Read Ebook: A Narrative of Some Remarkable Incidents in the Life of Solomon Bayley Formerly a Slave in the State of Delaware North America by Bayley Solomon Hurnard Robert Author Of Introduction Etc
Font size:
Background color:
Text color:
Add to tbrJar First Page Next Page Prev Page
Ebook has 92 lines and 2248 words, and 2 pages
--Oh! n?o! n?o! supplicou este. O negro ? escravo, mas o negro tem cora??o!
E abra?ava a roupa do leito para abra?ar a moribunda, chorava como doido, solu?ando em desespero e supplicando com ardor:
--A m?e do cabinda ha-de deixar a sua filhinha e o seu parceiro, a chorarem saudades como o bemtevi do matto? N?o, n?o nos deixes, m?e senhora!
--Papae, atalhou Magdalena, affagando as faces de Jorge, humedecidas pelas lagrimas; o cabinda chora, n?o trates mal o cabinda, que ? nosso amigo.
--Oh! sim, sim! acudiu o preto. O cabinda quer muito ? sua filhinha, quer muito ? sua senhora e muito ao seu senhor! O negro tem alma e n?o tem familia a quem a dar. ?, como a palmeira do morro, que n?o tem coqueiro ao lado.
--O negro ? bom, meu Jorge, disse a doente a custo. E se te pe?o muito que fiques sendo a m?e da nossa Magdalena, n?o te esque?as tambem de que o cabinda a trouxe ao collo muitas vezes, quando era mais pequenina.
--N?o esque?o, minha Beatriz! solu?ou Jorge.
--E elle n?o ha-de ser mais nosso escravo, n?o, papae?
--N?o, minha filha.
--Mas o cabinda, atalhou o negro, n?o quer deixar a casa do seu senhor, n?o quer viver longe da sua filha.
--N?o, n?o nos has-de deixar, que n?s somos todos teus amigos, acudiu a crean?a, affagando o escravo, emquanto Jorge dizia comsigo, no intimo da consciencia:
--O negro tem a c?r do urub?, mas tem alma de pomba rola!
Horas depois, Beatriz, a esposa de Jorge, tinha entregado a alma ao Creador.
Jorge chorava, para um lado, profundamente ferido no cora??o, as d?res da sua viuvez. O negro e Magdalena solu?avam, abra?ados, a perda da bondade da que tanto era m?e d'uma como anjo do outro.
Jorge conheceu, ent?o, at? onde ia a dedica??o do seu escravo, a grandeza da alma do negro, e come?ou a olhal-o, a tratal-o e a querer-lhe, muito mais como a um membro da sua familia, do que como a um ente, geralmente visto com desdem, com indifferen?a e at? com desprezo.
O cabinda perdera a sua familia, de que t?o barbaramente o separaram, mas havia ganho muito pela sua dedica??o.
Bastavam as festas e os sorrisos de Magdalena, de quem elle dizia sempre:
--Agora n?o tem m?e, ? filha do cabinda!
O Botafogo ?, sem duvida, o mais formoso dos formosos arrabaldes do Rio de Janeiro.
Em 1859, Jorge de Macedo, negociante de caf? em grande escala, e, ao mesmo tempo, abastado capitalista, vivia no Botafogo, em um formoso palacete, circumdado de lindissimos jardins.
Magdalena, a filha do cabinda, n'esta epocha, em que principia a nossa narrativa, tinha desenove annos, e era a fada d'aquelle arrabalde do Rio de Janeiro.
O cabinda estava j? entrado em edade, mas vigoroso ainda, e sempre dedicado.
Occupava-se o negro da limpeza das parasitas, que tentavam envadir as aleas dos jardins, e em algum servi?o de Magdalena, sendo, de resto, tractado com toda a estima e amisade.
Magdalena exercia a profiss?o da caridade, n?o cuidando sen?o de dispensar a seu pae os carinhos e os affagos, que havia perdido na sua adorada Beatriz, e em dispensar, dos meios, que lhe abundavam, esmolas aos desgra?ados e pobres.
Jorge dedicava-se aos seus negocios e ? felicidade de sua filha, que elle adorava muito, fanaticamente at?.
A chacara de Jorge de Macedo era um ninho de delicioso conforto, d'uma belleza invejavel, aonde n?o entrava nunca a sombra d'um desgosto, nem uma nuvem de desharmonia, pequenina que fosse.
Alli, senhores e escravos, brancos e negros, todos viviam em perfeita alegria.
Dos ultimos, por?m, o mais querido, o mais estimado, o mais predilecto, sobre tudo de Magdalena, era inquestionavelmente o cabinda.
O negro tambem n?o abusava, e, diga-se a verdade, bem merecia elle de todos, mas de ninguem tanto, como da que elle chamava, e queria, e estimava como filha.
Era por uma tarde de maio, formosa e explendida. O sol doura, ainda, com os seus raios ardentes, os cumes do P?o d'Assucar, da Tijuca, do Corcovado, e a cupula de folhagem variada das arvores gigantes, que vestem os montes em volta do Rio de Janeiro.
Uma brisa, suave, mas tepida, empregnada de perfumes de fl?res e de fructos, perpassa, branda, para o norte, agitando as palmas dos coqueiros e as largas, compridas e pendidas folhas das bananeiras e das palmeiras.
O sabi? trina ainda os seus modilhos deliciosissimos entre a ramagem mimosa d'uma jabotic?beira carregada de fructos, e o beija-fl?r pequenino anda na sua peregrina??o, voluvel sempre, e sempre rapido, deixando beijos nas fl?res brancas do jasmineiro odorifero, ou nas fl?res symbolicas do maracuj?, que veste as paredes e os caramancheis dos jardins.
O c?o est? sereno e limpido.
Ao fundo da chacara de Jorge de Macedo ha um pequeno, mas formoso lago, coberto d'agua, que c?e, em monotono murmurio, da bocca d'um trit?o de marmore fino.
Por traz, encostado ao muro, e voltado ao lago, ha um vasto caramanchel formado de tran?as de cip?s e de maracuj?s, carregadas de fl?res e fructos.
Tem no meio uma meza de granito branco, e em volta assentos inglezes de madeira e ferro, talhados de modo que d?em ao corpo toda a possivel commodidade.
A atmosphera tem a c?r avermelhada dos raios do sol, que desce a esconder-se no mar, e faz brilhar, com c?res phantasticas, as azas, meio diaphanas, das borboletas iriadas, que volitam dos cafezeiros para as goiabeiras, e d'estas para os ramos dos p?s d'ara??s.
Magdalena, a formosa filha do cabinda, jantou e desceu aos jardins; andou s?, pensativa, ora alegre, ora rapida, ora vagarosa, de canteiro em canteiro, colhendo pequeninas fl?res, que ia juntando entre as paginas d'um livro, mimosamente encadernado.
Depois, lan?ou, atravez da gradaria de ferro, um olhar ao vapor da carreira, que passava em frente, atravessando o mar para o Rio, volveu-se passado um instante, e seguiu por uma alea, orlada de grandes jambeiros e p?s de grumixama, em direc??o ao lago, que jazia no fundo da chacara.
Magdalena era formosa, d'esta formosura, que desperta um culto sincero, uma adora??o em que n?o entra um atomo de sentimentos menos dignos, d'esta formosura, em que se espelha e revela a eleva??o do espirito, a bondade d'alma e a magnanimidade do cora??o.
Aquelles olhos negros, scintillantes, orlados d'uma tenue sombra, e aquelle rost
Add to tbrJar First Page Next Page Prev Page