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Read Ebook: A mudança que é possivel na vida by Drummond Henry

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Ebook has 45 lines and 12870 words, and 1 pages

A MUDAN?A QUE ? POSSIVEL NA VIDA

TIPOGRAFIA DA PARCERIA ANTONIO MARIA PEREIRA RUA AUGUSTA, 44, 46 E 48 LISBOA

EDITOR: HODDER AND STOUGHTON

A MUDAN?A QUE ? POSSIVEL NA VIDA

Alocu??o do eminente escritor escoc?s HENRY DRUMMOND

Traduzido da 12.ma edi??o inglesa

POR M. G.

PREF?CIO

A mudan?a que ? possivel na vida

<>

S?o de Huxley estas palavras. A infinita aspira??o e a infinita dificuldade de se ser bom ? um assunto t?o antigo como a pr?pria humanidade. N?o ha ninguem de cujo sentir ?ntimo n?o tenha brotado esta confiss?o, e que n?o estivesse pronto a dar a sua vida, se lhe fosse possivel <> de se tornar melhor.

Come?arei nomeando e em parte regeitando alguns processos que se costumam empregar para obter vida mais elevada.

Estes processos est?o longe de serem errados, e aplicados devidamente, podem mesmo ter bastante valor; e se nos aventuramos a depreci?-los, ? por n?o produzirem um resultado absolutamente perfeito.

Ha tambem quem proclame: <> A dificuldade d?ste m?todo consiste em ?le poder tornar-se mec?nico; distingue-se sempre uma gravura duma pintura, uma fl?r artificial duma fl?r natural. Copiar as virtudes uma por uma ? aproximadamente o mesmo que arrancar os v?cios um por um; e o resultado ? quasi sempre um car?ter agitado e incongruente. Definiu alguem a pessoa vaidosa e ensoberbecida por <>. Encontram-se ?s vezes Crist?os desta ordem--por um lado nutridos demais, e por o outro, miseravelmente definhados e enfraquecidos. Por exemplo, o resultado de se copiar Humildade e associ?-la a uma vida de teor acentuadamente mundano, ? simplesmente rid?culo. Um exaltado advogado da Temperan?a ? muitas vezes a mais ?nfima das criaturas, brilhando unicamente por essa virtude e esquecendo-se totalmente de que a sua Temperan?a o torna pior e n?o melhor do que os outros. Isto s?o exemplos de belas virtudes, deturpadas por as associarem a vis companheiros. O car?ter ? uma unidade, e todas as virtudes teem de caminhar juntas para poderem formar o homem perfeito. E n?o obstante ? ?ste m?todo de santifica??o verdadeiro no fim a que aspira, no que ? deficiente ? na maneira de o executar.

Ha ainda um quarto m?todo, que nem mesmo seria preciso nomear, pois ? uma variante dos outros j? mencionados. ? aqu?le de que se serve o adolescente, e a sua pureza de inten??o faz-nos considerar quasi como uma profana??o o ir tocar-lhe. ? manter um livro de apontamentos para todos os dias da semana, com uma lista de virtudes, deixando entre elas espa?o para se fazerem quaisquer observa??es. Provido de muitas regras aust?ras, em guisa de pref?cio, conserva-se o livrinho em logar secreto, e de tempos a tempos, ao declinar do dia, vem a alma comparecer perante ?le, como perante um tribunal secreto. Este viver por um c?digo foi o m?todo de Franklin; e creio que milhares de pessoas nos poderiam confessar que conservam penduradas no seu quarto, ou guardadas em gavetas bem seguras as regras que num dia memor?vel tra?aram, para por elas modelarem a sua vida. Este m?todo n?o ? err?neo, o seu ?xito ? que ? muito deficiente; falha geralmente por uma raz?o bem material--por um belo dia nos esquecermos das regras.

Todos ?stes m?todos de que fiz men??o, o de confiar no pr?prio esf?r?o, o de mortificar o pr?prio ser, o m?todo de imita??o e o do livro de apontamentos, s?o absolutamente humanos, absolutamente naturais, mas tambem absolutamente ignorantes e por isso mesmo absolutamente inadequados. Mas n?o quero dizer com isto que se devam abandonar. O mal que ?les causam ? antes desviar a aten??o do verdadeiro m?todo eficaz, e procurar obter um bom resultado ? custa daqu?le que ? realmente perfeito e de passamos a tratar.

A f?rmula da Santifica??o

F?rmula, receita, para a Santifica??o--poder-se ha falar a s?rio desta mudan?a formid?vel, como se o processo fosse t?o claro e preciso como o de produzir uma certa e determinada corrente de electricidade? ? impossivel duvid?-lo. Ou ha de uma experi?ncia mec?nica ter infalivelmente bom ?xito, e ser de ?xito duvidoso uma experi?ncia vital da humanidade? Ha de o trigo crescer debaixo de m?todo, e o car?ter ao acaso? Se n?o pudermos calcular com seguran?a que as f?r?as da religi?o h?o de fazer a sua obra, ? que a religi?o ? um capricho; e se n?o pudermos exprimir por meio de palavras a lei destas f?r?as, ent?o n?o ? o Cristianismo a religi?o do mundo, mas sim o seu enigma.

Depois desta explica??o l?de de novo em parafrase as palavras de S. Paulo: <>--isto ?, dum pobre car?ter, para outro melhor; desse melhor, para outro melhor ainda; e desse outro, para outro ainda mais completo; at? que lentamente acabamos por atingir a Imagem Perfeita. Aqui a solu??o do problema da santifica??o fica concentrada numa ?nica frase: reflecti o car?ter de Cristo, e tornar-vos heis semelhantes a Cristo.

Mas ainda n?o fica por aqui. Se todos ?stes variados reflexos da nossa chamada vida interna se patenteiam assim ao mundo, qu?o ?ntima ser? a escrita, qu?o completa a anota??o a dentro da pr?pria alma! Porque as influ?ncias que encontr?mos, n?o s?o apenas por um momento mantidas na superf?cie polida do espelho e arremessadas de novo para o espa?o; n?o; cada uma d?las ? retida onde primeiro ca?u, e guardada na alma para sempre.

Sobre ?stes assombrosos e n?o obstante perfeitamente claros factos psicol?gicos, ? que S. Paulo baseia a sua doutrina da santifica??o. Reconhece que o car?ter ? uma coisa que se construe lentamente, e que, de hora para hora, p?de mudar ou para melhor, ou para pior, conforme as imagens que n?le se reflectirem. Mais um passo, e a aplica??o destas ideias ao problema capital da religi?o surgir? diante de n?s em toda a sua plenitude.

A alquim?a da Influ?ncia

Mas ?stes eram contempor?neos de Cristo; era-lhes facil serem influenciados por Ele, pois estavam todos os dias e todo o dia juntos. Porem n?s, como ? que havemos de reflectir aquilo que nunca vimos? Como p?de todo este assombroso resultado ser produzido por uma Mem?ria, pela mais mesquinha das Biografias, por alguem que viveu e deixou ?ste mundo ha dezenove s?culos? Como poder?o os homens modernos fazer hoje de Cristo, de Cristo ausente, o seu mais constante companheiro? Responder?mos que a amizade ? uma coisa espiritual, independente da Mat?ria, do Espa?o e do Tempo. O que eu amo no meu amigo n?o ? aquilo que vejo; o que do meu amigo tem influ?ncia em mim, n?o ? o seu corpo, mas o seu esp?rito. Teria sido verdadeiramente inef?vel ter vivido naqu?le tempo!

Rompe suave e r?sea a madrugada ... Tinge-se o C?u de tons turqueza e oiro ... E j? o bom Jesus N?veo, radiante e loiro, Como um halo de luz, Resurge ao longe na flor?da estrada ...

S?gue-O festiva e imensa multid?o ... Por onde passa, ajoelham, lan?am fl?res; E em todos os caminhos Se lhe juntam mulheres, velhos, pastores ... At? crian?as v?o, Quais tenros cordeirinhos, Tocar-Lhe a t?nica, beijar-Lhe a m?o ... Mas os ap?stolos, com gesto rude, Zelosos correm sobre os meninos Para afast?-los e livrar Jesus ... Por?m Ele implora-lhes numa atitude Que ao mais cioso e pertinaz seduz: <>

Teria sido inef?vel ter vivido naqu?le tempo! E todavia se Cristo tivesse de voltar ao mundo, poucos seriam os que teriam a probabilidade de O verem. Ha milh?es de vassalos n?ste pequeno pa?s, que nunca viram o seu rei; e haveria milh?es de vassalos de Cristo que se Ele aqui estivesse, nunca chegariam a poder falar-Lhe. A nossa intimidade com Ele ?, como toda a verdadeira intimidade, uma comunh?o espiritual. Toda a amizade, todo o amor, humano e divino, ? puramente espiritual. Foi depois da sua Ressurrei??o que Ele teve maior influ?ncia, mesmo nos Seus disc?pulos; por isso n?o obsta verdadeiramente a reflectirmos o car?ter de Cristo o n?o termos j?mais estado com Ele em contacto vis?vel.

Havia uma vez uma donzela, dotada de um car?ter t?o bondoso e perfeito, que era o enlevo de todos que a conheciam. Pendia-lhe do colo uma medalha de oiro, que ninguem tivera j?mais a permiss?o de abrir. Um dia por?m, num momento de ins?lita confian?a, deixou que uma amiga sua tocasse na mola da medalha e viesse a conhecer o segr?do que ela encerrava. Estavam l? escritas estas palavras--<> Era ?ste o segr?do da sua bela vida. Tinha sido transformada na mesma Imagem!

Ora isto n?o ? imita??o, mas uma coisa muito mais profunda. A diferen?a no processo, bem como no resultado, pode ser t?o grande, como a que existe entre a fotografia obtida pelo infal?vel lapis do sol e os cortornos rudes tra?ados pelo giz dum rapaz da escola! A imita??o ? mec?nica, o reflexo org?nico; uma ? ocasional, o outro habitual. Num caso, o homem aproxima-se de Deus e imita-O; no outro, aproxima-se Deus do homem e imprime-se n?le!

Quando o dia terminar, e ? noite vos puzerdes a examin?-lo, admirar-vos heis do que fizestes. N?o dareis por terdes procurado, imitado ou sacrificado qualquer coisa, dareis por Cristo, dareis por Ele ter estado conv?sco, por sem coac??o terdes sido coagido, por a revolu??o se ter efectuado sem empr?go de f?r?a, sem ostenta??es, sem alarido. N?o vos felicitareis de terdes feito alguma grande proeza, conseguido grande ?xito pessoal, ou acumulado um fundo de <> para tornardes a obter o mesmo resultado; o que sabeis ? que existe a <> do Senhor. E o mundo fica-o tambem sabendo, se o resultado f?r verdadeiro; porque a olharmos para um espelho, n?o ? o espelho que v?mos, nem ? n?le que pensamos, mas naquilo que ?le reflecte. O espelho s? chama a aten??o sobre si, quando ha n?le algumas manchas.

Que isto ? real, e n?o imagin?rio, que esta vida ? possivel aos homens, e que ha presentemente alguem que a viva, ? simplesmente um facto biogr?fico. Dentre mil testemunhos n?o posso deixar de citar um. As palavras seguintes s?o duma das mais altas intelig?ncias do s?culo dezenove, dum homem que como poucos suportou o p?so dos encargos do seu pa?s, e que, n?o no crepusculo da velhice, mas em todo o esplendor da sua gl?ria, fez ao mundo a confiss?o que passo a citar com pouquissimas omiss?es.

Pode alguem ouvir esta m?sica, com a impressionante repeti??o do nome de Cristo, e ficar insens?vel ? emula??o, ou ao desejo de o imitar? E antes de vivermos assim, ainda n?o tinhamos vivido.

A primeira experi?ncia

E contudo ha pessoas que por uma raz?o absolutamente op?sta encontram nisto pouca satisfa??o. N?o se queixam de simplificarmos a religi?o demasiadamente, pondo-a ao nivel da amizade, mas queixam-se ainda de ela ser excesivamente m?stica. <> em Cristo para <>, ? para ?les o mais puro misticismo; precisam de alguma coisa absolutamente tang?vel e absolutamente directa. N?o s?o as almas po?ticas que procuram um sinal, um misticismo exagerado, mas as naturezas prosaicas, cuja necessidade de compreens?o tem de ser satisfeita por minuciosas e matem?ticas defini??es. Talvez por?m que n?o seja possivel reduzir ?ste problema a elementos muito mais positivos. A beleza da amizade est? no seu infinito, e nunca se poder? libertar a vida inteiramente de misticismo: o nosso lar, o amor, a religi?o tudo est? d?le impregnado. Porque ? que nas rela??es do homem para com Jesus Cristo havemos de trope?ar no que ? natural nas rela??es de homem para homem?

Mas n?o ha ente algum, que sentindo o valor e a sublimidade daquilo que para ?le ? da maior magnitude, fique inerte e descure o seu pr?prio progresso. Tornar-mo-nos como Cristo ? a ?nica coisa no mundo digna dos nossos desv?los; a ?nica coisa diante da qual toda a ambi??o humana ? loucura, e v?o, todo o esf?r?o menos digno! S? aqu?les que fazem desta aspira??o o supr?mo desejo e paix?o das suas vidas, ? que podem come?ar a esperar alcan??-la. Se por isso tem at? agora parecido tudo depender da passividade, permiti-me que assevere com mais ardente convic??o que tudo depende da actividade. A religi?o da adora??o sem esf?r?o pode ser religi?o para anjos, mas n?o para homens. N?o ? a contemplar mas a agir, que ha a verdadeira esperan?a; n?o ? em extases, mas na realidade, que existe a verdadeira vida; n?o ? no reino dos ideais, mas entre as coisas tang?veis, que est? a santifica??o do homem! A resolu??o, o esf?r?o, a luta, a mortifica??o e a agonia--tudo coisas j? p?stas de parte, como futeis em si, teem que voltar ao seu campo de ac??o e que arcar com responsabilidade dez vezes maior. De que est?o elas encarregadas? Nem mais nem menos do que de fazer mover a grande in?rcia da alma, que elas teem de colocar e manter onde as f?r?as espirituais h?o de vir influenci?-la! Teem que reunir as f?r?as da vontade; que conservar brilhante a superficie do espelho, e sustent?-lo sempre firme; e teem que descobrir a face que ha de olhar para o Senhor, repuxando-lhe para baixo o v?u, quando se aproximar o que f?r profano. Talvez que j? fosseis com um astr?nomo v?-lo fotografar o espectro duma estr?la? Ao penetrardes na obscura quadra do Observat?rio v?ste-lo come?ar por acender uma vela. Para v?r a estr?la? N?o; para ver o instrumento que vai disp?r, para por ?le ver a estr?la. Era a estr?la que ia tirar a fotografia, mas era tambem o astr?nomo, que por muito tempo levou a trabalhar na escurid?o, aparafusando tubos, lustrando lentes, e dispondo reflectores, e que s? depois de grande trabalho conseguiu que o instrumento perfeitamente focado come?asse a funcionar. Ent?o apagou a luz, e deixou a estr?la a fazer na chapa o seu trabalho, s?sinha. A tarefa diaria do Crist?o ? fazer com que tambem o seu instrumento funcione; conseguido isso, pode apagar a sua vela. Todas as evid?ncias do Cristianismo que o levaram at? ali, todo o aux?lio da F?, todos os actos da Adora??o, todas as f?r?as poderosas da Egreja, toda a Ora??o e Medita??o, toda a coopera??o da Vontade, tudo processos de menor valor, actividades da f?r?a da vela, podem nessa hora supr?ma ser p?stas de parte; mas lembrai-vos de que ? s? por uma hora! Bem avisado andar? aqu?le, que mais depressa acender a sua vela, ou aqu?le, que nem mesmo a deixar apagar. Amanh?, daqui a um instante, pode ?le, pobre alma obscurecida, maculada, precisar dela outra vez para melhor focar a Imagem, para tirar qualquer argueiro que haja na lente, para lustrar o espelho que o h?lito do mundo possa ter embaciado!

Ha num museu de Belas Artes em Paris uma est?tua c?lebre. Foi a ?ltima obra dum grande g?nio, que como muitos outros g?nios era pobr?ssimo e vivia numa humilde mansarda, que lhe servia de casa de trabalho e de quarto de dormir. Quando a est?tua estava concluida, caiu uma noite sobre Paris uma grande geada. No quarto m?sero e frio jazia acordado no seu leito o pobre escultor, a pensar na argila ainda h?mida da sua est?tua, a pensar que a agua iria gelar-lhe nos p?ros, e destruir numa hora o sonho de toda a sua vida! Ent?o o anci?o ergueu-se, e tirando as roupas do pr?prio leito foi com elas devotamente envolver a sua obra. De manh?, quando os visinhos lhe entraram no quarto,--o escultor estava morto. Mas a est?tua vivia!

A Imagem de Cristo que se est? formando dentro de n?s--? o supr?mo encargo da nossa vida; que ?sse encargo se anteponha a todos os outros projectos nossos! Emquanto essa Imagem n?o estiver perfeita, n?o haver? obra humana que esteja terminada, religi?o que esteja glorificada, fim da vida que esteja preenchido! J? come?ou essa tarefa infinita? Quando, como, havemos de ser diferentes? O tempo n?o muda os homens. A morte tambem n?o. Mas Cristo muda-os.

FIM

INDICE

PAG.

Pref?cio 7

A mudan?a que ? possivel na vida 9

A formula da Santifica??o 17

A alquim?a da Influ?ncia 30

A primeira experi?ncia 51

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