anciedade e atribula??es daqueles que criaram os filhos imolados nas batalhas. As monstruosidades economicas alimentam-se daquele mesmo sangue que as monstruosidades da soberba derramam desapiedadamente no ch?o esteril dos combates.

N?o duvidemos, a guerra e a ignominia s?o filhas do mesmo ventre.

Mas n?o duvidemos tambem de que, onde a guerra se peleja e a ignominia corre a fazer as suas presas; outras for?as se erguem que as dominam e confundem. E sobre os destro?os da politica, de ordinario infame, floresce de continuo a consciencia moral, t?o pura na aspira??o como lenta mas inflexivel no crescer.

Estranha sujei??o das potestades! Essa fortaleza satanica n?o ? s? por si t?o robusta que prescinda da protec??o do bem dos povos, da isen??o, do patriotismo, da fortuna moral dos homens e das na??es, e de outras e infinitas sombras etereas que vivem, desarmadas e fracas, apenas em os nossos sonhos. Para que as ambi??es da sordidez prevalecessem e colhessem o seu quinh?o na guerra em que nos crucificaram, foi-lhes necessario invocar interesses urgentes da liberdade e da dignidade humana. Pressentiram que s? por esse compromisso levariam os exercitos ?s batalhas. Por uma singular escravid?o, a sordidez sujeitou-se ? nobreza. Talvez mentindo astuciosamente, com uma astucia vulpina, toda de impostura; mas sujeitou-se, n?o sem ignorar de que por for?a ter? de cumprir muito daquilo que por mentira assegurou. A sordidez tem em seu poder as armas e o fogo, quanto ? necessario para devastar a terra e a embeber no sangue. E essa mesma sordidez armada, sentindo fugir-lhe o poder perante qualquer cousa que o fogo n?o queima, aceitou a tutela e imperio de for?as imponderaveis e jurou-lhes fidelidade. A for?a fisica na sua maior opulencia destrutiva n?o sabe combater, sente-se insuficiente, se n?o tem em seu apoio um principio moral que a legitime. Para que os soldados marchassem contra a Alemanha, tornou-se necessario convencer os povos de que a Alemanha praticava um crime e meditava as atrocidades de um despotismo avaro, absorvente, insaciavel.

Eis a? o facto capital de cuja compreens?o depende a determina??o do caracter e mais profunda significa??o desta ultima fatalidade que p?s as na??es em guerra--n?o s?o os principios que dependem das armas, s?o as armas que dependem dos principios. Pelo gr?u em que as armas dependem dos principios se afere a altura da civiliza??o de uma comunidade e de uma ?poca, e pelo desrespeito ou pela corrup??o dos principios se julgar? da profundeza da sua degrada??o. O progresso da humanidade ? puramente materia de desenvolvimento e natureza do espirito que a penetrou e rege. Disso dependem as guerras; os seus incendios dependem do que o fogo n?o queima. Se se ateiam, ? porque aquela essencia eterea lhes falece; se abrandam ou se apagam, foi porque ela os envolveu. <> .

Incapaz de queimar, ou sequer prejudicar ou interromper a vitalidade essencial dos principios, o fogo das batalhas apenas reduz a cinzas as sar?as que os ocultam e que por os ocultarem nos transviam; ? um arrojo de sinceridade, ? um processo terrivel e crudelissimo de pureza, desprendendo os principios, a suprema raz?o de ser da humanidade, das miserias infinitas que os contrariam e envolvem. Alguem disse, pondo essa aparente contradic??o em uma imagem feliz, que s? de noite as estrelas brilham.

Se <> , a guerra que nos angust?a seria talvez perante <> uma experiencia, um transe de morte precedendo uma ressurrei??o esplendida, de esplendor mais alto que todo aquele que precedentemente as houvesse coroado. Porventura a guerra veio a combater pela violencia uma civiliza??o turbada e enlouquecida pela sensualidade, uma civiliza??o que nem soube acautelar-se pela persuas?o nem corrigir-se pela experiencia pacifica; ser? a febre de uma infec??o que a higiene n?o foi capaz de prevenir, por debilidade de animo e cegueira de inteligencia, que n?o por escassez de recursos.

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