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Read Ebook: Billy To-morrow by Carr Sarah Pratt Relyea C M Charles M Illustrator

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Ebook has 61 lines and 4585 words, and 2 pages

A opini?o publica cr? piamente nos escandalos que d'essa forma lhe s?o relatados pela imprensa; e a indifferen?a das auctoridades que n?o submettem os casos aos tribunaes como lhes cumpria, ainda faz augmentar essa convic??o. N?o se comprehende, com effeito, que a justi?a se conserve de bra?os cruzados, quando se fazem publicamente declara??es de crimes praticados contra o Estado por funccionarios publicos no exercicio das suas func??es ou por individuos que abusaram da confian?a n'elles depositada pelo Governo. A indifferen?a das auctoridades em taes casos contribue para augmentar a desmoralisa??o publica.

Se se pretende arrancar o paiz do estado de deprava??o em que se encontra, se se pretende reagir contra a immoralidade que campeia infrene nos arraiaes politicos, extendendo-se ? vida particular, ? indispensavel iniciar uma completa e geral liquida??o de responsabilidades. Ser? este o ponto de partida para a reforma dos costumes que o amor do luxo e do prazer, conjuntamente com a politica de corrup??o, alteraram e viciaram de cima a baixo. N?o basta prender e punir os culpados menores que se deixaram desvairar por aquella ordem de seduc??es illusorias; ? precioso prender e punir tambem os grandes, mais criminosos ainda que os outros, quer por occuparem uma posi??o social mais elevada, quer por terem em regra maior illustra??o, ou ainda porque pelos seus exemplos contribuiram perniciosamente para que aquelles se desviassem da mesma forma, ainda que por differentes processos, do caminho da honra e do dever. Emquanto os grandes potentados ou os grandes funccionarios que delinquiram, gosarem da impunidade dos seus crimes, escusado ser? esperar que se comece a s?rio a obra da regenera??o moral de que o nosso paiz tanto carece.

J? atraz alludimos ? empr?go-mania ? com effeito um dos males que affligem as sociedades contemporaneas, e nomeadamente a portugueza. Tem a sua origem immediata na superabundancia de individuos que se dedicam ?s profiss?es liberaes, abandonando as artes e as industrias exercidas por seus paes e av?s. Em vez de procurarem na instruc??o, nos estudos a que se consagram, elementos salutares e especiaes para desenvolverem e aperfei?oarem o trabalho manual ou mechanico, aproveitam o saber que adquirem como instrumento para d'elle se tornarem independentes e invadirem de preferencia as posi??es officiaes. D'esta tendencia cada vez mais manifesta, apesar das difficuldades creadas com as exigencias de propinas, de exames, de concursos, tem resultado o excessivo desenvolvimento do funccionalismo. ? esta, sem duvida, uma das causas geradoras da grande crise economica da actualidade, e prov?m ainda em parte do preconceito moral de origem biblica que faz considerar o trabalho como castigo imposto ao homem, e em parte da tradi??o herdada das ?pochas de conquista em que as artes manuaes eram o apanagio dos escravos ou dos servos. A liberdade, proclamada pela revolu??o que deu o triumpho politico ao terceiro estado, teve por consequencia, n?o tanto a rehabilita??o ou a dignifica??o do trabalho, como a abertura das profiss?es liberaes aos filhos de todas as classes.

A ac??o do movimento revolucionario que agitou a Fran?a no fim de seculo passado e d'ahi se extendeu a toda Europa, foi incompleta. Acabou, ? certo, com os privilegios, derribou as barreiras que separavam as classes, mas n?o resolveu o problema social e moral; o trabalho manual continuou a ser depreciado.

O socialismo, cujo partido se tem desenvolvido nos ultimos tempos, v? o problema social e moral, que a revolu??o franceza n?o soube resolver, e da sua solu??o faz a base fundamental da grande transforma??o economica. Essa solu??o ? verdadeiramente a rehabilita??o do trabalho manual; ? a sua dignifica??o, j? iniciada em varios paizes, por exemplo, na Allemanha, com as candidaturas operarias. A entrada dos operarios, dos trabalhadores, nos parlamentos assignala o primeiro passo para o levantamento moral dos trabalhos manuaes e constitue o remedio mais efficaz para corrigir gradualmente o mal resultante da superabundancia de individuos que invadem as profiss?es liberaes e alargam os quadros do funccionalismo.

Diz o sr. Gide que a primeira causa de darem os homens, em todos os tempos e em todos os paizes, a preferencia ?s profiss?es liberaes sobre os trabalhos manuaes "? porque o labor material foi sempre muito mais penoso e muito mais duro do que o trabalho intellectual, entendendo por este a somma de trabalho necessario para lograr dignamente uma situa??o satisfactoria na vida." As inven??es mechanicas teem transformado este estado de cousas, operando uma verdadeira revolu??o nas condi??es do trabalho manual. "E emtanto que o trabalho material tende a ser cada vez mais facil, diz o illustre professor, parece que o trabalho intellectual se torna de momento para momento menos attractivo."

Depois, a lei economica da offerta e da procura tem feito diminuir a facilidade de encontrar bons honorarios ou bons vencimentos nas profiss?es liberaes, havendo, por exemplo, na prefeitura do Sena 21:088 pretendentes inscriptos para 299 logares que se presumia que vagassem, o na municipalidade de Bruxellas ao logar de porteiro, 75 candidatos, dos quaes eram 33 licenciados em direito, 17 doutores em medicina, 21 engenheiros, 8 chimicos e 1 astronomo.

A mesma lei economica tem elevado cada vez mais o pre?o do trabalho manual, de modo que, "na actualidade, diz ainda o sr. Gide, um operario distincto ganha decerto mais do que um empregado, do que um agente de commiss?es, do que um professor primario, do que um cura de aldeia ou do que um alferes."

Em todos os tempos, sem excluir os modernos, o trabalho manual foi sempre menos considerado do que os trabalhos intellectuaes. Contribue talvez para isso, na actualidade, o facto de que as machinas, ao mesmo tempo que tiravam ao trabalho manual o seu caracter penoso, "privavam-n'o da individualidade, da espontaneidade, reduzindo-o ? uniformidade de uma opera??o mechanica." ? de esperar, por?m, que em breve a revolu??o industrial restabele?a a uni?o entre a arte e os trabalhos materiaes, fazendo com que estes n?o sejam simplesmente um meio do ganhar o p?o.

Estamos em plena decadencia. A sociedade industrial-capitalista que se fundou sobre as ruinas da sociedade catholico-feudal, submettendo as doutrinas revolucionarias ao egoismo individualista, agonisa actualmente em decomposi??o espontanea. Os abusos provenientes da sua propria organiza??o subvertem-n'a. A crise moral, caracteristica de todas as ?pochas de dissolu??o, manifesta-se no seu maior auge pela fraqueza dos caracteres, pela venalidade das consciencias, pelas torpezas de toda ordem que mancham muitos homens em evidencia, pela indifferen?a ou desprezo com que a maioria do publico encara os negocios do Estado e pelo utilitarismo egoista que inspi

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