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Read Ebook: The Glebe 1913/12 (Vol. 1 No. 3): The Azure Adder by Demuth Charles Kreymborg Alfred Editor Man Ray Editor

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Ebook has 207 lines and 11511 words, and 5 pages

N'isto, uma nuvem, caprichoso fumo, O azul remoto levemente empana; Ligeira avan?a, e traz do norte o rumo... ? bom prenuncio... mas as naus engana!

XXX

Que extranha nuvem, ?, por?m, aquella?.. Corta a direito, consciente e viva!.. Trar? no bojo horrisona procella? Ou s?pro brando ? calmaria estiva?

Pasmam de vel-a os arduos navegantes! Parece palpitar! que vida tem!.. S?o hostes mil de pombos emigrantes, Que as terras v?o buscar d'onde elles v?m!

E os pombos, a quem tarda o quente ninho, Vendo os mastros da armada festival, Julgam ser os pinhaes de Portugal Que foram recebel-os ao caminho!

E n'elles pousam confiadamente... Pelas enxarcias, nos ovens, nas pontes, S?o cachos vivos, s?o tropeis, s?o montes... Que as naus adornam sob o peso ingente!

Descancem ledos, nos humbraes sagrados!.. Ninguem lhes toca, n'um respeito mudo. Destinos altos! v?o assim trocados! ? Deus que o manda, Deus assim fez tudo!

Mas quando, emfim, das naves se levanta Aquella nuvem, que escurece o dia, --Por que a levem ? patria sacrosanta,-- Cada um, sua prece lhe confia!

Que tra?o argenteo, as ondas illumina? Uma estrada de luz!.. Talvez a esteira Deixada pela espuma crystallina, Da nau do Dias, que as cortou primeira.

Sempre ao Sul, sempre ao Sul, a estrada avan?a! De cada lado d'ella, o eterno escuro! Extendeu-a no mar a m?o da Esperan?a, Na direc??o da Gloria e do Futuro!

Sempre ao Sul, sempre ao Sul, a estrada segue! Ao termo d'ella, encontra-se o Ideal! Em demanda do Sonho, que as persegue, Navegam quatro naves de crystal!..

Partiram todas d'um paiz de fadas, As quatro envoltas em celeste alvor; V?o em busca das Ilhas Encantadas, Onde dorme o divino Encantador!

O caminho ? de luz; por?m, infindo; Tem o termo, talvez, na immensidade! Quem vae as quatro naves dirigindo?.. Vae o genio immortal da humanidade!

XLI

Anjo ind?mito, prompto a combater. Curvado sempre ao seu destino mudo! Vae a F?, vae a For?a, vae o Querer, A Vontade, que emfim consegue tudo.

XLII

Inquebrantavel, vae da Historia a lei, Essa, que aos povos a miss?o tra?ou; O saber, o pensar de um grande rei, E a tradi??o, que um rei maior deixou.

De noite, recortando o vivo argento, De dia, sobre as vagas de turqueza, L? vae, de Portugal o pensamento, Ao leme de uma esquadra portugueza!

XLIV

Sempre ao Sul, sempre ao Sul! por?m um dia H?o de as proas dobrar-se ao Oriente; Ent?o perdida a esteira, que hoje os guia, Engano e trevas h?o de ter s?mente.

XLV

Sempre ao Sul, sempre ao Sul! eia! valor! Na cerra??o, que ao longe se condensa, Mal sabem, que os aguarda a voz immensa Do assombrado gigante Adamastor!

XLVI

V?o entrar nas paragens revoltosas, --Paragens que ainda hoje o homem teme,-- Onde luctam as ondas alterosas, E o vento, em turbilh?es, cont?nuo geme.

Onde, em furia, tres mares se combatem; Onde o encontro se faz de tres correntes; Portas de inferno, onde Cerb?ros latem, De tripla fauce e triplicados dentes.

Portas divinas, onde Archanjos luzem, Sente-o o Gama, no crente cora??o; Portas de luz, que ao exito conduzem; Portas do Sonho! portas da Vis?o!

Sempre ao Sul! sempre ao Sul! ao largo! em f?ra!.. Mas a armada parece que se perde Nas liquidas montanhas de um mar verde, Que as naus afunda, e soffrego as devora!

E mais e mais ao Sul se aventuravam, As gastas equipagens consumidas, Em tal desesperar, que a Deus bradavam, As almas lhes guardasse, e n?o as vidas.

Mas em que mares v?o agora entrando, Que o sol, t?o pouco tempo ali dardeja?.. ? castigo de Deus, que os vae chamando Aos confins onde eterna a noite seja?..

LII

Ali, a luz do sol se desvanece; ? tres vezes menor que a noite, o dia; Em este despontando, logo desce Na treva immensa, cada vez mais fria!

N?o ? esse, n?o ?, nem por signaes, Aquelle grande sol, de intensos brilhos, Que prateia as madeixas de seus paes, E aquece as cabecinhas de seus filhos.

LIV

N?o ? aquelle o sol, de vivos raios, Que pinta os verdes prados a matiz, Que faz abrir as rosas dos seus maios, E que doira os trigaes do seu paiz!

O de l?, illumina com do?ura, Beija a terra, e aquece-a com amor; Este, aqui, ? um sol de sepultura, Morti?a luz, sem brilho e sem calor.

LVI

N?o mais o sol ver?o da sua terra!.. Com que saudade o dizem! que saudade!.. Aperta-os ali dentro a immensidade! O espa?o, como um tumulo, os encerra!..

E sempre o Sul demanda a larga volta, Que nas azas do vento a armada leva, Para a morte, de certo, ? v?la solta, Para o silencio... a solid?o... a treva!..

Cinco vezes, o Cabo, a armada affronta, Cinco vezes, a armada o Cabo investe! A costa retrocede, o c?u remonta... ? for?a as proas apontar a leste!..

Foi Pero d'Alemquer, que o conseguiu, Largos dias de teima usando e manha; O piloto maior que o mundo viu, O que soube fazer maior fa?anha.

Mas se foi Alemquer, piloto astuto, O que a volta avisada ao Cabo deu, Foi o genio do Gama, resoluto, Quem dobrou as vontades e venceu.

Assim o reconhece a armada inteira, Que em salvas, o sa?da, de alegria!.. E Adamastor escuta, a vez primeira, A grande voz da lusa artilheria!

E quem desgra?as taes prophetisou ?quellas gentes, mais que tudo ousadas, Ouviu, em plenas ondas subjugadas, A resposta, que a armada lhe enviou!

Emquanto ao Sul desciam, mar em f?ra, Tinha visto, de bordo a rude gente, Das costas africanas vir a aurora, Ca?r nas salsas ondas o poente.

Pasmava a gente, agora, do que via, Suppondo a natureza ser mudada; Sobre a terra, ? sinistra, o sol descia! Erguia-se do mar a madrugada!..

V?o colhidos na g?vea, agora, os pannos; Baixos os mastros; mas as naus correndo! Segredos s?o, que ninguem sabe; enganos, Com que a m?e natureza os vae mantendo.

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