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Words: 90699 in 13 pages
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: A Primavera by Castilho Antonio Feliciano De - Portuguese literature 19th century; Portuguese poetry 19th century
OBRAS
Antonio Feliciano de Castilho
A PRIMAVERA
POR
ANTE-PROLOGO.
Apraz-me por tanto boiar ainda por algumas horas ao de cima d'estas fantasias, e antes de se me apagarem, se j? he que isso tem de ser, alegrar com o seu reflexo estas paginas, que mal poder?? ser muitas: sempre he cedo para lan?ar pelas janellas f?ra os brinquedos de nossa puericia; e mal haja quem o faz sem que todo o cora??o se lhe aperte dentro no peito.
A Poesia campesina, ou segundo vulgarmente lhe d?o nome, pastoril, com ser de todas a mais antiga, nunca em nenhuma parte se perdeo, dado em muitas decaisse n?o raro do seu credito e lustre; e segundo todas as mostras, deitar? ainda at? ao fim das idades literarias. Sempre mo?a como a terra sua m?i, mansa como os arroios seus irm?os, formosa como as flores que lhe guarnecem o chapeo de palha, livre e leve como os zefiros pela assomada dos montes, alegre, namorada e innocente como as aves na madrugada do anno, he de ver qual se vai sozinha e vivissima por entre tantas couzas mais fortes que morrem; com o seu cajado de pastora, segura entre tantos inimigos; girando todo o orbe, e por todo elle bem vinda; vingando e vencendo todos os seculos; dando a alguns d'elles de mais amoravel indole a sua propria f?rma; e relevando-lhe, ainda os mais ferozes e guerreiros, que lhes ella misture com a sua frauta do ser?o os himnos da guerra, lhes entrete?a maliciosa violetas com os louros, e os campos que elles a ferro e fogo devastar?o os repovoe ella de imaginadas verdura, flores e felicidade.
Hum curioso reparo poder?? ter feito os que os fazem no ler poetas, e he, que apenas haver? algum dos chamados Epicos, para quem o campo e sua vivenda n?o fosse deleitoso assumpto. Compraz-se Homero de travar com as fa?anhas dos heroes toques e pinturas do viver natural e primitivo; Virgilio, que ja primeiro que se abalan?asse ?s armas e guerras tinha cantado os pastores, e doutrinado os lavradores, particularmente se recreia quando no meio das batalhas pode a uns e outros mandar algumas saudades; nos dois Orlandos e em todos os livros de cavallaria, vai igual mistura; o mesmo na Jerusalem, cujo autor havia escrito o Amintas: e d'entre os nossos, para por todos citar um, mas um que por todos valha, Camo?s, n?o s? afamou os Portuguezes sujeitadores de elementos e homens, mas todo se deleita em conversar os pegureiros e campos da nossa graciosa Lusitania, terra cujos filhos, se me n?o engano, s?o por indole dotados destes dois extremos, de brandura e de valor, de amor ao obscuro rusticar e ao glorioso correr de aventuras e perigos: por onde entendo que para muito mais do que s?o os fizera Deos, assim como fizera para muito mais do que he o grandioso torr?ozinho que habit?o.
Disse engenho subtil, e bons juizos cr?r?o, que o desejo, ancia e esperan?a de bem que todos temos innatamente, era claro argumento de uma vida futura, ja que nesta se nos n?o deparava contentamento: assim tambem dissera eu, que este natural e universal gosto ? poesia amena he um indicio de que, se jamais o homem foi homem e ditoso, la nos campos o foi; que as plantas d'onde nos brot?o sustento e recrea??o, exhal?o secretamente amor para os seus vizinhos, e que pelos saudosos valles das idades patriarchaes, em quanto os bosques n?o ca?r?o para em sua vez se levantarem as muralhas, as ben??os do ceo orvalhav?o muito mais amiude. Alguma couza far?o para aqui palavras do meu Florian, que porque d'elle s?o as verterei de muito boa mente--"Oh se n?s podessemos ler em seu original texto os bons autores d'essa Allemanha, enlevar-nos-hia a tanta singeleza, a tanta do?ura por onde de todas as outras se estrem?o suas obras! Em conhecer a natureza, e especialmente a natureza campezina, lev?o-nos elles uma infinita vantagem: am?o-na mais deveras, retrat?o-na com tintas mais fieis. Todos nossos poemas pastoris nada tem que ver com as meras traduc??es de Gessner. Ninguem jamais fecha a Morte de Abel, os Idyllios ou Daphnis, sem ja se sentir mais soffrido, mais terno, mais mavioso, e porque tudo diga, mais virtuoso que antes da li??o. N?o respira sen?o moral pura e facil, e virtude d'aquella que logo vem trazendo bemaventuran?as. Fosse eu parocho de aldea, que sempre ? esta??o da missa havia de ler e reler Gessner aos meus fregueses: e por certissimo tenho que todos meus alde?es se fari?o probos, todas minhas parochianas castas, e ninguem me havia de ao serm?o adormecer."--
Quando de espa?o me dou a escavar estas verdades, nada me assombra a nossa crassa e desdenhosa ignorancia, m?i ou filha, e certamente socia da nossa immoralidade. Esta mal agoirada ignorancia e esta immoralidade crescer??; ja nossos filhos apenas saber?? ler, e se o turbilh?o que a roda leva n?o houver quem o suspenda, brutos e ferozes sair?? os netos. Applicai todos os vossos sentidos ao cora??o da nossa Cidade: se a vida he movimento, ahi trabalha vida; se porem a vida ha-de ter um perfume, uma harmonia, ahi n?o ha sen?o morte, e aquelle movimento he de cadaver que fermenta para se dissolver. Poesia, verdadeira poesia ja n'este Reino, onde em todos os tempos pullullava espontanea, posto que raro amadurecesse, ja por consequencia acabou: quanto desde hoje se poetar nas enamoradas do?uras da vida alde?, mais n?o ser? que recorda??es sem germen de futuro. D'entre a memoria e o espirito, n?o da experimental convic??o do poeta, nascer?? esses versos, como lagrimas de balsamo, que n?o de dentro da arvore, mas d'entre a casca e o libro vem raras gotejando, para cairem e se perderem no terreno bravio da solid?o. Oh Liberdade, Liberdade! qu?o mal te comprehendem os que te separ?o do bello! qu?o mal te servem os que te malquist?o com os homens de bem! como involuntariamente te lev?o ? morte os que s? te pedem como summa felicidade, o direito de nada respeitar, estradas de ferro, navios de vapor, um himno, e punhaes ou carceres contra quem quer que n?o beber ?s suas mesas! Pobre Liberdade, n?o he este ainda o teu dia: n?o ?s tu idolo de selvagens, mas Divindade benefica de homens prudentes.
Eis-me outra vez com a Politica, e o meu voto quebrado. Ja vejo que a minha cura n?o est? t?o adeantada como o eu suppunha: n?o ha remedio, amanh? releremos Silvio P?llico, e por hoje voltemo-nos com toda a diligencia a rematar, como quer que seja, este escrito.
S?e pois o presente livro por todos os modos extemporaneo, ja porque a esta??o nem he d'elles nem para elles, ja porque lhe fallec?r?o dias para amadurecer e sasoar, e ja porque dos que lhe tomarem o sabor, uns o taxar?? de tempor?o, outros de serodio, sendo que uma e outra couza he elle, e demais a mais p?co, segundo a planta de que se creou. Uma s? lembran?a me consola, e he, que assim mesmo ja deveo ser peor, quando da primeira vez appareceo, e mais lhe n?o falt?r?o gostadores; tanto he assim que nunca faltar?? simpathias ao que de sua origem he bom, ainda quando desbotado e estragado pela impericia de quem o tratou. Melhor he hoje do que ent?o era; n?o porque o eu tornasse ? forja e ? bigorna, ou o recorresse e lustrasse com esmerada lima, sen?o porque havendo hoje menos dados ? li??o dos livros, e em especial d'este genero, tambem ja n?o ha criticos, sen?o he para as ac??es da vida publica e domestica; por onde as obras escritas podem passar a seu salvo, sem que suas pobrezas e vergonhas sej?o vistas e apupadas na pra?a. Desconsolada consola??o he esta de se poder desafinar cantando, por se cantar entre surdos: mas esse mal, se o he, s? a mim me toca, e para o descontar me sobra a lembran?a, de que alguns caladamente me agradecer?? o diverti-los do publico espetaculo. Para estes em boa hora s?ia e sai o livrinho fallador de campos e amores: suave appare?a como a violeta sozinha encontrada no passeio de inverno: suave e n?o estranhado como o raio de sol por cima de campo de batalha apoz uma noite de geada; nada aproveita elle aos cadaveres, mas alegra e consola como esperan?a aos que mal feridos jazi?o, e a quem o regelado lentor das trevas coalhava o sangue, desesperava as dores, tranzia os ossos, e os descoro?oava da providencia.
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