Read Ebook: A Mãe by Gorky Maksim Lacerda Augusto De Translator Persky Serge Translator
Font size:
Background color:
Text color:
Add to tbrJar First Page Next Page Prev Page
Ebook has 4309 lines and 94489 words, and 87 pages
O rapaz respondeu affirmativamente com a cabe?a.
Passando a m?o pelo bigode, o official informou:
--Venho fazer uma busca em tua casa... A velha que se levante! Quem est? ali?
E, tendo olhado para o quarto, entrou n'elle a passos largos.
Ouviram-no perguntar:
--O seu nome?
Outros dois personagens appareceram ainda: o velho fundidor Tv?riakof e o seu inquilino, o fogueiro Rybine, um homem de cabelleira negra e de bom porte. Tinham sido trazidos pela policia como testemunhas:
Rybine disse com voz grossa e possante:
--Boa noite, P?lagu?!
Ella vestia-se, e, para se dar coragem, murmurava:
--Esta agora! Virem de noite!... quando uma pess?a est? na cama!...
O quarto parecia pequeno e por elle se espalhara um cheiro activo a graxa. Os dois guardas e o commissario de policia do bairro, Riskine, tiravam da estante os livros com ruido, e empilhavam-nos diante do official. Os outros davam pancadas nas paredes, olhavam para debaixo das cadeiras; um trepou com custo ao cano do fog?o. O russo-menor e Vessoftchikof, unidos um ao outro, conservavam-se a um canto; o rosto bexigoso do segundo estava coberto de manchas vermelhas, e os seus olhinhos pardos n?o podiam desfitar-se do official. Andr? retorcia o bigode, e quando P?lagu? entrou no quarto, fez-lhe com a cabe?a um movimento amigavel.
Para occultar o terror, mexia-se n?o de lado, como de costume, mas com o peito deitado para a frente, o que lhe dava um aspecto d'importancia affectada e risivel. Andava ruidosamente e as palpebras tremiam-lhe.
O official ia pegando rapidamente nos livros com as pontas dos dedos brancos e delgados, folheava-os, saccudia-os, e rapidamente atirava-os para o lado. Alguns volumes ca?ram no ch?o. Todos estavam callados; n?o se ouvia mais do que o respirar dos guardas esbofados, o tintilar das suas esporas; de quando em quando um d'elles perguntava:
--J? viste aqui?
P?lagu? collocou-se junto do filho, encostada ? parede; como elle, cruzou os bra?os no peito e quiz observar o official. As pernas vacillaram-lhe, um nevoeiro toldava-lhe a vista.
De subito, a voz de Vessoftchikof soltou-se concludente:
--Para que serve deitar os livros ao ch?o?
P?lagu? estremeceu. Tv?riakof abanou a cabe?a como lhe tivessem batido na nuca; Rybine resmungou e fitou attentamente o audacioso.
O official franziu os olhos e cravou-os no rosto bexigoso e immovel do rapaz... Depois os seus dedos folhearam o livro com mais rapidez.
De quando em quando, os olhos pardos de Vessoftchikof abriam-se tanto que dir-se-ia elle estar soffrendo atrozmente e prestes a gritar, furioso e impotente contra a d?r.
--Soldado! exclamou de subito. Apanha os livros!
Os guardas voltaram-se para elle, e olharam depois para o official. Este levantou a cabe?a, e olhando rapidamente de soslaio para o rapaz, ordenou por entre dentes:
--V? l?, apanhem os livros.
Um dos guardas abaixou-se, e observando furtivamente Vessoftchikof poz-se a apanhar os livros esfarrapados.
--Teria feito melhor estando calado... disse baixinho P?lagu? para o filho.
Elle encolheu os hombros. O russo-menor estendeu o pesco?o.
--Que cochichar ? esse? Fa?am favor de estar calados! Quem ? que l? aqui a Biblia?
--Eu! respondeu Pavel.
--Ah!... E de quem s?o estes livros?
--Meus.
--Est? bem!... commentou o official apoiando-se ?s costas da cadeira.
Fez estalar os n?s dos seus dedos finos e brancos, estendeu as pernas debaixo da meza, cofiou o bigode, e perguntou a Vessoftchikof:
--?s tu que te chamas Andr? Nakhodka?
--Sou eu! respondeu o bexigoso avan?ando.
O russo-menor deitou-lhe a m?o a um hombro e obrigou-o a recuar.
--Enganou-se! o Andr? sou eu.
O official levantou a m?o, e amea?ando Vessoftchikof com o dedo indicador erguido:
--Toma cuidado!...
Come?ou a remexer nos seus papeis.
A noite luminosa e clara olhava indifferentemente pela janella. Alguem ia e vinha em frente da casa e a neve estalava sob os seus passos.
--J? foste perseguido por delictos politicos, Nakhodka? perguntou o official.
--J?: em Rostof e em Saratof... Com a differen?a de que ali as auctoridades n?o me tratavam por <
O official franziu o olho direito, esfregou-o e disse depois, mostrando os dentitos:
--N'esse caso, Nakhodka, conhece talvez... Sim... deve conhecer os scelerados que espalham pela fabrica folhetos e proclama??es prohibidas?...
O russo-menor teve um estremecimento, ia dizer o que quer que fosse com um sorriso aberto, quando se ouviu de novo a excitante voz de Vessoftchikof:
--? a primeira vez que vemos scelerados!
Houve um instante de silencio.
O rosto de P?lagu? tornou-se p?lido at? na cicatriz, emquanto o sobrolho direito lhe era repuxado para cima. A barba negra de Rybine entrou de tremer de uma maneira estupenda; baixou a cabe?a e passou a m?o vagarosamente pelo bigode.
--Ponham f?ra d'aqui essa besta! ordenou o official.
Dois guardas agarraram o rapaz por debaixo dos bra?os e arrastaram-no para a cosinha. Quando l? chegou, conseguiu parar, e apegando-se ao ch?o com toda a for?a de que os seus p?s eram susceptiveis, gritou:
Add to tbrJar First Page Next Page Prev Page