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Read Ebook: The Birds of Australia Vol. 5 of 7 by Gould John

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Ebook has 75 lines and 3406 words, and 2 pages

BIBLIOTHECA DE ALGIBEIRA

NOITES DE INSOMNIA

OFFERECIDAS

A QUEM N?O P?DE DORMIR

POR

Camillo Castello Branco

PUBLICA??O MENSAL

N.? 1--Janeiro

LIVRARIA INTERNACIONAL

ERNESTO CHARDRON

PORTO

EUGENIO CHARDRON

BRAGA

PORTO

BIBLIOTHECA DE ALGIBEIRA

NOITES DE INSOMNIA

SUMMARIO

TRABALHOS

EXC.^mo SNR.

CAMILLO CASTELLO BRANCO

DE QUE ? EDITOR ERNESTO CHARDRON

PROEMIO

Esta serie de livrinhos ha de ser uma cad?a com elos de bronze rijos e toscos, e elos de pechisbeque flammantes e quebradi?os. O bronze ? a por??o prestad?a do opusculo; ? a pagina que n?o seria descabida em livro de estudo; ? a preten??o do author a que a sua obra perdure mais de vinte e quatro horas no espirito de quem a l?r.

O pechisbeque ? a futilidade que, ao nascer, ? acolhida por um sorriso do leitor; e, apenas o sorriso esmorece, a impress?o esva?u-se; e a id?a fulge e apaga-se sem deixar mais signal que o relampago das noites de agosto, e o arrancar da aguia no seio das nuvens.

Ambas as especies pertencem ?s minhas noites de insomnia. N'esta deploravel enfermidade, que ha seis annos me estila no cerebro gota a gota a pe?onha da morte, achei tra?a de me vingar do acaso que embala o regalado dormir do meu c?o, e me estrondeia nos ouvidos o marulhar das vagas entre penhascos. Vou ao jazigo das minhas illus?es, exhumo os esqueletos, visto-os de tru?es, de principes, de desembargadores, de meninas poeticas ? semelhan?a das que eu vi quando a poesia era o aroma dos seus altares. Visto-me tambem eu das c?res prismaticas dos vinte annos, aperto a alma com as garras da saudade at? que ella chore abra?ada ao que foi. E, depois, n'este festim de mortos, conversamos todos; e eu, no alto silencio da noite, escrevo as nossas palestras. ?s vezes, entre muitos estridores que me resoam nos ouvidos, o mais distincto ? o dobre a finados. ? quando a aurora reponta: a luz espanca as imagens cujo meio de vida ? a treva e o silencio.

Venho ent?o sentar-me a esta banca, dou f?rmas dramaticas ao dialogo dos meus phantasmas, e conven?o-me de que perten?o bem aos vivos, ao meu seculo, ao balc?o social, ? industria, mandando vender a Ernesto Chardron as minhas insomnias.

Eis a minha vingan?a, que abrangeria o leitor, se estes livros lhe n?o abonassem horas de somnolenta digest?o de alguns artigos substanciosos. Estes artigos constar?o da nobre sciencia da historia, nomeadamente de historia nacional, e muito das cousas pertencentes ? fidalguia de ra?a que vai extinguir-se. ? tempo de esgaravatar entre as ruinas do edificio derruido algumas reliquias aproveitaveis para a comedia humana. Mas nem tudo ser? escavar no lixo. N?o vaguearemos sempre ao trav?s dos pardieiros dos antigos solares. Alguma vez nos sentaremos na testada da serenissima casa de Bragan?a conversando com os seus duques e monarchas n'aquella sem ceremonia permittida ? arraia miuda de hoje em dia; mas escreveremos as nossas considera??es, como l? dizem, de luva branca e penna de diamante. Desejamos que a posteridade se entretenha comnosco, e com o snr. conselheiro Viale. Elle e n?s levaremos aos evos uma sincera historia de Portugal, e andaremos os dous, ? comp?ta, a v?r quem maiores emborca??es de morphina injecta nos nervos das gera??es porvindouras.

CONSOLA??O A SANTOS NAZARETH

A BIBLIA E EU.

Amigo!

Sensibilisou-me at? ?s lagrimas a noticia da sua pris?o no theatro de S. Carlos, n'aquella funesta noite da sua citada pris?o, como diria o nosso collega Jayme Jos? Ribeiro de Carvalho.

N?o foi a raz?o que motivou esta ternura: foi a amizade.

Voss? devia ser preso. Dizer que o espectador p?de patear um espectaculo desagradavel e caro ? duvidar que o espectaculo ? que tem direito de patear o espectador.

Santos Nazareth ignora as leis do reino expungidas da jurisprudencia do Manique, e n?o tem talvez opini?o bem assente ?cerca da transmigra??o das almas.

Quando a imprensa rugiu pelas suas guelas de zinco um rugido grande a favor de voss?, as minhas palpebras exsudaram perolas, na hypothese de que a intendencia da policia o obrig?ra a pagar aos quadrilheiros as despezas de o conduzirem aos ferros d'el-rei.

? que eu considerando-me em plena monarchia do Pina Manique, lembrou-me um caso acontecido ha 89 annos.

Raphael da Silva Braga, na noite de 2 de outubro de 1795, pateou uma cantora no theatro de S. Carlos.

O corregedor Pedro Duarte da Silva mandou dous quadrilheiros agarrar o espectador desgostoso, e mettel-o no Limoeiro.

No dia seguinte participou o successo ao Manique.

Se alguma vez ? permittido a um homem da minha idade solu?ar de commo??o, ? agora. Dar a liberdade a um homem pobre, mediante 30 reis, em atten??o ? sua pobre e consternada familia, ? uma cousa bonita e lacrimavel!

Aqui lhe dou o traslado d'esta pagina de ouro do Manique, e lhe envio a original pela posta, a fim de voss? regalar os seus amigos vaidosos de serem de um paiz onde ha isto:

Entretanto, meu amigo, pois que a ra?a dos Maniques ainda referve nas retortas depurantes, aceite o meu conselho:

Antes de entrar na plat?a, v? ao camarote das authoridades, e pergunte-lhes:

--Com quaes dos quatros p?s manifestam v. exc.^as, esta noite, a sua opini?o lyrica?

E governe-se, consoante a resposta.

AS OSTRAS

No Porto, as commo??es que sacodem os nervos da grande cidade, s?o raras; mas, se rebentam, s?o a valer!

No principio d'este anno, estavamos todos quietos, com estas nossas caras cheias de ideal, gravidos de philosophias, hypocondriacos, ares inglezes, indigestos; mas, sobre tudo, bons visinhos e inimigos de novidades.

Eis que, inesperadamente, se annunciam em letras colossaes AS OSTRAS.

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