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Words: 4585 in 2 pages
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A PAVOROSA ILLUS?O.
M. M. B. DU BOCAGE.
LONDRES.
A PAVOROSA ILLUS?O.
M. M. B. DU BOCAGE.
LONDRES.
As Na??es, humas j? quebr?ram as algemas do despotismo, outras n?o tardaram a erguer o grito da Liberdade; porque, aquellas desesper?ram de se salvar, estas estam a beber as ultimas gotas do fel da tyrannia. Por toda a parte se alevantam os Povos contra a execravel imbecillidade dos reis e a maldita hypocrisia dos sacerdotes. T?o iniqua ha sido a crueldade dos principes e dos frades contra a especie humana, que esta se decidio em fim a sacudir, de viva for?a, o jugo de ferro que por tantos seculos lhes havia pesado. He j? tempo que n?s Portuguezes conhe?amos a futilidade das illus?es com que os nossos av?s nos embal?ram. Risquemos para sempre da memoria esses ridiculos preconceitos de que nos fartou a supersti??o, com o perfido intuito de mais a seu salvo nos envilecer. Eia. ...Leamos com atten??o a excellente Epistola do nosso grande poeta Bocage, que tanto abunda em salutares preceitos de moral sublime.
A PAVOROSA ILLUS?O.
EPISTOLA.
Pavorosa illus?o da eternidade, Terror dos vivos, carcere dos mortos, D'almas v?s sonho v?o, chamado inferno; Systema da politica oppressora, Freio, que a m?o dos d?spotas, dos bonzos Forjou para a bo?al credulidade; Dogma funesto, que o remorso arraigas Nos ternos cora??es, e a paz lhe arrancas; Dogma funesto, detestavel cren?a Que envenenas delicias innocentes, Taes como aquellas que no c?o se fingem. Furias, cerastes, dragos, centimanos, Perpetua escurid?o, perpetua chamma; Incompativeis produc??es do engano, Do sempiterno horror terrivel quadro N?o, n?o me assombram tuas negras c?res: Dos homens o pincel e a m?o conhe?o. Trema de ouvir sacrilego amea?o Quem de um Deos, quando quer, faz um tyranno. Trema a supersti??o; lagrimas, preces, Votos, suspiros, arquejando espalhe; Cosa as faces co'a terra, os peitos fira: Vergonhosa piedade, inutil venia. Espere ?s plantas do impostor sagrado, Q'ora os infernos abre, ora os ferrolha; Que as leis e propens?es da natureza Eternas, immutaveis, necessarias, Chama espantosos, voluntarios crimes; Que as ?vidas paix?es, que em si fomenta, Aborrece nos mais, nos mais fulmina; Que molesto jejum, roaz cilicio Com despotica voz ? carne arb?tra; E nos ares tra?ando a futil ben??o, Vai do gran'tribunal desenfadar-se Em sordido prazer, venaes delicias, Escandalo de amor, que d?, n?o vende. ? Deus! n?o oppressor, n?o vingativo, N?o vibrando c'o a dextra o raio ardente Contra o suave instincto que nos d?ste; N?o carrancudo, rispido arrojando Sobre os mortaes a rispida senten?a; A puni??o cruel, que excede o crime, At? na opini?o do cego escravo, Que te ama, que te incensa, e cr? que ?s duro: Monstros de vis paix?es, damnados peitos, Pungidos pelo sofrego interesse, Alto, impassivel numen, te attribuem A colera, a vingan?a, os vicios todos; Negros enxames, que lhe fervem n'alma. Quer sanhudo ministro dos altares Dourar o horror de barbaras cruezas; Cobrir de v?o compacto e venerando, Atroz satisfa??o d'antiguos odios, Que a mira poem no estrago da innocencia: Ou quer manter asperrimo dominio, Que os vaivens da raz?o franqueia e nutre. Eil-o em sancto furor todo abrasado, Hirto o cabello, os olhos c?r de fogo, A maldi??o na b?cca, o fel na espuma; Eil-o cheio de um Deus tam mau como elle; Eil-o citando os horridos exemplos, Em que aterrada observa a phantasia Um Deus o algoz, a victima o seu povo. No sobr'olho o pavor, nas m?os a morte, Involto em nuvens, em trov?es, em raios, D'Israel o tyranno omnipotente L? brama do Sinai, l? treme a terra. O torvo executor dos seus decretos, Hypocrita feroz, Moys?s astuto Ouve o terrivel Deus, que assim troveja: "Vai, ministro fiel dos meus furores, Corre, v?a a vingar-me, e seja a raiva D'esfaimados le?es menor que a tua. Meu poder, minhas for?as te confio; Minha tocha invisivel te precede; Dos impios, dos ingratos, que me offendem Na rebelde cerviz o ferro ensopa. Extermina, destroe, reduz a cinzas Dam a frageis metaes, a deuses surdos. Sepulta as minhas victimas no inferno; E treme se a vingan?a me retardas." N?o lh'a retarda o rabido propheta. J? corre, j? vozeia, j? diffunde Pelos brutos attonitos sequazes A peste do implacavel fanatismo. Armam-se, investem, rugem, ferem, matam. Que sanha, que furor, que atrocidade! Foge dos cora??es a natureza. Os consortes, os paes, as m?es, os filhos, Em honra do seu Deus consagram, tingem Abominosas m?os no parricidio. Os campos de cadaveres se alastram; Susurra pela terra o sangue em rios. Ah! barbaro impostor, monstro sedento De crimes, de ais, de lagrimas, d'estragos, Ser?na o phrenesi, reprime as garras, E a torrente de horrores que derramas Para fundar o imperio dos tyrannos, Para deixar-lhe o feio e duro exemplo D'opprimir seus iguaes com ferreo jugo. N?o profanes, sacrilego, n?o manches Da eterna divindade o nome augusto. Esse, de quem te ostentas tam valido, He Deus, do teu furor, Deus do teu genio; Deus creado por ti, Deus necessario Aos tyrannos da terra, aos que te imitam, E ?quelles que n?o cr?em que Deus existe. N'este quadro fatal bem v?s, Marilia, Que, em tenebrosos seculos involta, Desde aquelles crueis, nefandos tempos, Dolosa tradi??o correu aos nossos. Do cora??o, da ideia, ah! desarraiga De astutos mestres a fallaz doutrina, E de credulos paes preoccupados As chimeras, vis?es, phantasmas, sonhos. Ha Deus; mas Deus de paz, Deus de piedade, Deus de amor, pae dos homens, n?o flagello; Deus, que ?s nossas paix?es deu ser, deu fogo; Que s? n?o leva a bem o abuso d'ellas; Porque ? nossa existencia n?o se ajusta, Porque inda encurta mais a curta vida. Amor he lei do Eterno, he lei suave: As mais sam inven??es; sam quasi todas Contrarias ? raz?o e ? natureza, Proprias ao bem de alguns, e ao mal de muitos. Natureza e raz?o j?mais differem: Natureza e raz?o movem, conduzem A dar soccorro ao pallido indigente, A p?r limite ?s lagrimas do afflicto, E a remir a innocencia consternada, Quando nos debeis, magoados pulsos Lhe roxe?a o verg?o de v?s algemas. Natureza e raz?o j?mais approvam O abuso das paix?es, aquella insania Que, pondo os homens a nivel dos brutos, Os infama, os deslustra, os desacorda. Quando a nossos iguaes, quando huns aos outros Tra?amos fero damno, injustos males, Em nossos cora??es, em nossas mentes ?s, ? remorso! o precursor do crime; O castigo nos d?s antes da culpa, Que s? na execu??o do crime existe; Pois n?o p?de evitar-se o pensamento. He innocente a m?o que se arrepende. N?o v?em s? d'um principio ac??es oppostas, Taes dimanam de um Deus, e taes do exemplo, Ou do cego furor, molestia d'alma. Cr? pois, meu doce bem, meu doce encanto Que te anceiam phantasticos terrores, Pr?gados pelo ardil, pelo interesse S? de infestos mortaes na voz, n'astucia. A bem da tyrannia est? o inferno: Esse que pintam b?rathro de angustias Ser?a o galard?o, ser?a o fructo Das suas vexa??es, dos seus embustes, E n?o pena de amor, se inferno houvesse. Escuta o cora??o, Marilia bella, Escuta o cora??o, que te n?o mente; Mil vezes te dir?; "Se a rigorosa, Carrancuda oppress?o de um pae severo Te n?o deixa chegar ao caro amante Pelo perpetuo n? que chamam sacro, Que o bonzo enganador teceu na ideia, Para tambem de amor dar leis ao mundo; Se obter n?o p?des a uni?o solemne, Que allucina os mortaes; porque te esquivas Da natural pris?o, do terno la?o Que em lagrimas, em ais te estou pedindo? Reclama o teu poder e os teus direitos De justi?a despotica extorquidos. N?o chega aos cora??es o jus paterno, Se a chamma da ternura os afogueia. Eia pois, do temor sacode o jugo, Acanhada donzella, e no teu pejo, Destra illudindo as vigilantes guardas, Pelas sombras da noite, a amor propicias, Demanda os bra?os do ancioso Elmano; Ao risonho prazer franqueia os lares. Consista o la?o na uni?o das almas; Do ditoso hymeneu as venerandas, Caladas trevas testemunhas sejam; Seja ministro amor, a terra o templo, Pois que o templo do Eterno he toda a terra. Entrega-te depois aos teus transportes, Os oppressos desejos desaffoga, Mata o pejo importuno; incita, incita O que s? de prazer merece o nome. Ver?s como, involvendo-se as vontades, Gostos iguaes se dam e se recebem. Do jubilo ha-de a for?a amortecer-te; Do jubilo ha-de a for?a aviventar-te: Sentir?s suspirar, morrer o amante; Com os teus confundir os seus suspiros: Has-de morrer e reviver com elle. De tam alta ventura, ah! n?o te prives, Ah! n?o prives, insana, a quem te adora." Eis o que has-de escutar-lhe, ? doce amada! Se ? voz do cora??o n?o fores surda. De tuas perfei??es enfeiti?ado, ?s preces que te envia eu uno as minhas. Ah! faze-me ditoso, e s? ditosa. Amar he um dever al?m de um gosto; Uma necessidade, n?o um crime Qual a impostura horrisona pregoa. Ceos n?o existem, n?o existe inferno. O premio da virtude he a virtude; He castigo do vicio o proprio vicio.
M. M. B. DU BOCAGE
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